sexta-feira, 27 de junho de 2008

O Direito de Lutar

O Parcial resgatou um velho gênero jornalístico: a novela.
O bom e velho romance folhetim, que entrou em crise logo no início
da expansão radiofônica agora está de volta nas páginas deste jornal.
Felipe Baierle
Capítulo I
Acordou ao lado de uma mulher que odiava. Seria um sonho? Como poderia estar ali ao lado daquela pessoa? Sempre a odiou. A mulher tinha cabelos castanhos claros que também poderiam ser chamados de semi-loiros. Estava totalmente nua.
~
O corpo pelancudo, cheio de decrepitudes talhadas pelo tempo, resistia sem mácula apenas em uma parte: o cabelo. Parecia de ferro. O laquê imperava solene, ainda que espantado pelo furor da noite anterior.Os corpos jogados sobre a cama redonda estavam em formato de cruzes quando Eduardo abriu os olhos.
Ele virou para o lado e não pode evitar o espanto ao notar que aquela odiosa celebridade era muito mais feia pessoalmente do que na TV. O braço dela servia docemente de travesseiro para outro cara. Além de feia era extremamente safada. Os indícios eram de que ela havia passado a noite ocupadíssima com os dois homens. Eduardo pensou sobre os boatos da personalidade da ilustre dama.
Dizia-se que criava animosidades entre todos. Isso não parecia verdade aos olhos de quem visse tão perfeita harmonia naquele leito de motel. Muitas horas da memória de Eduardo haviam sido apagadas.
A única coisa que sabia era que deveria dar o fora dali, e logo. A velha e o homem quarentão pareciam prestes a acordar. Como não conseguia encontrar suas roupas, decidiu vestir as do careca que ainda dormia. Pegou uma camisa social branca perfeitamente dobrada ao lado da cama.
O frio obrigou Eduardo a furtar também o paletó do homem. Na pressa não notou que aplicado milimetricamente sob o bolso deste, estava preso um crachá.


"Palácio Piratini

Vice Governador

Paulo Antônio Feijão"


A pressa é inimiga da perfeição, mas dessa vez Eduardo não ligou nem um pouco em ser imperfeito. Saiu do quarto deixando seus dois companheiros de farra para trás. Seu corpo doía profundamente. Cada paço mais rápido era acompanhado por fisgadas musculares. Saiu pela porta sem fazer ruído. Ele estava perdido dentro daquele motel luxuoso.
No entanto, ironicamente seus instintos sabiam por aonde ir. “Talvez meu subconsciente ainda lembre o caminho que fiz ontem à noite”, refletiu. Chegou então em uma garagem anexa ao quarto de motel no qual passou a noite.
Lá encontrou seu carro. Era um fusca vermelho-sangue que destoava de todo aquele ambiente burguês. Mesmo a garagem do motel seguramente valia mais do que a casa de “Saga”, como os amigos chamavam Eduardo Sagaz. Outros dois carros se encontravam ali. Em ambos figuravam bandeirinhas do Estado do Rio Grande do Sul.
Cada vez o rapaz se assustava mais. O hálito do poder rodeava o local. Seu fusca cantou pneus ao sair da garagem. Um portão austero bloqueava a saída para a rua. “O que fazer?”. Olhou para os lados e não viu ninguém. Pedir ajuda estava fora de questão. Chamaria muita atenção. “Preciso sair daqui, mas COMO!”.
O portão parecia intransponível e assim mesmo, diante do desespero da situação, só havia uma coisa a fazer. A marcha do fusca foi bruscamente realocada para a posição R. O fusca deu ré por cerca de vinte metros. Suas intenções eram óbvias. Tentaria derrubar o portão. Em um bairro central da cidade, várias pessoas aguardavam a chegada do rapaz chamado Eduardo Sagaz. Estavam apreensivas.
Preocupadas. Esperaram notícias durante toda noite. Na sala apertada de um apartamento ao estilo Juscelino Kubitschek o Jornal do Almoço dava as últimas notícias. Por alguns instantes todos pareceram esquecer-se do companheiro ausente.
O tele-jornal parecia a casa da sogra. Duas âncoras apresentavam muito sérias as últimas notícias sobre uma manifestação popular. “Hoje pela manhã, centenas de manifestantes rurais marcharam até um supermercado da rede Wal-Mart e depredaram o local.
A Brigada Militar rapidamente chegou ao local e prendeu diversas pessoas.”Logo depois, com a maior naturalidade do mundo as âncoras do mencionado tele-jornal passaram a discutir com um entrevistado, jogador de futebol. “Como podem trocar de um assunto tão diferente para outro? Deve ser piada” indignou-se uma menina do grupo.
O que surpreendeu Alice foi ver aquelas senhoras, de um programa, que se julga sério, fazendo pose ao vivo para tirar fotos. Parecia um bando de adolescentes na porta do colégio. Uma das âncoras até fez um V com os dedos.
A foto foi pedida por um jogador do Internacional, mesmo time das apresentadoras. Lembrava uma paródia de outro programa da TV aberta, o “Estúdio Pampa”. Todos estavam cansados ao extremo. As horas em claro castigaram a resistência do grupo.
Os quatro estudantes de Ciências Sociais consumiram litros de café preto durante a espera. Ao menos os dois rapazes. As moças preferiram tomar um suco natural feito com laranjas não transgênicas. Todos esperavam Eduardo chegar.
Ele estava demorando muito mais do que o combinado. A pergunta, ainda sufocada nas gargantas era uma só: Saga teria falhado na parte mais crucial do plano? Três baques surdos na porta soaram no ambiente amarofado do apartamento, retirando o grupo de pensamentos insólitos.
“Deve ser ele!”, gritou Amandinha sobressaltada. “Espera, e se não for? Não devemos esquecer as regras”, sentenciou Aurélio. “Qual é a senha?” perguntou o vozeirão do estudante do quarto semestre de Ciências Sociais.- É a polícia, abra a porta!

CONTINUA...

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Há tempos que a nossa caminhada começou. Agora, comemoramos um ano de existência exemplar. O percurso demonstrou as dificuldades em se fazer um jornal mensal. O Parcial pôde ultrapassar todas elas, até aqui. Um ano de luta pelos trabalhadores. Um ano na luta junto com os estudantes. Um ano de suor e utopia realizada a cada nova edição.Muitos estiveram do lado de cá, escrevendo no mais puro “amor a camisa” as notícias que a grande mídia não publica. No começo, devemos muito à Gabi Uhura e Ana Rovati, publicitárias da mais pura criatividade. O grupo que se formou a seguir contava com talentosíssimos jornalistas: Laion Espíndola, Fernanda Nascimento, Isabella Sander e Juliana Baldi, que estiveram conosco até pouco tempo. Não poderíamos deixar de citar, é claro, o primeiro entusiasta desse projeto. O professor Osvaldo Biz. Ele tem sido o principal financiador nas horas de crise. Um colaborador sempre presente, uma força moral mais que necessária. Na primeira edição do Parcial, alisamos o fundo do próprio bolso para que pudessem sair as 100 cópias do trabalho recém iniciado. Era muito pouco sim, mas era o que estava ao alcance. Com o tempo, forças somaram-se as nossas. Um sindicato se solidarizou com a causa da democratização da mídia. O SINDISPREV também merece a gratidão deste jornal. Em todas as edições, inúmeros obstáculos testaram a força de vontade do Parcial. Tudo estava contra essa idéia de uma mídia mais democrática. Houve reportagens, como a das eleições para o DCE da UFRGS, nas quais os próprios objetos pessoais foram arriscados para manter o sonho vivo. Uma câmera foi roubada no trajeto do campus central, onde seria realizada a contagem de votos da eleição. Assim mesmo, seguimos a marcha, firmemente, sem pensar em desistir.Todas as contribuições citadas foram determinantes para a existência desta publicação. Com elas pudemos dar o passo adiante. Um ano...! Enquanto avançamos novos desafios são lançados, diariamente. A questão financeira, por exemplo, é uma constante preocupação. O Parcial clama por uma tiragem maior, para continuar dando conseqüência ao trabalho. Crescer, em todos os sentidos é imprescindível.No dia 10 de maio comemorou-se todo esse suor, as lágrimas, a incrível teimosia de quem deseja mudar o mundo. Nosso projeto ainda é pequeno. Mas continuará crescendo, de derrota em derrota, até a vitória final.

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Diga-me com quem andas e te direi quem és
Felipe Baierle

“Todos os governadores só chegaram aqui com fonte de financiamento – hoje é o Detran, no passado foi o Daer. Quantos anos o Daer sustentou?”, isso é justamente o que a população gaúcha gostaria de saber Sr. Busatto. A crise do governo Yeda mais parece uma novela rocambolesca do que propriamente um caso contundente de corrupção. A cada semana uma nova gravação, um novo capítulo. Um novo pronunciamento da Governadora. E lá vão os movimentos sociais tentar garantir a integridade do Rio Grande. Várias manifestações foram realizadas com o intuito confesso de derrubar o governo. Muitos querem a cabeça de Yeda. Durante a última sexta-feira, 13 de junho, em ato realizado em frente ao palácio Piratini centenas pediram a renúncia da tucana. O CPERS foi o responsável pela organização do ato, mas diversos campos compareceram em solidariedade. A atual vice-presidente desse sindicato, Rejane de Oliveira, acredita que “este governo não tem legitimidade para governar o Estado. Este governo se elegeu a partir de verbas públicas, ilícitas, que foram distribuídas pelos partidos. (...) Este governo não tem nem compromisso, nem capacidade, nem competência e nem legitimidade para governar esse Estado”. Vale ressaltar que uma bandeira estranha ao movimento também tremulava em cima do carro de som utilizado no ato. Os manifestantes puderam observar o comparecimento da UNE (União Nacional dos Estudantes) naquela tarde. Geralmente alheia aos anseios do movimento estudantil a União teve um discurso essencialmente ouvido. Explico. Não houve gritos de aprovação como em todas as outras falas e sim, o que imperou, foi a curiosidade geral sobre o que diria o representante da entidade. Mateus Fiorentini, vice-presidente da UNE no Rio Grande do Sul deu seu depoimento para O Parcial. “Nós já temos atos marcados em todas as unidades da UERGS (Universidade Estadual do Rio Grande do Sul), até o dia 20 de junho. (...) dia 30 vamos ter um ato estadual da UERGS aqui em Porto Alegre.” Como se não bastasse, ainda tem mais! Em denúncia feita pela agência de notícias Carta Maior, aparecem conexões do escândalo com a nossa grande mídia local. Em trecho do documento do ministério público lê-se (o grifo é nosso): “O grupo investia não apenas na imagem de seus integrantes, mas também na própria formação de uma opinião pública favorável aos seus interesses, ou seja, aos projetos que objetivavam desenvolver. A busca de proximidade com jornais estaduais, os aportes financeiros destinados a controlar jornais de interesse regional, freqüentes contratações de agências de publicidade e mesmo a formação de empresas destinadas à publicidade são comportamentos periféricos adotados pela quadrilha para anuviar a opinião pública, dificultar o controle social e lhes conferir aparente imagem de lisura e idoneidade”. O documento não revela os nomes dos jornais, mas aqui existem apenas dois grandes jornais de circulação regional: Zero Hora e Correio do Povo.Se por um lado a população se choca com a corrupção, por outro tudo vira piada. Assim está sendo na internet. Inúmeros vídeos foram postados dando eco às denúncias populares. Talvez o mais popular dos escrachos seja o vídeo da novacorja.org: A queda da Desgovernadora. Trata-se de trechos do filme A queda (filme que trata a derrocada de Hitler em seus últimos dias de vida) legendado com diálogos engraçadíssimos atribuídos a Governadora. Vale a pena conferir.Não se sabe em que vai dar todo esse fuzuê. Tem lama para todo lado e o governo foi seriamente atingido. A podridão tomou para si a iniciativa de retirar seu viço, cabe aos movimentos sociais podá-lo definitivamente.

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Panorama da América Latina
Mauricio Bosquerolli
Guatemala
Indígenas do povo Maia são despejados na fronteira da Guatemala com o México. Sob o pretexto de preservar áreas protegidas, 600 efetivos militares e do Conselho Nacional de Áreas Protegidas desalojaram 125 famílias usando 250 bombas de gás lacrimogêneo e queimando casas e utensílios de trabalho da comunidade. A Coordenação Nacional Indígena e Camponesa denuncia que "Para as comunidades Maias, as 'áreas protegidas' são formas 'legais' de desalojamento e usurpação das comunidades, para que as empresas transnacionais saqueiem nossos bens naturais, com o aval das autoridades". No conflito, 2 mulheres ficaram feridas ao serem atingidas pelas bombas.


Colômbia
Estados Unidos podem construir base militar na Colômbia. Segundo denunciou o ex-vice-presidente venezuelano, José Vicente Rangel, a construção de pistas de aterrizagem na fronteira com a Venezuela já começou. No ano que vem a base estadunidense de Manta no Equador será desativada, já que o governo de Rafael Correa não renovou a permissão de permanência no país. Para Rangel, além de substituir Manta, a nova construção na Colômbia em como objetivo a interferência na soberania dos países latino-americanos. Os EUA também possuem bases em Cuba, El Salvador, Honduras e um aeroporto no Paraguai.


Bolívia
Milhares de pessoas cercaram a embaixada dos Estados Unidos em La Paz no dia 9de junho para exigir a extradição do ex-presidente boliviano Gonzalo Sánchez de Lozada. O governo estadunidense concedeu asilo político a Lozada. Em 2003, o ex-mandatário ordenou a repressão a uma rebelião popular que resultou em 65 mortos e mais de 400 feridos.


Chile
Michelle Bachelet firma acordo com partidos da base do governo chileno para aprovação da Lei Geral de Educação. Desde o início de junho, estudantes e professores de todo o país vêm protestando contra o projeto. O governo diz que a medida melhorará a qualidade e a inclusão do sistema educativo. Já os movimentos sociais, reclamam que a nova lei beneficia a empresa privada e não contribui para o desenvolvimento nacional.


México
A Junta de Bom Governo o Caminho do Futuro do estado mexicano de Chiapas denunciou ações militares contra os povos zapatistas. Segundo a entidade, no dia 4 de junho, cerca de 200 militares incursionaram no território La Garrucha com o pretexto de apreender plantações de maconha. As Juntas de Bom Governo são instituições autônomas ao governo central criadas pelo Exército Zapatista de Libertação Nacional. Há 14 anos, as violações aos direitos das populações indígenas e camponesas do sul do México vêm sendo promovidas pelos sucessivos governos.


Argentina
Estátua de Che Guevara é inaugurada na cidade argentina de Rosário. No dia 14 de junho, completou-se 80 anos do nascimento do líder revolucionário. A figura de quatro metros de altura foi construída pelo artista plástico Andrés Zerneri com objetos de bronze doados pela população. Os três mil quilos do metal usado equivalem a 75 mil chaves.



Com informações de:

telesurtv.net

adital.com.br

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Saúde: público X privado
Mauricio Bosquerolli
A questão da saúde é um tema de debate constante. Às vésperas das eleições municipais, em que muitos candidatos farão promessas milagrosas, e após duas décadas da criação do Sistema Único de Saúde (SUS), O Parcial conversou com o médico e ex-secretário municipal da saúde em Porto Alegre Lúcio Barcelos. Especialista em saúde pública, Barcelos analisa a situação atual do setor e alerta: “Existe um problema central, estrutural no sistema de saúde no Brasil”.

O Parcial – Qual o principal problema da saúde no Brasil hoje?
Lúcio Barcelos - A abordagem, que via de regra é feita, mesmo pelo pessoal que trabalha na área da saúde, é uma abordagem que para mim é limitada, ela é conjuntural. Todas as entidades ligadas à área da saúde, médicos, enfermeiros, odontólogos, enfim, pessoal de nível intermediário fazem um movimento focando o problema na questão do financiamento do sistema de saúde, como se resolvido o problema do financiamento, se resolvesse o problema da saúde no Brasil, combinado isso com o problema de gestão. Existe uma ineficiência na gestão, ela é ineficiente, ineficaz e existe uma insuficiência de recursos. Tem um camarada que usa muito essa fórmula de eficiência-eficácia, o Gilson Carvalho, que é um pediatra de Campinas, que é um velho militante da área da saúde que combina muito essas duas questões. Todo o movimento tem como foco essas duas questões: financiamento e gestão. Eu parto de um pressuposto de que isso são decorrências, esses são problemas conjunturais. Eles existem e precisam ser resolvidos, mas tem um problema anterior que é o problema ligado à estrutura, à natureza do sistema. O sistema brasileiro tem uma vocação, pela Constituição Federal, de ser um sistema, e isso está na constituição federal, e isso vem da experiência de alguns países europeus que o Brasil copiou, de que o sistema de saúde no Brasil deveria, ou é e deve (ser) um sistema de saúde universal. Ou seja, todo cidadão brasileiro, independente de qualquer situação, tem direito de acesso à saúde. E à saúde não só assistência do ponto de vista mais imediato, a questão da consulta, do exame, da medicação, mas da saúde do ponto de vista mais amplo, entendendo a saúde como qualidade de vida, envolvendo aí a promoção, a prevenção, todas as outras políticas que permitem que as pessoas tenham um nível de saúde mais qualificado. Então, tem um problema preliminar, em relação ao financiamento e à gestão que é o problema da natureza do sistema.

O Parcial – E o SUS foi implementado como previu a constituição?
Lúcio Barcelos – Em 1988, quando houve um movimento dos trabalhadores para colocar na constituição que o sistema de saúde no Brasil seria universal, integral, as duas coisas. Ele é direito de todo cidadão e ele é integral, cada cidadão tem direito a tudo que abarca a questão da saúde. Isso foi formulado, foi aprovado na constituição de 88, foi reafirmado, regulamentado na Lei 8080, que é a Lei Orgânica da Saúde, ela regulamenta todo SUS. Nesse processo de definição de que o sistema seria um sistema único e de natureza pública, e um dever do Estado e um direito do cidadão, isso implicaria em que o Estado brasileiro, na época o governo que estava na época, 88-90, fizesse um movimento no sentido de ou colocar recursos para construir um sistema predominantemente público, ou seja, o Estado colocar dinheiro e construir hospitais públicos, fábricas de medicamentos, fábricas de equipamentos, toda essa estrutura que envolve a questão da saúde. Se o Estado tivesse feito isso e deixado o setor privado, a indústria da saúde de lado e tivesse construído um sistema público, a partir do pouco que tinha, ou feito um outro movimento de desapropriar, encampar um pedaço, uma parte do sistema privado, permitindo que o sistema público fosse majoritário e fosse predominante. A constituição prevê que os dois coexistam, mas ela diz que o sistema público é prioritário. O sistema privado é complementar ao público. Acho que é o artigo 199 que diz isso: pode haver a iniciativa privada, pode trabalhar na área da saúde, porém, ela é complementar ao público. Só que isso de fato, concretamente, não ocorreu.

O Parcial – E como estão distribuídos os leitos hospitalares?
Lúcio Barcelos – Vamos dar um exemplo: no RS, 75% dos leitos hospitalares são privados e 25% apenas são públicos. Em nível nacional, o dado que eu tenho é que 64% dos leitos são privados e o restante é público, 36% é público. Isso, evidentemente, se estende para outras áreas. Não é só o leito hospitalar que tem esse tipo de proporção. Isso se repete na área de prestação de serviço de meio diagnóstico, ou seja, todo esse grupo de gente que trabalha com serviços que fazem diagnóstico de imagem, raio X, tomografia, ressonância, proporcionalmente isso está muito mais na mão privada, do que na área pública. Em Porto Alegre, tem um fenômeno interessante. Em Porto Alegre, nós temos mais leitos públicos do que privados. São em torno de 5500 leitos e proporcionalmente em torno de 55 ou 56% dos leitos são públicos. Então tem menos leitos privados do que públicos. Porém, os leitos privados produzem mais dinheiro do que os leitos públicos. Isso mostra claramente que, mesmo em Porto Alegre tendo mais leitos públicos, os leitos privados estão concentrados naquelas áreas que pagam melhor. Tem menos leitos privados, mas eles arrecadam mais, cobram mais, o custo deles é maior para o sistema do que os públicos.

O Parcial – Quais alternativas são viáveis para o SUS?
Lúcio Barcelos - Se nós não fizermos um movimento social, um movimento dos trabalhadores, uma grande mobilização que force, ou que a gente tenha um governo, nós achamos que o governo Lula faria isso, e não fez absolutamente nada disso, ao contrário, está tirando dinheiro da saúde. Mas se nós tivéssemos um governo que encarasse isso de uma forma que respondesse aos interesses da maioria da população, dos trabalhadores, nós teríamos um sistema que seria majoritariamente público. A nossa luta é fazer um movimento para refortalecer e ampliar ao máximo o setor público dentro da área da saúde, tanto na assistência, na questão direta do leito, do exame, quanto na produção de insumos. O Brasil não produz medicamentos. Aqui em Porto Alegre, nós temos uma fábrica perto da PUC, aqui na Avenida Ipiranga, o laboratório da LAFERGS, o laboratório farmacêutico do estado que existe há mais ou menos 20 anos e que não produz praticamente nada, não produz nada de significativo, produz algumas coisas secundárias e serve mais como embalador, compra o medicamento e faz a embalagem. Não se produz medicamentos, nenhum tipo de equipamentos, não se produz ortese e prótese, que é uma área em que a iniciativa privada fatura horrores de dinheiro, inclusive com falcatruas. Já tiveram escândalos com empresas que fazem ortese e prótese na área de ortopedia e que são produtos, às vezes, de péssima qualidade. Além de ser privada, ela é de má qualidade.

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quinta-feira, 26 de junho de 2008

Marchinhas balançaram o Teatro São Pedro


Lisarb D'Oco


O movimento em frente ao Teatro São Pedro já era intenso desde as 17 horas de domingo, dia 25 do último mês. Os arredores da Praça da Matriz, onde se localiza a casa de espetáculos, aos poucos iam sendo preenchidos por espectadores ansiosos. Toda esta agitação se devia ao último dos três dias de apresentação do musical Sassaricando. Quando cheguei uma enorme fila já estava formada, tive tempo apenas de comprar um pacote de balas de um senhor muito simpático que já esperava na porta do teatro os que chegavam atrasados como eu. “Terceiro andar a esquerda”, disse o recepcionista após pegar meu ingresso. Ser a última a entrar nas galerias não foi nada mal para quem conseguiu comprar um dia antes - com muita sorte - o único ingresso que restava na bilheteria. Todos em seus lugares, as cortinas abrem pontualmente às 18 horas para a peça que é dirigida por Rosa Maria Araújo e Sérgio Cabral. A obra reproduz através de marchinhas de carnaval, os costumes cariocas a partir da década de 30, período em que essas canções povoaram o imaginário do Rio janeiro e do resto do país. Tamanho foi o divertimento e o clima de entrosamento entre os artistas e a platéia, que nem percebi passar as duas horas dentro do teatro. Para chegar ao número exato de 89 marchinhas, dividida nos dois atos da peça, a produção ouviu mil melodias. Foram usados cinco tipos de figurinos impecáveis inspirados nos bailes dos anos 40 e 50.As músicas interpretadas tratam de comportamento, história e obviamente do carnaval, a música “Bandeira Branca”, autoria de Max Nunes e Laércio Alves, foi um dos ápices da noite. Uma mulher muito jovem de espírito, que beirava seus 70 anos estava sentada ao meu lado e me comentava de sua época de juventude, cantando muito empolgada os versos da composição. As mais de 300 pessoas que se encontravam naquela noite de domingo, reviveram uma época em que se brincava o carnaval, muito diferente de hoje, este período do ano era sinônimo de diversão, e chacota a diversos setores da sociedade e da política do momento. O público aplaudiu de pé o fim do show dançando ao som da famosa “Cidade Maravilhosa”. E eu saí satisfeita, com algumas fotos na câmera, um sorriso de orelha a orelha e com a certeza de que teria muitas coisas boas para contar e escrever.

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quarta-feira, 25 de junho de 2008

Olimpíadas de Pequim: o que o ocidente não mostra
Samir Oliveira
Há 2.500 anos, os gregos se reuniam para celebrar e honrar a Zeus na cidade de Olímpia. Esses encontros são os resquícios mais arcaicos das olimpíadas modernas. Agora, em 2008, o mundo está prestes a ver o maior espetáculo esportivo do planeta em solo vermelho. A China será o berço dos esportes entre 8 e 24 de agosto deste ano.
Para além das arenas, o país comunista-capitalista possui grandes desafios. O Tibet, região chinesa autônoma, aproveita a publicidade das iminentes olimpíadas para protestar. Mas a grande questão é: protestar o que? A mídia ocidental não cessa de divulgar imagens de monges espancados, violência e repressão às manifestações tibetanas. O motivo seria a liberdade. É tão simples assim? Não. O que a grande imprensa faz é menosprezar uma questão complexa sem se preocupar em fazer um aprofundamento histórico do tema.
“O Parcial”, empenhado em não reproduzir o discurso oficial da grande mídia, conversou com o professor de História Contemporânea e coordenador do Núcleo de Estratégia e Relações Internacionais da UFRGS (Nerint), Luiz Dario Teixeira Ribeiro. Com o cachimbo em mãos, em seu pequeno escritório no Campus do Vale, Ribeiro comenta essa perspectiva míope da mídia. “A imagem que gravou é a que interessa, a primeira impressão é a que vai ficar. O resto, depois, é polêmica”.
Lei Simeng, intercambista chinesa que estuda na PUCRS, acredita que as reportagens devem “mostrar o que os monges faziam antes”. Ribeiro elucida melhor essa questão ao explicar que, até 1949, antes da vitória da revolução chinesa, “o Tibet era uma sociedade arcaica, feudo escravista e teocrático”. “As propriedades do Tibet estavam divididas entre a aristocracia e os mosteiros budistas, sendo que os mosteiros tinham entre 90% e 95% de todas as propriedades do país”, reitera o pesquisador, acrescentando que “a massa da população era constituída de servos e de escravos, então, a tentativa de reforma termina provocando descontentamento de determinados grupos sociais”.
A também intercambista chinesa, Tang Lijie, levanta a questão da teocracia. “Antigamente, a religião era poder lá. Agora, a situação mudou”, confessa a estudante. Que mudou, não há dúvidas. O comunismo chinês tenta, desde 1949, libertar os tibetanos de um regime teocrático governado pelos monges, tendo como expressão máxima a figura do Dalai Lama. Mas, teriam os tibetanos saído de um cárcere para trancafiar-se em outro? A própria Lijie expõe esse paradoxo: “Tu pode acreditar em alguma crença, mas, para trabalhar no governo, não pode falar que tu tem uma religião”.
É perceptível que a revolução chinesa tirou o Tibet do arcaísmo, mas pode tê-lo enclausurado em outros tipos de atraso e de opressão. A repressão aos protestos é violenta e extremamente condenável.Contudo, mais condenável ainda é a cobertura midiática do conflito, demonizando a China e endeusando os monges budistas. Reduz-se, assim, um grande emaranhado histórico a palavras como “liberdade” e “opressão”. No fim, quem sofre mesmo é o povo tibetano, que tem que se equilibrar entre os interesses de uma oligarquia religiosa que luta para reavivar seu antigo poderio, e um governo autoritário que não abre mão de seu projeto nacionalista.

Mercantilização do esporte

Sabe-se que, há muito tempo, os jogos olímpicos deixaram de vestir a toga do companheirismo e da união e representam a mais acirrada competição entre as nações. Luiz Dario Teixeira Ribeiro recorda que as olimpíadas “sempre tiveram um caráter político e de confronto”. Analisando a conjuntura, ele releva que os jogos de Pequim representam “um confronto entre uma superpotência num processo de crise (os Estados Unidos) – e um mundo ligado a essa superpotência – e uma potência emergente, que é a China”.
Questionado sobre a relação promíscua entre esporte-mídia-capital, Ribeiro é taxativo: “Nós vivemos numa sociedade capitalista. Desde a década de 70, essa sociedade tem apresentado uma característica fundamental, que é a transformação de tudo em mercadoria. As olimpíadas, para se adaptarem ao sistema, entraram na mercantilização.”

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Um chamado à reflexão
Adilcenara Rocha dos Santos
Se analisarmos a situação social e econômica, a qual está exposta toda a classe trabalhadora mundial, podemos concluir que realmente o plano neoliberal está sendo aplicado religiosamente como foi estruturado e idealizado.A partir dos séculos XVII e XVIII, o liberalismo começou a ser pensado, servindo de base para o movimento iluminista e desenvolvido por filósofos da época. Seu principal pensador na área econômica foi o filósofo Adam Smith, pai do liberalismo econômico, perspectiva que assentou as bases da consolidação do capitalismo moderno. Em 1944, Friedrich Heyek escreveu o livro O caminho da servidão, o que serviu de inspiração a um grupo de intelectuais conservadores para promoverem um encontro em 1947, em Mont Pélier na Suíça. Lá eles formaram uma sociedade com o fim de combater o Estado de bem estar social vigente em alguns países europeus na época. Assim nasceu o plano neoliberal.Nosso espaço é curto, mas aguarde a próxima edição, em que voltaremos com informações mais precisas desse assunto. Enquanto isso vamos refletir sobre toda esta realidade que nos cerca e qual atitude tomaremos para tentar reprimir a corrida desse meteoro que vem devastando nossas vidas e futuramente de nosso filhos e netos.Adilcenara Rocha dos Santos (Nara) é – municipária de Porto Alegre.Fonte: Balanço do Neoliberalismo, Perry Anderson

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O Lobo do Apolo
Odilon Machado de Lourenço
Sigam-me os que estão livres
Por mim, o mundo inteiro vai comigo...
Vamos acampar no inferno e aterrorizar o diabo.
Vamos transcender entre a aurora verdadeira.
Deixando as dores para o esquecimento.
Plantando flores para nossas mães.
Arando a terra para o desprezo.
Encontrando o amor sem dobrar a esquina.
Viajar sem mágoas para o fim do mundo.
Encontrar o tédio sem abraça-lo
Deslizar no pampa cheirando o presente,
Como se hoje fosse o último dia.
Descer os rios s em direção ao céu.
E vomitar na lua todo teu pesar.
Esquecer que se vive para se encontrar.
Lembrando que vivemos para transcender.

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Vitória dos trabalhadores

Mauricio Bosquerolli
A companhia siderúrgica venezuelana SIDOR (Siderúrgica del Orinoco) foi finalmente renacionalizada, após a assinatura de um decreto pelo presidente Hugo Chávez no dia 1º de maio. Os trabalhadores dessa empresa, que havia sido privatizada em 1998, empreendiam, há quase dois anos, um intenso conflito com a direção do consórcio ítalo-argentino. Os patrões negavam-se a atender as reivindicações de salário e condições de trabalho, além de descumprirem a lei daquele país que proíbe o trabalho terceirizado (a firma tinha mais de 9 mil terceirizados). Depois de sucessivas greves, mobilização massiva nas instalações da fábrica e paralisações e greves de solidariedade com os sidoristas por centenas de sindicatos, o governo, pressionado, acatou as exigências dos trabalhadores, que também tiveram seu contrato coletivo aprovado no dia 5 de maio e participarão da gestão da empresa.

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Vargas, asilos e crises de consciência
Samir Oliveira
Dia desses me veio um pensamento inusitado. Tenho uma tia-avó que sofre de alguns distúrbios mentais e está internada num asilo em Porto Alegre. Eni. Não, não é nenhuma onomatopéia desconhecida. É o nome dela mesmo. Eni passou a vida inteira com a mãe, que cuidou dela até o cansaço lhe ceifar a vida, há quatro anos.Pois bem, essa breve contextualização é para dizer que, após dois anos morando na provinciana capital gaúcha, resolvi visitar a tia Eni. O asilo, ou melhor, a “casa de repouso” – odeio esses eufemismos hipócritas – fica na avenida Getúlio Vargas e tem inspiração divina: chama-se Arcanjo São Miguel.Caminhando pela extensa avenida sem lixeiras, deparo-me com um número crescente de pedintes. Mendigos, moradores de rua, limpadores de pára-brisa. Gente que faz da grande avenida com nome de ditador nanico a sua casa. No percurso pelas oito quadras que me separam de São Miguel, peguei-me refletindo sobre a situação daquele lugar. Recheada de pedintes, a Getúlio Vargas remeteu-me ao paradoxal governo do homenageado pela malha asfáltica em questão.É bem verdade que o caudilho gaúcho acabou com a política do café-com-leite e industrializou o país através do sistema de substituição de importações. Mas é inegável o caráter autoritário-populista de seu governo, que cooptou as massas e ditou os rumos do país com mãos de ferro após a implantação do Estado Novo, em 1937. Getúlio trocou uma oligarquia por outra. Ou melhor, outras. Agradando a massa excluída do país, o aclamado “pai dos pobres” conseguiu construir um consenso dócil e favorecer antigos setores do poder, como as oligarquias cafeeiras (vide o torra-torra de grãos realizado na época). Tudo isso, claro, com uma imagem de mudança, de progresso e de desenvolvimento. E o povo? O povo não se importava, afinal de contas já tinham um Ministério do Trabalho e a CLT. Formidável, não?Bueno, tudo isso para dizer que, na promiscuidade daqueles pensamentos, em plena avenida, uma mulher me pede dinheiro. Sentada e escorada no muro de um suntuoso edifício, a mendiga era o retrato mais fiel da realidade brasileira – tanto em 1930, como hoje em dia. Minha mão cavouca, em vão, o bolso vazio. Bem na hora da abordagem, eu estava com um legítimo alfajor uruguaio na mochila. Pronto para ser deliciado. Era o último resquício de uma ida da minha mãe a Riveira. “Bá, não tenho dinheiro”, respondi, certo de que só a carteirinha do TRI habitava meu bolso. “Uma bolachinha?”, suplica a garota. Nesses momentos, a gente deve pensar rápido. Agir primeiro, refletir depois. Num ato instantâneo e quase involuntário, dei a ela o meu alfajor. “Mas tu vai ficá sem”, largou a mendiga. “Tu vai ficá sem”.A grandiosidade da frase me comoveu. No auge de sua agonia, ela ainda se preocupa se eu vou comer ou não. A nobreza, a singeleza e o total carisma daquela mulher me cativaram de tal maneira que fiquei paralisado, com o olhar preso nela e a mente envolta em orgias interpretativas sobre a Era Vargas, o assistencialismo e a mesquinhez da elite brasileira. Só consegui murmurar um “não faz mal”, e continuei meu rumo, ciente da minha inferioridade perante tão altiva postura da marginalizada.Nunca fui um defensor ferrenho do assistencialismo. Tampouco prego o Estado mínimo e a exclusão dos programas sociais, tidos como gastos parasitários por (argh!) Friedrich von Hayek, pai do neoliberalismo. Me vi, então, num debate interno. Fui assistencialista? Contribui com a perpetuação da mendicância no país? Ou apenas ajudei uma pessoa necessitada? Nesse caso, o argumento de “ensinar a pescar, em vez de dar o peixe” não se aplica. Não tinha como eu ensinar a mendiga a fabricar alfajores. Até porque, mesmo que eu soubesse fazer e ela aprendesse, não ficariam iguais aos semidivinos bolachões uruguaios. Enfim, fui para casa com essa pulga na orelha e um alfajor a menos. Mas com duas certezas a mais: de ter aliviado, minimamente, o sofrimento daquela mulher; e de ser totalmente inferior à nobreza de uma excluída da/de Getúlio Vargas.

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II Encontro Intersindical 2008 São Paulo
Mauricio Bosquerolli
As classes trabalhadoras passam por um processo de reorganização e resistência frente às mudanças na estrutura produtiva e na representação sindical. A retirada de direitos trabalhistas e a super-exploração da força de trabalho vêm acentuando-se em âmbito mundial. No Brasil, as reformas empreendidas desde o início da década de 90 e continuadas pelos sucessivos governos são uma realidade.Impulsionada pelos grandes movimentos e greves no final dos anos 70, a CUT (Central Única dos Trabalhadores) constituiu-se como uma ferramenta de luta e organização da classe por um período. Considerando que esse período esgotou-se, tão logo a CUT revisou seu caráter classista e sua prática sindical, alinhando-se cada vez mais a patrões e governos, grupos dissidentes começaram a pensar uma alternativa de organização dos trabalhadores. Um deles conformou-se em 2006, agrupando correntes que compunham a CUT e setores independentes na Intersindical.No II Encontro Nacional da Intersindical, ocorrido nos dias 12 e 13 de abril em São Paulo, 877 delegados de 23 estados debateram a atualidade do movimento sindical e o futuro das lutas no país. Na sede do Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Guarulhos e Região, acompanharam as discussões 103 observadores, além de representações do MST, MTST, PCB, PSOL, PSTU, Pastoral Operária de SP e Conlutas.O principal debate, desde o início, centrou-se na dinâmica que essa reorganização deve ter. Porém, outras questões importantes também foram levantadas. Na tarde do dia 12, grupos de discussão confrontaram propostas e encaminharam resoluções para instrumentalizar a atuação nos locais de trabalho, baseadas em princípios de autonomia e democracia da base.A polêmica sobre a criação de uma nova central sindical deu o tom das falas na plenária de domingo. Após o relato dos grupos, o embate de posições começou relativamente calmo, evoluindo mais tarde para uma situação tensa e que por pouco não se consumou em violência física de fato. Para Bernadete Menezes, da coordenação da ASSUFRGS (Associação dos Funcionários da UFRGS) e dirigente do Enlace sindical, “não adianta ficar cada um no seu cantinho”. Ela é contra a proposta da Conlutas de criar uma nova central já em julho, mas defende começar a “discutir com os setores, mostrando que há uma necessidade de construir uma alternativa de direção”. Menezes diz, ainda, que há um fato novo na aproximação com o MST, que “está querendo fazer discussões importantes”.A professora da rede estadual do Piauí, Lujam Maria Bacelar de Miranda, da APS (Ação Popular Socialista) acredita, igualmente, num movimento amplo. “Nós da Ação Popular Socialista defendemos a unificação não só da Conlutas, Intersindical, mas que pudesse englobar inclusive a própria CTB (Central dos Trabalhadores Brasileiros, dissidência da CUT ligada ao PC do B), setores independentes”, explica Miranda. Na sua concepção, uma nova central precisa ter “um corte nítido de classe e uma prática realmente voltada para organização, para formação, para luta efetiva da classe trabalhadora.”.“É uma discussão difícil, por que a experiência, o fracasso da experiência da CUT deixou muitas seqüelas”, afirma o advogado Jorge Luiz Martins. Para o sindicalista, “a idéia é abrir o processo, ou tentar abrir, ou reabrir esse processo, para ver se no futuro, a gente cria as condições de unificação de Conlutas, Intersindical e outros setores que possam construir conosco um processo mais amplo que crie alguma possibilidade dos trabalhadores resistirem a todo processo de barbárie”. Martins Mostra-se preocupado com a situação do movimento sindical: “existe uma expectativa, uma possibilidade, mas temos que reconhecer que as dificuldades são imensas nesse momento”. As outras correntes que participaram do encontro, Unidade Classista e ASS (Alternativa Sindical Socialista) compartilham de uma visão diferente sobre a organização da classe trabalhadora. Isso ficou evidenciado, enquanto os demais grupos defendiam o avanço no sentido da unificação dos setores combativos, e ambas se opunham à abertura do debate sobre a conformação de uma nova central. Conforme a avaliação publicada pela Unidade Classista na página do PCB, “os militantes da Unidade Classista e da Alternativa Sindical Socialista, defendem uma visão oposta, qual seja, a de não se criar agora uma nova central. Entendem que a crise do movimento sindical, aberta pela completa capitulação da CUT ao governo Lula e ao capital, ainda requer um tempo para melhor decantação”. A proposta desse setor é de fortalecer a Intersindical, mas sem discutir uma nova central, já que há sindicatos ligados a ele que ainda fazem parte da CUT.Divergências e divisão de opiniões dentro da esquerda são naturais e salutares inclusive. Embora, muitas vezes configurem um entrave, são a garantia do debate franco, fraterno, respeitoso e democrático. Assim, ao menos, deveria ser. Lamentavelmente, não foi o que ocorreu, quando a plenária final do encontro encaminhava-se para o final. Depois de exaustivas argumentações por parte das duas posições que compunham o plenário, a mesa encaminhou a votação da questão de abrir ou não a discussão sobre a nova central sindical. Os membros da ASS e Unidade Classista pediram a palavra e comunicaram que não iriam participar da votação. A coordenação dos trabalhos submeteu, então, ao voto e mais da metade dos delegados aprovou que a Intersindical começaria a debater na base e com as demais organizações de esquerda uma futura conformação de central sindical. Nesse momento, dezenas de opositores a essa posição ocuparam a frente da mesa e ameaçaram fisicamente vários dos militantes que ali estavam. Em resumo: a plenária “implodiu”. Para evitar que as agressões se consumassem, a coordenação da Intersindical escreveu uma resolução de “consenso” em que as duas posições estavam contempladas. O que ocorreu na verdade foi um falso consenso, pressionado pela ameaça de agressão física. Espera-se, agora, que a vitória que foi a realização desse encontro não seja comprometida por esse resultado vergonhoso.

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Edição de Março 2008

Editorial
De volta. O Parcial retoma as atividades com um calendário que promete: ano de escolher representantes municipais, mas antes disso refletir o papel de cada vereador, afinal qualquer tomada de decisões afeta a população de um país tão desigual. Ano de contestar a ordem vigente, de maneira sensata, não, não pura e simplesmente por rebeldia juvenil, mas sim por acreditar que existem sociedades mais justas. Princípio de ano para pensar e repensar o papel da Comunicação Social como instrumento transformador. E se o assunto envolve a cobertura de política, temos muito que analisar. Começamos um 2008 com os cadernos internacionais dos grandes jornais noticiando as prévias das eleições norte-americanas, exatamente as prévias, as prévias tomando conta de todas as páginas, as prévias estampam capas... aparentemente nada de mais interessante acontece no resto do mundo, afinal parecem descartáveis, coadjuvantes as outras milhões de pessoas, o centro do planeta é os EUA? Talvez o poderio econômico ainda esteja em suas mãos, mas como diria o sociólogo americano Immmanuel Wallestein, este império, assim como todos os que existiram, está em declínio... A luta deste jornal é para que qualquer tipo de império seja desmantelado, mas que não exista a possibilidade de surgirem outros, para que assim as crianças, tanto na África quanto nas vilas de Porto Alegre possam ter o que comer, e mais do que isso consciência do que é dignidade. Por isso, continuamos como veículo marginal, veiculando o que é blindado pela grande imprensa, abrindo espaço para cultura alternativa, para as manifestações populares, para o debate de idéias, sem o sensacionalismo do grande show da televisão, com o comprometimento para a sociedade. Parciais sim, na luta sempre.

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Cuba: a lição
Bruno Camilo e Mauricio Bosquerolli
No dia 24 de fevereiro, pela primeira vez em 49 anos, não foi Fidel o escolhido para comandar o país. Seu irmão, Raul Castro, foi eleito pela Assembléia Nacional do Poder Popular para um mandato de cinco anos. Afastado do cargo desde 31 de julho de 2006, por motivos de saúde, o líder da revolução de 59 não postulou seu nome. Democracia do poder popular Diferente do que a grande mídia e o imperialismo estadunidense sempre dizem, há muito mais democracia em Cuba do que nos países de capitalismo central e periférico. Lá o voto não é obrigatório, mesmo assim, a participação chegou a 95% nesse ano. Comparando com os EUA, onde o voto também é facultativo, o índice de votantes em 2004 não passou de 43%, e no Brasil, em que há obrigatoriedade, as eleições de 2006 registraram o comparecimento de 83% dos eleitores. Outra questão importante da democracia cubana refere-se às Assembléias do Poder Popular. Todas as decisões sobre os investimentos nas áreas sociais (saúde, habitação, educação etc) são tomadas pela população através de instâncias construídas nos bairros que passam para os níveis municipal, regional e federal. No Brasil e demais repúblicas do continente americano, a forma deliberativa contrasta com o modelo de Cuba. Aqui, os poderes executivo e legislativo definem a aplicação das verbas públicas e a sociedade não tem ingerência ou até mesmo conhecimento de como atuam os seus “representantes”.Plano econômico para o socialO modelo cubano de economia planificada é pensado para atender os interesses e necessidades da população. Os setores de serviços e produção não obedecem à lógica do mercado. Como a grande maioria das empresas pertencem ao Estado, não é o lucro que orienta a sua gestão e o preço dos produtos. A conseqüência do socialismo nesta área é a inexistência da fome, problemas habitacionais, de violência; assim como o acesso à educação e à saúde é gratuito, universal e de qualidade. Cuba é perfeita?Não. Na democracia cubana, a livre expressão tem muito a avançar, pois as formas em que o povo tem para expressar suas divergências contra o regime precisam ser aprimoradas. Dentro do Partido Comunista Cubano as discordâncias são livres e apenas algumas manifestações públicas são proibidas. O cerceamento de liberdades ocorre, principalmente, devido ao constante perigo de terroristas financiados pelos EUA em assassinar Fidel Castro e derrubar o socialismo.Cuba sofre um embargo comercial por parte dos EUA desde 1962 que proíbe os países, com raras exceções, de manterem relações econômicas com a ilha. Este ataque e o rompimento diplomático são uma resposta ao modelo socialista que ameaça o capitalismo. A população vive com poucos bens duráveis como eletrodomésticos, equipamentos de informática, telefonia, obrigando o Estado a manter uma permanente racionalização do consumo. Até 2005, o bloqueio levou a prejuízos superiores a 82 bilhões de dólares para o país caribenho. A ONU (Organização das Nações Unidas), por 16 vezes consecutivas, condenou o embargo em sua Assembléia Geral. Em 2007, a resolução foi aprovada por 184 países e apenas quatro rejeições (EUA, Palau, Israel e Ilhas Marshal). Integração X ImpérioEm 2004, Cuba e Venezuela criaram a ALBA (Alternativa Bolivariana para as Américas), com o objetivo de contraporem-se à ALCA (Area de Livre Comércio das Américas). A ALBA baseia-se em acordos de cooperação e solidariedade, excluindo a competição e fomentando a integração entre os povos do continente. A Venezuela passou a fornecer petróleo (diminuindo a crise energética cubana), em contrapartida, Cuba enviou médicos e professores à Venezuela. Atualmente, fazem parte da ALBA Bolívia, Nicarágua, Dominica, Venezuela e Cuba, com a possibilidade de entrada do Equador e São Vicente e Granadinas.As conquistas de um povoOs cubanos não passam fome, doentes cubanos não morrem nas filas dos hospitais ou a espera de tratamento, as crianças cubanas não estão fora da escola ou usando drogas nas ruas, o povo cubano não é refém da violência e da criminalidade, não há famílias cubanas morando em baixo da ponte. Cuba não é um exemplo a ser seguido, mas uma lição a ser aprendida. "Esta noite milhões de crianças dormirão na rua, mas nenhuma delas é cubana".

Fidel Castro

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A Tribo está em Festa
Mauricio Bosquerolli
Ói Nóis Aqui Traveiz completará 30 anos no dia 30 de março. O grupo de teatro popular prepara uma intensa comemoração num ano que marca a volta para a Cidade Baixa. 01/04 Painel 'A Cena da Tribo', às 20h na Terreira da Tribo;02/04 'Medeamaterial Fragmentos', apresentação do exercício cênico da Oficina para Formação de Atores da Escola de Teatro Popular, às 20h na Terreira da Tribo;03/04 lançamento do livro 'UMA TRIBO NÔMADE - a Ação do Ói Nóis Aqui Traveiz como Espaço de Resistência' da Doutora Beatriz Britto; show musical com Johann Alex de Souza e Leonor Melo, às 20h no Território Cultural;04/04 Show musical com os amigos da Tribo, no Território Cultural;05/04 apresentação do espetáculo de Teatro de Vivência 'A MISSÃO (Lembrança de uma Revolução)', às 20h na Terreira da Tribo;06/04 – Parada de Rua – 30 anos, às 11h no Brique da Redenção.Todas as atividades têm entrada gratuita.Terreira da Tribo: Rua João Inácio, 981 - NavegantesTerritório Cultural: João Alfredo esquina Aureliano Figueiredo Pinto – Cidade BaixaInformações:www.oinoisaquitraveiz.com.br

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A passagem subiu
Mauricio Bosquerolli
Como acontece todos os anos, a Prefeitura de Porto Alegre, a pedido dos empresários do transporte, reajustou o preço da passagem dos ônibus. No dia 29 de janeiro, o COMTU (conselho municipal de transporte urbano) aprovou o aumento de 5% da tarifa, que foi respaldado pelo prefeito José Fogaça. Os passageiros pagam agora R$ 2,10. Entidades do movimento estudantil e também sindicatos da capital iniciaram protestos contra o novo valor. Haverá um ato durante o dia do estudante, em 28 de março, onde os manifestantes pedirão a revogação do aumento. Desde 2003, o índice acumula alta de 55%.

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8 de Março: dia internacional da mulher

Lisarb D'Oco
Opressão feminina, exposição distorcida pela mídia.O Dia Internacional da Mulher, 8 de março, é fortemente ligado aos movimentos feministas que ao longo do último século lutaram por uma sociedade mais justa para as mulheres. Em 8 de março de 1857, operárias tecelãs norte americanas que faziam uma paralisação exigindo o direito à cultura, estudo, condições mais humanas de trabalho e igualdade entre os sexos foram queimadas dentro de uma fábrica por terem tido uma atitude considerada “radical” frente aos seus patrões. As mulheres ainda passam por uma série de opressões diárias, sejam elas diretas ou indiretas. A sociedade maquia estes acontecimentos sem nenhum problema. O abuso de exploração da mulher é muitas vezes inconsciente tamanho a falta de noção do assunto. A grande mídia é responsável por uma grande parcela do machismo que predomina dentro das famílias, pois os programas de televisão expõem roupas, adereços, corpos esculturais e uma série de comportamentos que são impostos às mulheres, diminuindo o poder de criticidade e escolha. Na infância o consumo exacerbado de produtos como maquiagens, lingeries e músicas para adultos, reflete um aumento da sexualidade acentuada. Na adolescência, meninas encontram nas revistas para jovens conselhos de moda e de conquista, e na idade adulta no mercado competitivo de trabalho percebem que ter conhecimento é menos importante do que beleza para conseguir uma vaga de emprego. Agressão Física e MoralÉ visível a submissão da mulher dentro do seu trabalho e da sua própria casa, tanto o abuso moral quanto físico. A ONG Anistia Internacional (www.br.amnesty.org/) apresenta alguns índices de agressão doméstica, e aponta que no Brasil a cada quatro minutos uma mulher é agredida em seu próprio lar, por uma pessoa com quem mantém uma relação de afeto. As mulheres negras ainda sofrem com o problema do sistema de saúde pública, elas estão no topo da pirâmide, passam por dificuldades para encontrar vagas nas maternidades e problemas no atendimento durante e após o parto.A Lei Maria da Penha foi sancionada em 7 de agosto de 2006 pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva; dentre as várias mudanças promovidas pela lei está o aumento no rigor das punições das agressões contra a mulher quando ocorridas no âmbito doméstico ou familiar. A lei entrou em vigor no dia 22 de setembro de 2006.

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Pirata do Petróleo

Mauricio Bosquerolli
Em 1892 John Davison Rockefeller criou a Standard Oil Company. A empresa estadunidense dividiu-se mais tarde em duas companhias: a Exxon e a Mobil. Em 1999, uma fusão formou a ExxonMobil, responsável também pela marca Esso. A divisão da empresa foi conseqüência de uma lei antitruste aprovada no final do século XVIII nos Estados Unidos. Hoje ela é a segunda maior empresa do país e a segunda petroleira em âmbito mundial, ficando atrás apenas da PetroChina. Com um faturamento diário em 2007 de 106 milhões de dólares, a ExxonMobil tem um patrimônio que supera o produto interno bruto da Venezuela, país contra o qual tenta judicialmente o ressarcimento de ativos nacionalizados pelo governo venezuelano. Já na década de 40, a ExxonMobil conseguiu reverter dois processos de nacionalização do petróleo, forçando a derrubada de dois governos eleitos. Na década de 70, participou ativamente do complô que resultou no golpe militar e levou ao poder Augusto Pinochet no Chile. A ExxonMobil, em parceria com outras multinacionais estadunidenses, desestabilizou a economia chilena e financiou os militares fascistas que assassinaram dezenas de milhares de pessoas. Foi também responsabilidade da ExxonMobil o desastre com o navio petroleiro Exxon Valdez em 1989. O acidente provocou o derramamento de 41 milhões de litros de óleo na costa do Alasca. Centenas de milhares de animais morreram. A população local foi atingida, causando seqüelas à saúde até hoje, além da perda econômica dos pescadores nativos. Condenada a pagar indenização pelos danos produzidos, a empresa vem recorrendo e não pagou o que deve. A ExxonMobil sempre teve ligação íntima com os governos dos EUA. Nas eleições de 1989, sua doação a candidatos republicanos ultrapassou os 150 milhões de dólares. Atualmente, a companhia financia instituições vinculadas aos principais nomes da administração Bush. O Greenpeace, entre outras organizações, denuncia a Exxon pela campanha de boicote ao Protocolo de Quioto e pelo sistemático repasse de recursos a políticos e jornalistas a fim de questionar as teses do aquecimento global. A ExxonMobil fundou o American Enterprise Institute, que elabora relatórios “científicos” para contrapor o Painel Internacional para o Câmbio Climático. A briga com a PDVSA mostra o quanto predadora continua sendo a ExxonMobil. Na década de 70, os governos venezuelanos pró Whashington promoveram uma abertura petrolífera que privatizou parte da exploração e permitiu que as multinacionais recorressem à arbitragem internacional para dirimir conflitos. Com a eleição de Hugo Chávez em 1998 e a aprovação da constituição de 1999, a nacionalização dos recursos hidrocarburetos foi retomada e o regime fiscal também mudou. Antes as multinacionais instaladas no país sul-americano pagavam 1% sobre o lucro e 34% de impostos. Hoje, todos os projetos foram convertidos em empresas mistas em que a PDVSA é acionária majoritária e o pagamento sobre os lucros subiu para 33% e os impostos para 50%. A ExxonMobil foi a única empresa estrangeira que não aceitou o acordo. A nova carta magna eliminou a arbitragem internacional e devolveu ao Estado o direito a administrar seus recursos naturais. Em setembro de 2007, ExxonMobil ingressou em tribunais de Londres, Holanda e Antilhas requerendo indenização da PDVSA. No dia 8 de fevereiro de 2008, a decisão desses tribunais congelou de forma cautelar cerca de 12 bilhões de dólares a título de ativos da estatal venezuelana. Desde então, além da guerra econômica e política que essa medida representa, iniciou-se, de maneira articulada por quase a totalidade do sistema corporativo de mídia em escala planetária, a batalha midiática. Com o objetivo de causar confusão, dados falsos foram divulgados, informações imprecisas foram difundidas, para logo depois serem desmentidas. O passo que Bush declarou apoio à ExxonMobil, a Venezuela recebeu manifestações de países da América do Sul, como Equador e do Caribe, como a Nicarágua. Ambos empreenderão apoio jurídico à PDVA. Em resposta às tentativas de isolar seu país, Hugo Chávez disse no programa Alô Presidente de 17 de fevereiro que “Venezuela está acompanhada de muitos compatriotas e novos governos”.
Com informações de:

telesurtv.net

greenpeace.org

infoalternativa.org

wikipedia.org

exxonmobil.com

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Só Alegriaaaa

Juliana Baldi
Já cantava O Plá: "A galera do Psicodália que chega com tudo, pra ferveeer"....! E cadê o Wagner?? Tá, quem não foi ao Festival Psicodália de Carnaval que aconteceu de 2 a 5 de fevereiro na Chácara Recanto da Natureza em São Martinho, Santa Catarina, não deve estar entendendo nada. Vou explicar. Plá é um velhinho muito simpático de Curitiba, que já virou ícone do Festival. Ele comparece todo ano, cantando suas músicas e animando o pessoal. E o Wagner, ninguém sabe quem é, mas todos o procuram até hoje. Esclarecidas as maiores lendas do festival vamos seguir. A 8hs de ônibus de Porto Alegre, São Martinho é uma cidade pacata que dobra de tamanho quando recebe o festival. Este ano, o Psicodália chegou em sua 11º edição e recebeu mais de 2.400 pessoas de várias partes do Brasil, instaladas nos 5 acampamentos. Mutantes, Casa das Máquinas, Secos e Molhados, Barca do Sol e A chave. Cada acampamento tinha sua peculiaridade, quem acampou nos Mutantes, queria agito a noite inteira, a Chave era o acampamento dos artistas, e para quem queria descanso, os Secos e Molhados era o cantinho ideal para montar a barraca.A estrutura do evento assusta por sua grandiosidade e beleza. A chácara Recanto da Natureza oferece piscinas, cachoeiras, trilhas, campo de futebol e o Morro dos Psicodálios Uivantes, que ao subir dava pra apreciar todo o festival com uma paisagem deslumbrante. O evento disponibilizava também uma Cozinha Comunitária, que tinha fogueira como fogão, bica de água como pia e pedras que serviam de bancos e mesas. Com certeza era o cantinho de maior interação do Festival. Na Praça de Alimentação tinha o Prato Feliz, Pizzadália e mais dois restaurantes. A estrutura do festival só deixou a desejar nos banheiros. Eram poucos, para tanta gente. Melhor que na edição passada, onde os banheiros não existiam.Belezas Naturais a Parte, o festival reuniu 22 bandas de Rock'n'Roll e a atração principal deste ano ficou com o show da Casa das Máquinas. E para preencher os quatro dias de carnaval, o evento ofereceu várias oficinas artísticas como Tintas Naturais, Yoga, Stencil, Clow, palestras e peças de Teatro. O retiro cultural realmente não deixou nada a desejar, unindo as melhores bandas brasileiras independentes, com ótimos oficineiros que levaram cultura e arte a todos que estavam presentes. O festival, que nasceu da força de vontade de quatro pessoas de Curitiba, não tem apoio de ninguém, eles tiram todo o custo para realizar o festival do dinheiro que arrecadam da bilheteria do evento. Alexandre Osiecki conta como acharam o lugar perfeito para realizar o festival: “entramos em um Fusca e ficamos rodando durante uma semana o estado de Santa Catarina até achar São Martinho”. Aventuras a parte, os organizadores estão de parabéns por proporcionar um carnaval que luta pela valorização da música independente, da cultura e da interação com a natureza.

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Guerra à Democracia


Mauricio Bosquerolli

Para conhecer a história e a verdade sobre ela é preciso falar o que não é dito e o que é mal dito. John Pilger, jornalista e documentarista australiano, procura fazer isso desde 1970. Ele já produziu filmes sobre o Vietnam, Palestina e Iraque. Esteve em zonas de conflito de forma clandestina, como no Timor Leste, para documentar versões diferentes daquelas conhecidas através do oficialismo e da grande mídia. Sua mais recente produção, Guerra à Democracia (2007) revela pontos obscuros da estratégia estadunidense para dominar a América Latina e reprimir qualquer tentativa de autodeterminação dos povos do continente. Por meio do resgate de fatos esquecidos e desconhecidos, Pilger demonstra as artimanhas usadas pela CIA para derrubar governos populares e exterminar milhares de pessoas. Em meio século de apoio a golpes militares, invasões e guerra midiática, os EUA derrotaram 50 governos em 40 países. Na América Latina foram 21. Guerra à democracia é um documento histórico. Depoimentos de torturados na Guatemala, Chile e El Salvador são argumentos irrefutáveis das violações aos Direitos Humanos que o governo ianque empreendeu. Pilger tem um estilo irônico. Apesar da tragicidade dos fatos abordados, há alguns trechos que produzem riso. Como na entrevista com o ex chefe da CIA para América Latina, Duane Clarridge, em que ele diz: “A única razão para que o Chile ainda exista é por Pinochet”. Ou quando ele refuta as evidentes dezenas de milhares de mortes na ditadura chilena. Porém a entrevista torna-se séria e assustadora quando Clarridge defende até mesmo a tortura e o assassinato quando se trata de questões de segurança nacional e interesses dos EUA. O documentário expressa com isso a constante ação militar e midiática com que o império rapina recursos naturais e controla as economias da região, via a imposição do Consenso de Whashington e do ideário dos “chicagoboys”. Pilger também quer mostrar a resistência que a América Latina vem protagonizando nos últimos anos. Uma entrevista com o presidente venezuelano Hugo Chávez intercala as cenas do filme. Pilger extrai daí declarações sobre o golpe de 2002 apoiado pela CIA e uma concepção diferente do que preconiza o Programa Nacional para Promoção da Democracia da Casa Branca, nome pomposo dado para substituir Ditaduras Militares. Guerra à Democracia é mais que um alerta, é uma convocação a intervir e defender a soberania e a justiça. Versões em inglês e espanhol podem ser encontradas disponíveis na rede.

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Edição de março de 2008



Bem vindo à Selva

Felipe Baierle




Começar uma faculdade não é tarefa fácil. Mais ainda, pelo fato de não se conhecer ninguém e o ambiente muitas vezes ser formal e sisudo. A política administrativa do Reitor obriga todo estudante de primeiro semestre a se matricular em todas as disciplinas, o que complica um tanto a vida de quem quer estudar com mais calma. A extensa carga horária, somada aos trabalhos de última hora e aos ônibus lotados podem te levar a loucura. Por isso, aí vai uma dica, arranje amigos o mais rápido que puder, eles poderão salvar sua pele.No entanto, existe uma forma clássica de, pelo menos, driblar a pressão inicial das aulas e de quebra conhecer o pessoal. Muitas pessoas não gostam, mas o trote é e sempre será a melhor forma de integração acadêmica de todos os tempos. Afinal, querido Bicho, dar uma lambidela em uma salsicha com catchup é um preço baixo a se pagar pela amizade verdadeira que você terá por toda formação acadêmica. Por isso, aproveite, participe mesmo, o máximo que puder.Nas horas vagas, entre os horários J-K e a primeira aula da noite, procure conhecer os bares onde o pessoal costuma se encontrar. Assim você esfria a cabeça e da uma relaxada antes da aula. Não se esqueça, idéias salvadoras muitas vezes surgem quando você está na boa tomando uma gelada, sem fazer nada mesmo.Os dois bares mais freqüentados pelos estudantes da PUC são o Bar do Russo e o Sbórnia, cada um à sua maneira conserva um tanto do clichê universitário. Em entrevista exclusiva, conversamos com o “Russo” e também com o “Alemão” do Sbórnia:O Parcial – Como surgiu o apelido “Russo”?Russo – O pai e a mãe nasceram na Rússia, o pai na Moldávia e a mãe em Öceská. Então, sou descendente direto de uma família russa.Assim como o Bar do Russo, o Sbórnia, também temlugar reservado no coração da galera. É lá que acontecem os reencontros mais animados.O Parcial – Alemão, como surgiu a idéia do nome Sbórnia e á quanto tempo existe?Alemão – Na verdade o nome quer dizer baderna, festa, bagunça, bebedeira em italiano. Com esse nome já existe à uns 15 anos, comprei do antigo dono que trabalhava na PUC e não agüentava o repuxo.Bom calouros, agora que vocês já sabem o lado bom da vida acadêmica não deixem de aproveitar.

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Bem vindo à Selva



Felipe Baierle



Começar uma faculdade não é tarefa fácil. Mais ainda, pelo fato de não se conhecer ninguém e o ambiente muitas vezes ser formal e sisudo. A política administrativa do Reitor obriga todo estudante de primeiro semestre a se matricular em todas as disciplinas, o que complica um tanto a vida de quem quer estudar com mais calma. A extensa carga horária, somada aos trabalhos de última hora e aos ônibus lotados podem te levar a loucura. Por isso, aí vai uma dica, arranje amigos o mais rápido que puder, eles poderão salvar sua pele.No entanto, existe uma forma clássica de, pelo menos, driblar a pressão inicial das aulas e de quebra conhecer o pessoal. Muitas pessoas não gostam, mas o trote é e sempre será a melhor forma de integração acadêmica de todos os tempos. Afinal, querido Bicho, dar uma lambidela em uma salsicha com catchup é um preço baixo a se pagar pela amizade verdadeira que você terá por toda formação acadêmica. Por isso, aproveite, participe mesmo, o máximo que puder.Nas horas vagas, entre os horários J-K e a primeira aula da noite, procure conhecer os bares onde o pessoal costuma se encontrar. Assim você esfria a cabeça e da uma relaxada antes da aula. Não se esqueça, idéias salvadoras muitas vezes surgem quando você está na boa tomando uma gelada, sem fazer nada mesmo.Os dois bares mais freqüentados pelos estudantes da PUC são o Bar do Russo e o Sbórnia, cada um à sua maneira conserva um tanto do clichê universitário. Em entrevista exclusiva, conversamos com o “Russo” e também com o “Alemão” do Sbórnia:O Parcial – Como surgiu o apelido “Russo”?Russo – O pai e a mãe nasceram na Rússia, o pai na Moldávia e a mãe em Öceská. Então, sou descendente direto de uma família russa.Assim como o Bar do Russo, o Sbórnia, também temlugar reservado no coração da galera. É lá que acontecem os reencontros mais animados.O Parcial – Alemão, como surgiu a idéia do nome Sbórnia e á quanto tempo existe?Alemão – Na verdade o nome quer dizer baderna, festa, bagunça, bebedeira em italiano. Com esse nome já existe à uns 15 anos, comprei do antigo dono que trabalhava na PUC e não agüentava o repuxo.Bom calouros, agora que vocês já sabem o lado bom da vida acadêmica não deixem de aproveitar.

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segunda-feira, 23 de junho de 2008

Retomada do Blog

Parcialísticos, aguardem a retomado do Blog.
Em breve atualizaremos o conteúdo com a última edição.
Contamos com a paciência de todos.
Saudações!

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