quarta-feira, 25 de junho de 2008

Pirata do Petróleo

Mauricio Bosquerolli
Em 1892 John Davison Rockefeller criou a Standard Oil Company. A empresa estadunidense dividiu-se mais tarde em duas companhias: a Exxon e a Mobil. Em 1999, uma fusão formou a ExxonMobil, responsável também pela marca Esso. A divisão da empresa foi conseqüência de uma lei antitruste aprovada no final do século XVIII nos Estados Unidos. Hoje ela é a segunda maior empresa do país e a segunda petroleira em âmbito mundial, ficando atrás apenas da PetroChina. Com um faturamento diário em 2007 de 106 milhões de dólares, a ExxonMobil tem um patrimônio que supera o produto interno bruto da Venezuela, país contra o qual tenta judicialmente o ressarcimento de ativos nacionalizados pelo governo venezuelano. Já na década de 40, a ExxonMobil conseguiu reverter dois processos de nacionalização do petróleo, forçando a derrubada de dois governos eleitos. Na década de 70, participou ativamente do complô que resultou no golpe militar e levou ao poder Augusto Pinochet no Chile. A ExxonMobil, em parceria com outras multinacionais estadunidenses, desestabilizou a economia chilena e financiou os militares fascistas que assassinaram dezenas de milhares de pessoas. Foi também responsabilidade da ExxonMobil o desastre com o navio petroleiro Exxon Valdez em 1989. O acidente provocou o derramamento de 41 milhões de litros de óleo na costa do Alasca. Centenas de milhares de animais morreram. A população local foi atingida, causando seqüelas à saúde até hoje, além da perda econômica dos pescadores nativos. Condenada a pagar indenização pelos danos produzidos, a empresa vem recorrendo e não pagou o que deve. A ExxonMobil sempre teve ligação íntima com os governos dos EUA. Nas eleições de 1989, sua doação a candidatos republicanos ultrapassou os 150 milhões de dólares. Atualmente, a companhia financia instituições vinculadas aos principais nomes da administração Bush. O Greenpeace, entre outras organizações, denuncia a Exxon pela campanha de boicote ao Protocolo de Quioto e pelo sistemático repasse de recursos a políticos e jornalistas a fim de questionar as teses do aquecimento global. A ExxonMobil fundou o American Enterprise Institute, que elabora relatórios “científicos” para contrapor o Painel Internacional para o Câmbio Climático. A briga com a PDVSA mostra o quanto predadora continua sendo a ExxonMobil. Na década de 70, os governos venezuelanos pró Whashington promoveram uma abertura petrolífera que privatizou parte da exploração e permitiu que as multinacionais recorressem à arbitragem internacional para dirimir conflitos. Com a eleição de Hugo Chávez em 1998 e a aprovação da constituição de 1999, a nacionalização dos recursos hidrocarburetos foi retomada e o regime fiscal também mudou. Antes as multinacionais instaladas no país sul-americano pagavam 1% sobre o lucro e 34% de impostos. Hoje, todos os projetos foram convertidos em empresas mistas em que a PDVSA é acionária majoritária e o pagamento sobre os lucros subiu para 33% e os impostos para 50%. A ExxonMobil foi a única empresa estrangeira que não aceitou o acordo. A nova carta magna eliminou a arbitragem internacional e devolveu ao Estado o direito a administrar seus recursos naturais. Em setembro de 2007, ExxonMobil ingressou em tribunais de Londres, Holanda e Antilhas requerendo indenização da PDVSA. No dia 8 de fevereiro de 2008, a decisão desses tribunais congelou de forma cautelar cerca de 12 bilhões de dólares a título de ativos da estatal venezuelana. Desde então, além da guerra econômica e política que essa medida representa, iniciou-se, de maneira articulada por quase a totalidade do sistema corporativo de mídia em escala planetária, a batalha midiática. Com o objetivo de causar confusão, dados falsos foram divulgados, informações imprecisas foram difundidas, para logo depois serem desmentidas. O passo que Bush declarou apoio à ExxonMobil, a Venezuela recebeu manifestações de países da América do Sul, como Equador e do Caribe, como a Nicarágua. Ambos empreenderão apoio jurídico à PDVA. Em resposta às tentativas de isolar seu país, Hugo Chávez disse no programa Alô Presidente de 17 de fevereiro que “Venezuela está acompanhada de muitos compatriotas e novos governos”.
Com informações de:

telesurtv.net

greenpeace.org

infoalternativa.org

wikipedia.org

exxonmobil.com

Nenhum comentário: