quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Partidos e movimentos sociais fazem ato em apoio à democracia Boliviana

Felipe Baierle

A Assembléia Legislativa do RS recebeu, nesta terça-feira (16), manifestantes de diversos partidos e movimentos sociais que protagonizaram um ato em apoio ao presidente da Bolívia, Evo Morales. O apoio se deve a crise pela qual passa a democracia boliviana, ameaçada por diversas ocupações de prédios públicos nos departamentos (Estados) onde os governadores pertencem à oposição.

Dentre os mais de 50 presentes, estiveram representadas entidades como o CPERS-Sindicato, Via Campesina, Central Única dos Trabalhadores (CUT), Associação Cultural José Martí, Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), Partido dos Trabalhadores, Partido Comunista Brasileiro (PCB), entre outras.

Além disso, o ato também lançou o livro Bolívia Jakaskiwa (Bolívia Viva) de autoria de Raimundo C. Caruso e Mariléa M. Leal Caruso, jornalistas e historiadores que compuseram a mesa palestrante. A obra de 300 páginas descreve por meio de entrevistas e reportagens as recentes mudanças políticas geradas na Bolívia pelo governo de Evo Morales.

Leia na íntegra

domingo, 14 de setembro de 2008

Municipários elegem nova direção

Adilcenara Rocha dos Santos (Nara)

Nos dias 12, 13 e 14 de agosto aconteceu no SIMPA (Sindicato dos Municipários de Porto Alegre) a eleição para a escolha da nova diretoria. Tivemos a participação de três chapas: 1, 2 e 3.
A chapa 1, denominada “Unidade pra lutar” foi a vencedora do pleito com 59,69% dos votos. Sendo essa chapa constituída na sua maioria por integrantes da diretoria anterior, até mesmo mantendo a professora Carmem Padilha como presidente, podemos afirmar que, apesar das dificuldades que a direção passada enfrentou devido aos sérios problemas existentes no SIMPA dada a herança deixada pelas más administrações do passado, constatamos com alegria o reconhecimento da categoria expresso na votação alcançada.
Eu, enquanto integrante desta chapa, me sinto vitoriosa e quero agradecer a todos os colegas do DMAE e demais setores da Prefeitura que depositaram confiança em mim e reafirmo o compromisso de lutar pelos nossos direitos e também trabalhar em prol da união desta categoria de trabalhadores.
Não medirei esforços em tentar resgatar aquele espírito de luta dos colegas do DMAE, para juntos termos força de enfrentar não só os desmandos de uma ou outra administração, como também de um processo muito maior que é o desmantelamento do Serviço Público. Lutar contra esta privatização que está acontecendo no DMAE, dada a sua condição de autarquia rendosa, que é o que aguça a ambição dos poderosos.
O que presenciamos hoje na Prefeitura e mais precisamente no DMAE é a cópia fiel do “Caminho da servidão” de Frederick Hayek expressa na retirada de nossos direitos, no achatamento dos nossos salários, sem contar as medidas punitivas impostas aos funcionários que ousam discordar em algum ponto.
O Assédio Moral é claro e notório. O nosso lema “Unidade pra lutar” é por que entendemos que, enquanto categoria de trabalhadores independentes de credo religioso ou tendência política partidária, somos trabalhadores e precisamos nos manter unidos contra esta força bruta e impiedosa chamada capitalismo.

Leia na íntegra

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Brasil discute manutenção da exigência de diploma para jornalistas

Felipe Baierle
Lei que decide a regulamentação da profissão será votada nos próximos meses pelo Supremo Tribunal Federal. Paradoxalmente, vem da época da ditadura militar o decreto lei que regula o fazer jornalístico.
A 13 de março de 1979, estabeleceu-se a obrigatoriedade do diploma de curso de nível superior de Jornalismo ou de Comunicação Social com a habilitação Jornalismo para os profissionais do ramo. No entanto, a decisão foi contestada e deve ser julgada pelo Supremo Tribunal Federal nos próximos meses.
O argumento utilizado para desregulamentar a profissão é de que o diploma fere a liberdade humana fundamental de livre expressão, prevista na constituição federal brasileira. Diversos interesses fomentam a polêmica crescente sobre qual lei deve prevalecer.
Para a Profª. Me. Ana Cláudia Chagas Nascimento, o diploma universitário representa “qualificação dos profissionais da área do jornalismo, e também, por conseqüência, qualificação do mercado”. Ela salienta que, indiretamente, estamos discutindo a qualidade da informação a que a sociedade tem direito.
O Parcial quis saber também a opinião do presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do RS, José Nunes. Ele observou que uma possível liberação total para o exercício da profissão poderia beneficiar somente os donos de empresas jornalísticas, pois teriam liberdade ainda maior de contratar quem quer que fosse para exercer a função, mesmo em detrimento de conceitos ético-técnicos fundamentais para a qualificação do profissional.

Os estudantes também estão inseridos na discussão. Universidades como Unisinos e UFRGS já realizaram seus debates. Segundo informações da coordenadoria do curso de Jornalismo da PUCRS, nos próximos dias a Famecos também abrirá espaço para discutir o tema.

Leia na íntegra

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Porto Alegre grita mais cedo

Felipe Baierle
Tradicionalmente realizada no dia 7 de setembro, a manifestação Grito dos Excluídos, será antecipada para o dia 5 de setembro (sexta-feira). A mudança da data foi justificada pela Central Única dos Trabalhadores (http://cut-rs.org.br/) com o objetivo de unir o Grito com a Marcha dos Sem, também prevista para setembro.
Os manifestantes, que esse ano terão como lema a dignidade humana, prometem fazer a entrega de documentos "à algumas instituições públicas, denunciando a corrupção instalada durante o governo Yeda/Feijó".
A 13ª edição da marcha e 14ª edição do Grito terá concentração às 13h, na Praça Pinheiro Machado (Av. Farrapos). A saída da caminhada está marcada para as 14h30min.

Leia na íntegra

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Protesto é crime!

Felipe Baierle e
Mauricio Bosquerolli

Quem é que nunca ouviu aquela frase: – Vão trabalhar seus vagabundos - gritada por algum transeunte aos manifestantes que ocupam as ruas para reclamar ao poder público o cumprimento constitucional dos direitos da maioria?
Ou quem nunca leu em alguns jornais que – Uma manifestação pública está interrompendo o trânsito, atrapalhando a população? Quando há uma greve, por exemplo, qual é o status que é dado a esse movimento pela mídia e pelas “autoridades”?
Os mesmo grupos continuam afirmando que a paralisação só traz prejuízos à sociedade. Quais prejuízos não são maiores senão aqueles causados pelos motivos que fazem milhares de homens e mulheres levarem às últimas conseqüências suas convicções de que precisam se mobilizar para garantir a dignidade e efetivação, pelo menos, dos direitos sociais garantidos na Constituição? Saúde, educação, terra, trabalho, moradia, segurança, lazer, cultura, enfim, tudo aquilo que a gente sabe ou deveria saber que é um direito assegurado na Constituição, mas o Estado não cumpre.
Em entrevista concedida para O Parcial, a presidente do CPERS, Rejane de Oliveira, explica os motivos que a classe dos professores tem para estar descontente: “Como nós nos manifestamos contra essa política de desmonte e a política de falta de atendimento à população, o Governo responde tentando passar para a sociedade a questão de que os movimentos sociais cometem crimes, quando nós estamos usando do nosso direito, estabelecido pela constituição, que é o direito à manifestação”.
Ou alguém tem dúvida de como todas essas questões são dramáticas para a maior parte do povo?
Existem segmentos sociais que propõem o debate sobre o futuro do país. São estudantes, trabalhadores de várias categorias do setor público e do setor privado, desempregados, artistas e sem-terra organizados em movimentos. Eles vão para rua reinvidicar.
Há, porém, instituições e classes sociais que encontram argumentações para transformar um ato democrático em crime. É o caso do coronel Paulo Mendes, comandante geral da Brigada Militar. Ele diz considerar legítimas as manifestações populares, entretanto, define os métodos empregados nas passeatas, bloqueios e ocupações, tal como delitos. “Invasões de propriedade, danos ao patrimônio público e privado são delitos que devem ser combatidos pela Brigada Militar”, afirma Mendes.
O comandante parece atento aos preceitos constitucionais: “Até por que, a Brigada Militar tem a atribuição constitucional da polícia ostensiva preventiva”. Na prática, a leitura que o coronel faz é da manutenção da ordem. O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) se transformou nos últimos anos no principal destino de toda essa “ostensividade constitucional”.
A agressão se materializou nos fatos ocorridos no dia 4 de março na fazenda Tarumã, onde 900 mulheres foram despejadas e 50 delas feridas à bala de borracha e estilhaços de bomba pela Brigada Militar. Ou como no dia 12 de junho, quando a polícia prendeu manifestantes do MST que protestavam em um supermercado da rede Wall Mart, em Porto Alegre.
Ainda na capital, no dia 18 de março, em ação ordenada por Mendes, na época subcomandante, professores e estudantes foram presos ao tentar ocupar o Centro Administrativo do Estado. Não sendo suficiente toda a violência utilizada, a BM (Brigada Militar) deteve um estudante durante protesto contra a corrupção em frente à nova casa da governadora Yeda, no dia 30 de junho.
Sim, aquela mesma que pode ter sido comprada com sobras do dinheiro das estatais investido (ou desviado?) na sua campanha em 2006, cujas práticas de financiamento já foram bem explicadas pelo ex-secretário Cesar Buzatto. Mendes não admite exageros por parte dos movimentos sociais.
Quando questionado se a BM atua de forma violenta, o coronel desconversa: “Também vislumbro exageros, quando na fazenda Southal foram mortos animais domésticos, cães, gatos e gatinhos e jogados no poço de água que abastece (ou abastecia) a fazenda. Isso para nós é exagero.”
No polêmico processo movido pelo MPE (Ministério Público Estadual) em conjunto com a BM, que veio à público em junho desse ano, se sagrou mais uma vez a política do medo. Parafraseando o período da ditadura militar brasileira, objetiva-se com tal processo, a dissolução de um movimento social legítimo, o MST.
As alegações seguem margeando os mesmos argumentos utilizados pelos militares nas décadas de 1960 e 1970. A “segurança nacional”, novamente como pretexto para realização de interesses políticos antagônicos aos da classe trabalhadora.Baseado nesse processo, o MPE criou “áreas especiais” no Rio Grande do Sul, onde não é permitida reunião, manifestação ou ocupação por parte dos movimentos sociais.
As razões alegadas estão, entre outras, baseadas em denúncias de que o MST teria ligações com as FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e que estaria ocupando pontos estratégicos do RS para fins escusos.
Denúncia que foi investigada pela Polícia Federal, que concluiu inexistirem vínculos com as FARC ou a prática de crimes contra a segurança nacional.Ora, como pode uma resolução de um órgão estadual ser mais relevante que a carta máxima das leis brasileiras, a Constituição Federal?
O Estado, que coloca a lei como seu princípio maior, princípio pelo qual explica as recorrentes surras em manifestantes, é o primeiro a esquecer todos os direitos do cidadão, quando isso lhe convém. Mas, os movimentos não se calarão.“Decidimos não nos acovardar.
Desde 1988, quando cai definitivamente a ditadura no país, vivemos em um estado democrático que permite a livre manifestação, a livre organização e o direito de reunião”, expõe um militante do MST, presente na recente ocupação ao prédio do INCRA.
Apesar do susto trazido pela ação inconstitucional, os Movimentos Sociais seguem acreditando na possibilidade de construção de um mundo mais justo e democrático.
Para o sem terra, “o acesso a terra é um direito humano fundamental, portanto, mesmo o direito a propriedade privada não nos impede de fazer as nossas lutas. A constituição está do nosso lado. Nós rompemos com a ditadura há 20 anos ela não vai voltar agora”.

Leia na íntegra