Diga-me com quem andas e te direi quem és
Felipe Baierle
Felipe Baierle
“Todos os governadores só chegaram aqui com fonte de financiamento – hoje é o Detran, no passado foi o Daer. Quantos anos o Daer sustentou?”, isso é justamente o que a população gaúcha gostaria de saber Sr. Busatto. A crise do governo Yeda mais parece uma novela rocambolesca do que propriamente um caso contundente de corrupção. A cada semana uma nova gravação, um novo capítulo. Um novo pronunciamento da Governadora. E lá vão os movimentos sociais tentar garantir a integridade do Rio Grande. Várias manifestações foram realizadas com o intuito confesso de derrubar o governo. Muitos querem a cabeça de Yeda. Durante a última sexta-feira, 13 de junho, em ato realizado em frente ao palácio Piratini centenas pediram a renúncia da tucana. O CPERS foi o responsável pela organização do ato, mas diversos campos compareceram em solidariedade. A atual vice-presidente desse sindicato, Rejane de Oliveira, acredita que “este governo não tem legitimidade para governar o Estado. Este governo se elegeu a partir de verbas públicas, ilícitas, que foram distribuídas pelos partidos. (...) Este governo não tem nem compromisso, nem capacidade, nem competência e nem legitimidade para governar esse Estado”. Vale ressaltar que uma bandeira estranha ao movimento também tremulava em cima do carro de som utilizado no ato. Os manifestantes puderam observar o comparecimento da UNE (União Nacional dos Estudantes) naquela tarde. Geralmente alheia aos anseios do movimento estudantil a União teve um discurso essencialmente ouvido. Explico. Não houve gritos de aprovação como em todas as outras falas e sim, o que imperou, foi a curiosidade geral sobre o que diria o representante da entidade. Mateus Fiorentini, vice-presidente da UNE no Rio Grande do Sul deu seu depoimento para O Parcial. “Nós já temos atos marcados em todas as unidades da UERGS (Universidade Estadual do Rio Grande do Sul), até o dia 20 de junho. (...) dia 30 vamos ter um ato estadual da UERGS aqui em Porto Alegre.” Como se não bastasse, ainda tem mais! Em denúncia feita pela agência de notícias Carta Maior, aparecem conexões do escândalo com a nossa grande mídia local. Em trecho do documento do ministério público lê-se (o grifo é nosso): “O grupo investia não apenas na imagem de seus integrantes, mas também na própria formação de uma opinião pública favorável aos seus interesses, ou seja, aos projetos que objetivavam desenvolver. A busca de proximidade com jornais estaduais, os aportes financeiros destinados a controlar jornais de interesse regional, freqüentes contratações de agências de publicidade e mesmo a formação de empresas destinadas à publicidade são comportamentos periféricos adotados pela quadrilha para anuviar a opinião pública, dificultar o controle social e lhes conferir aparente imagem de lisura e idoneidade”. O documento não revela os nomes dos jornais, mas aqui existem apenas dois grandes jornais de circulação regional: Zero Hora e Correio do Povo.Se por um lado a população se choca com a corrupção, por outro tudo vira piada. Assim está sendo na internet. Inúmeros vídeos foram postados dando eco às denúncias populares. Talvez o mais popular dos escrachos seja o vídeo da novacorja.org: A queda da Desgovernadora. Trata-se de trechos do filme A queda (filme que trata a derrocada de Hitler em seus últimos dias de vida) legendado com diálogos engraçadíssimos atribuídos a Governadora. Vale a pena conferir.Não se sabe em que vai dar todo esse fuzuê. Tem lama para todo lado e o governo foi seriamente atingido. A podridão tomou para si a iniciativa de retirar seu viço, cabe aos movimentos sociais podá-lo definitivamente.
Um comentário:
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