sexta-feira, 26 de junho de 2009

Catador fora-da-lei

Felipe Baierle

São onze horas da manhã de uma quarta-feira chuvosa e estou na entrada da Vila Chocolatão. Rodeado de prédios luxuosos, o amontoado de maloquinhas é por si só um milagre.

Há muito tempo se fala na remoção dos moradores da vila para que se desocupe o terreno pertencente a União. A sorte das pessoas dali é que nunca conseguiram transferi-los. Porque se conseguissem, os catadores não poderiam trabalhar, pois estariam longe do lixo do centro, nem os traficantes, que por sua vez não teriam playboys querendo drogas, nem as faxineiras ou pequenos batedores de carteira, nem os guardadores de carro, que não teriam carros para guardar.

Na calçada próxima à entrada da vila tem um; guardador de carro. Devo estar parecendo meio ridículo parado, debaixo dessa chuva, porque o cara ta me olhando com uma expressão estranha.

Não sou louco, marquei com o seu Antônio aqui. Estou esperando ele para uma entrevista. Por falar nisso, ele está atrasado. Vou entrar na vila e ver se alguém sabe onde ele mora.

Entrei pela pequena rua de chão batido que fica de frente para o parque Harmonia. Duas crianças brincavam em meio ao barro. Um gurizinho de uns dez anos se divertia jogando um besouro no cabelo de uma menina um pouco mais velha.

Riam muito, não pareciam ser crianças infelizes. E ainda por cima eram muito inteligentes. Logo que pedi me levaram até a casa do seu Antônio, cheguei rapidinho.

“Ô seu Antônio, esqueceu de mim? Estava lhe esperando lá na rua”, disse eu. “Pois é vizinho, pensei que o senhor nem vinha mais com essa chuva. Mas entra, a casa é sua”, me disse um muito educado catador de 32 anos, barba rala e cabelo bem penteado.

A casa do Sr. Antônio fica nos fundos de um terreninho onde estão mais quatro casebres de madeira. Na pequena residência de cinco metros de comprimento por três de largura só haviam três objetos de valor. Um aparelho de DVD, uma TV e um tanquinho branco de lavar roupas.

“Ó Rosa, esse aqui é o moço que eu falei. Ele veio aqui pra fazer a entrevista por que querem tirar os carrinhos da gente”, disse Antônio a título de apresentação. Dona Rosa, mulher dele, na verdade se chama Rosimeri Gulart Vieira. Desempregada, Ela também achou sustento na catação de material reciclável: “eu abro o saco (de lixo) e fecho direitinho. Às vezes, o meu marido até me xinga dizendo que ‘não dá tempo de arrumar tudo’. Não, eu tenho que amarrar direitinho”, explicou.

A energia elétrica que alimenta a TV e o chuveiro da casa onde moram Rosa, seu filho e Antônio vem de um gato. Pra quem não sabe, “gato” é uma instalação elétrica ilegal feita no poste sem que o usuário tenha que pagar pela luz. Uma estratégia de sobrevivência fora-da-lei.

Perguntei pra dona Rosa se ela não achava boa a situação, já que provavelmente não teria dinheiro para pagar a luz se lhe fosse cobrada. “Eu não acho que é melhor assim. É melhor tu ter o teu dinheiro e pagar as tuas contas do que...” completou a frase com um gesto de mão que queria dizer afanar, roubar.

Leis e pobres
Rosa e Antônio não sabem direito o que determina a Lei das Carroças. Não tem a real dimensão do que vai significar em suas vidas o “Programa de Redução Gradativa” de veículos de tração humana e animal em Porto Alegre.

Se soubessem que a lei de autoria do vereador Sebastião Melo (PMDB) proíbe a circulação de todo e qualquer veículo de tração humana ou animal em um prazo máximo de oito anos, não dormiriam tranquilos.

Perguntei a dona da casa se ela não acha que as leis são contra a sobrevivência dos pobres. Ela concordou, mas sem desânimo. Disse que “Deus não quer” a morte do povo e transpareceu ser uma pessoa feliz, sem rancores apesar de tudo. Dona Rosa e seu Antônio são desse tipo de gente “que ri quando deve chorar e não vive, apenas agüenta”. Aliás, essa música não saiu da minha cabeça durante toda a entrevista.

Adin
A ação direta de inconstitucionalidade movida recentemente pelo Ministério Público a pedido do Movimento Nacional dos Catadores, pode ser a luz no fim do túnel para muitas pessoas como seu Antônio e dona Rosa. Segundo a sub-procuradora para assuntos jurídicos do Ministério Público gaúcho, Ana Maria Schinestsck, “a lei 10.531 atribui uma série de condutas ao município. Entendemos que tem que haver uma regulamentação, mas isso tem que partir do município (poder executivo)”.

Caso ainda assim a Lei das Carroças encontre uma forma de vigorar, os catadores gaúchos não deixarão de trabalhar. Já aparecem pelas ruas pessoas carregando o material reciclável no braço, sem carrinho nem carroça. Mais uma maneira de sobreviver em uma cidade em que até o trabalho parece ser contra a lei.

Leia na íntegra

A mosca da PUC

Vicente Rao
Esqueça Kafka, aquele chato que se sentia uma barata.
Acompanhe meus dissabores na cozinha da PUC.
Quem sou eu?
Uma mosca.

Eram quase sete horas da noite. Eu não esperava que eles voltassem antes do jantar. Estava na mesa da cozinha recolhendo migalhas de pão quando a luz acendeu.

O clarão insuportável me cegou por uns instantes. Logo reconheci a voz de uma mulher berrando "tá cheio de moscas"!

Meu coração disparou. Voei para o teto. Me agarrei num cano. Tentei me esconder, mas a mulher já tinha me visto.

Eu conheço ela. É do tipo obsessivo. Não pode nos ver que tem um ataque de nervos. Ontem, ela matou alguns dos meus irmãos. Preciso ficar longe enquanto ela estiver com aquele spray na mão.

Não tenho medo dela. Temo é morrer sem completar minha missão de contatar com os humanos.

Sei lá porque escolhi este destino. Minha companheira quer que eu desista. Todos os dias me convida para ir morar no lixão da Ipiranga.

Mas eu não me entrego. Vou voar pelo campus todos os dias até cumprir minha missão. Sobrevivo como posso. Fico sempre alerta quando sinto o cheiro do veneno no ar - nenhuma de nós pode voar mais rápido do que um jato de spray.

Já vi muitas morrerem assim. A agonia dura segundos, o que é uma eternidade no nosso tempo de vida. Minha mãe morreu de um toalhaço. Se eu tivesse que escolher, preferiria mil vezes o toalhaço. É rápido, provavelmente indolor. Ou morrer de tapa, como aquele do Obama na Leslie (sim, era uma enviada nossa que tentava se comunicar com o homem mais poderoso da Terra).

Eu estava contando que estava na cozinha ? A velha saiu, ufa. Um garçon abriu a geladeira para tomar uma Coca. Pousei na porta, esperando uma chance de entrar, pegar alguma coisa, saltar fora. As pessoas sempre deixam a porta aberta por vários minutos, anos na minha vida. Voei rápido pra cima de uma feijoada - brrrr, odeio quando está fria.

Depois da janta, voei pra biblioteca. Faz tempo que estou esperando uma chance de usar o computador para minha missão de me comunicar com os humanos.

Se nós entendemos de computação? Claro que sim.

A sabedoria foi acumulada por milhões de moscas no mundo inteiro. Elas pousam nos videos ou em livros abertos para entender do assunto. A maioria morreu na tentativa, mas, finalmente, um texto foi produzido - o manual está em centenas de microbibliotecas pelo mundo todo.

Raciocine: com as telas dos computadores sensíveis ao toque de um dedo humano, não estamos muito perto de conseguir nos comunicar com os donos dos dedos, apenas pousando nas teclas dos computadores deles?

Acho que quando a primeira mosca conseguir vencer esta barreira, os humanos poderão obter grandes vantagens. Eles vão entender mais de doenças, de microorganismos, de genética. E espero que então parem de nos perseguir. Nós também somos gente (o conceito desta palavra se aplica primeiro a nós, depois aos humanos). Somos até mais inteligentes do que eles, porque nos adaptamos em qualquer lugar.
Nosso problema é a incomunicabilidade.

Os humanos não nos entendem. Nós tentamos de tudo, já falei da valentia da Leslie. Dias atrás li numa revista que uma turma na Holanda resolveu pousar numa mesa, num instituto de pesquisas, formando palavras. Mas, logo foi varrida com spray por um idiota que não se deu ao trabalho de ler a mensagem de paz.

O perigo deste sistema é que cada vez que nos juntamos em grandes bandos, logo vem uma reação violenta. Não admira que muitas de nós nem tentem mais se expressar.

Vejam o que aconteceu em Copenhagem: outro bando de moscas (tontas), bolou uma genial: sujar as patas de tinta, voar em grupos e manchar o papel com palavras. Escreveram "Nós queremos contato com os humanos". E as babacas assinaram "moscas". Depois, pousaram num canto da mesa pra ver a reação - só para morrer de toalhaço.

Tem o filme. A Mosca. Horripilante. Nenhuma de nós consegue crescer tanto. Nossa baba não é tão espessa. Nunca comemos do jeito que eles apresentam no filme . Nossa vida é mais curta. Eu nasci ontem, fiquei sabendo de todas estas coisas em meia hora, sei que minha vida vai acabar amanhã. Não daria para fazer um longa metragem.

Eu disse que tava na bibliotek?

Hoje, dei sorte. Encontrei o computador ligado. Estou na tela, escrevendo este texto. Toco com as patas, as letras vão saindo direitinho. Espero que vocês acreditem que foi uma mosca quem conseguiu esta proeza!

Quero bater a barata do Kafka. A coitada conseguiu escrever seu livro, mas depois da obra pronta, disseram que foi ele. Bobagem. Creio que seja da barata mesmo. Nós moscas pensamos, existimos, lutamos, morremos. As baratas também devem ser assim, iguais aos humanos, mas noutra esfera.

Ih, lá vem o zelador desligar o computador.

Que sorte, pousei no SALVAR COMO!

Você me lê, então minha obra está pronta.

Fiz o que podia.

Vou voar para a cozinha.

Porto Alegre, campus da PUC, 18 de junho de 2009
(ano 5.456.767 do calendário mosquico)

Leia na íntegra

Nasce um novo movimento

Samir Oliveira

Nos próximos dias, “aquarela” vai significar muito mais do que uma pintura feita com tintas diluídas em água. Vai significar mais igualdade. Mais tolerância. Mais compreensão. Pode parecer estranho, mas todas essas expressões vão se encaixar quando se tornar público o movimento Aquarela da População de Rua.

No dia 23 de julho, a população em situação de rua da Capital, estimada em mais de 1200 pessoas, de acordo com a própria prefeitura, pretende mostrar que está organizada, que não deve ser menosprezada. Um ato no largo do Zumbi vai hastear à sociedade a bandeira do movimento, seus integrantes e suas demandas. “Nós queremos mostrar que morador de rua não é qualquer objeto que dá para pegar e sair chutando”, denuncia Zilmar Ribeiro, envolvido na criação do projeto Aquarela e residente do Abrigo Marlene.

O novo movimento surge para, entre outras finalidades, romper com o Fórum dos Moradores de Rua e enraizar na cidade uma representação democrática dessa população. Os idealizadores acusam a antiga estrutura de não dar apoio às demandas coletivas e de beneficiar somente algumas pessoas. “O Fórum fazia parte de um segmento dentro do Orçamento Participativo, não tinha a perspectiva de conscientização”, critica Sérgio Borges, um dos articuladores.

O núcleo de assistência social das casas de convivência de Porto Alegre garantiu que os tons da aquarela saíssem do papel. Graças a esses profissionais, os moradores de rua conseguiram um local para se reunir semanalmente (a sede do Sindicato dos Municipários de Porto Alegre) e deliberar sobre o movimento, além de usufruírem da orientação de quem é capacitado para lidar com essas situações. “Dentro das nossas atribuições está a motivação e o incentivo para organização coletiva. Isso faz parte do nosso cotidiano”, declara Rejane Pizzatto, assistente social da Casa de Convivência e uma das envolvidas no movimento Aquarela.

Violência e preconceito
Um dos focos de atuação da nova célula vai ser o combate à violência ostensiva da Brigada Militar. Não são raras as queixas de abuso de autoridade e emprego desnecessário da força física. “Os brigadianos muitas vezes levam o morador de rua para dentro do batalhão para lavar os veículos dos oficias”, lamenta Sérgio. Zilmar lembra a truculência sofrida pelas fardas: “Eles chegam chutando, mandando embora, não querem nem saber”, desabafa.

É para que pessoas deixem de ser escorraçadas como animais que o movimento Aquarela pretende agir junto aos órgãos competentes, como Ministério Público e Câmara de Vereadores. Zilmar ainda alerta um temor que se avizinha. “Com a Copa do Mundo, certamente ninguém vai querer ver morador de rua na cidade. O que vão fazer com essas pessoas?”, questiona.

A prefeitura, que tem na Fundação de Assistência Social e Cidadania (Fasc) um braço de apoio à população oprimida, desconhecia a articulação do grupo Aquarela. Entretanto, o diretor técnico da Fasc, Mauro Vargas, aclamou a iniciativa: “Somente com esses movimentos nós vamos conseguir ter recursos significativos para esse contingente excluído”. O órgão admite os abusos orquestrados pelos detentores da força. “Quando eles apanham na rua, para quem eles vão recorrer? Não é para a polícia, óbvio”, asseverou Vargas, completando que “o cidadão comum e o policial precisam ter em mente que morador de rua não é marginal”.

Leia na íntegra

Uma garrafa é muito, uma caminhão é pouco

Carolina Soares Marquis
Um portão pequeno de ferro pintado de preto e uma porta discreta. Ao atravessar a porta se vê desenhos que, se vítimas de um olhar distraído, poderiam ser confundidos com rabiscos infantis. Não o eram. Pinóquio fumando, dragão fumando, chaminé fumando, esqueleto-quase-apagado-pelo-tempo fumando. A maioria dos desenhos daquela ex-parede branca e atual parede suja fumavam. Exceto por um arco-íris em que mais da metade das cores faltavam e uma pergunta instigante questionava incessantemente: “quem sou eu?”.

Essa pergunta não é difícil de ser descoberta depois que se dão alguns passos e chega-se a uma sala com bancos longos e de madeira vulgar, muitas placas, fichas coloridas, cartazes, imagens de santos pendurados nas paredes e um aviso luminoso que não parava de piscar e lembrar aos desavisado: “EVITE O 1º TRAGO. DE 24 EM 24 HORAS”.

AA – Alcoólicos Anônimos.
No AA todos se chamam de “companheiro(a)” porque verdadeiramente o são. Foram companheiros na bebida e agora são de recuperação no programa de 12 passos.

1. Admitimos que éramos impotentes perante o álcool - que tínhamos perdido o domínio sobre nossas vidas.
2. Viemos a acreditar que um Poder superior a nós mesmos poderia devolver-nos à sanidade.

Companheira Sandra II

Mulher de cabelos pretos e bem cuidados cortados à altura dos ombros. Por sua figura poderia perfeitamente ser a vendedora de uma loja de roupas infantis, ou a orientadora pedagógica de um colégio de classe média, mas não o é. É uma alcoólatra em recuperação como a maioria das pessoas que está naquela sala de janelas de banheiro.

Sandra diz estar há 24 dias sem beber e isso é, para ela, a maior vitória já alcançada. Essa mulher de quarenta e poucos anos começou a beber em 1999, no mesmo período que entrou em profunda depressão. Desde então ela se embriagava quase que diariamente. Decepcionou filhos e familiares, perdeu o emprego que tinha de secretária de um ginecologista e chegou ao que eles chamam de “fundo do poço”.

3. Decidimos entregar nossa vontade e nossa vida aos cuidados de Deus, na forma em que O concebíamos.
4. Fizemos minucioso e destemido inventário moral de nós mesmos.

Companheiro Sílvio VIII

Camiseta da banda Kiss. Cabelos compridos e revoltos presos por um elástico amarelo de amarrar o dinheiro que ele não tem. Calça preta. All Star preto. Pele maltratada cravada por algumas espinhas. Alcoólatra.

O companheiro VIII diz ter se mantido bêbado por 30 anos. Estava há dois sóbrio até o dia 18 de maio.

“Pra mim a bebida é fogo. O álcool é um conforto que eu nunca encontrei igual. Dia 18 não suportei: acordei, tomei três doses de uísque, almocei e dormi. Agora é levantar, sacudir a poeira e seguir em frente.”
Todos na sala enxergam o Sílvio que há dentro de cada um deles. O Sílvio que não agüenta e se rende ao vício, o Sílvio que simplesmente não pensa na manhã seguinte e nesta se entrega a uma dose de uísque.

Uma senhora magrinha de cabelos brancos sentada na última fila se levanta e vai ao encontro do gigante vestido de Kiss e lhe dá um abraço incrivelmente puro.

5. Admitimos perante Deus, perante nós mesmos e perante outro ser humano, a natureza exata de nossas falhas.
6. Prontificamo-nos inteiramente a deixar que Deus removesse todos esses defeitos de caráter.

Companheiro Jairo G.
“Eu já fui internado quarto vezes, já fui batuqueiro e já fui evangélico. Só no AA eu encontrei a cura. E eu nem entrei aqui pra me curar: entrei aqui pra mostrar pra minha família que eu tinha tentado de tudo e nada tinha funcionado. Entrei aqui para pararem de me encher o saco. E não é que funcionou?”

Assim Jairo inicia seu depoimento. As palavras duras não combinam com seu jeito descontraído e brincalhão. A maneira como as profere, faz com que elas percam parte do peso e ganhem leveza.
O companheiro diz ter mentido tanto na vida que hoje em dia, ao tentar se lembrar de alguma história do passado, ele não sabe dizer ao certo qual parte é verdadeira e qual é inventada. Ele mentia para conseguir dinheiro, mentia para justificar suas ausências, para ganhar tempo, para ouvir palavras de conforto, mentia porque sim e porque não.

Quando Jairo fala isso, muitas pessoas que o escutam e esperam sua vez de falar baixam a cabeça e, provavelmente, vêem nele sua imagem e semelhança. A mentira é um ponto comum entre os companheiros de AA. A mentira é um sintoma da doença que todos naquela sala compartilham.

7. Humildemente rogamos a Ele que nos livrasse de nossas imperfeições
8. Fizemos uma relação de todas as pessoas que tínhamos prejudicado e nos dispusemos a reparar os danos a elas causados.

Companheiro Osvaldo II

“Hoje eu não bebi e tá bom. Tá muito bom. Hoje. Tá ótimo. Tô levando. Graças a Deus.” Segundo relatos, é dessa forma que começa o depoimento do companheiro Osvaldo há 15 anos, que é também o tempo que ele está sem beber.

“Fundamentalmente eu venho às reuniões pra lembrar que eu sou doente. Sem vir aqui não funciona, não dá certo. Porque eu não sei dar uma banda: eu sei é ir pro boteco. Se eu bobear ela me pega mesmo. O difícil não é parar de beber: é continuar sóbrio”.Essa é a sina de todos os membros do AA: a vontade permanente de dar o primeiro gole e a consciência do perigo que esse representa para sua recuperação.

9. Fizemos reparações diretas dos danos causados a tais pessoas, sempre que possível, salvo quando fazê-las significasse prejudicá-las, ou a outrem.
10. Continuamos fazendo o inventário pessoal e, quando estávamos errados, nós o admitíamos prontamente.

Companheiro Abroir
No momento em que a coordenadora profere o nome de Abroir inicia um burburinho na sala. Aqueles que estão em sua primeira reunião não entendem o porquê da reação da “platéia”, mas bastam alguns segundos para ser compreensível a todos a razão do fuzuê: Abroir é das figuras mais carismáticas do AA.

O vocabulário que utiliza deixa transparecer a todos a origem simples da qual provém. Os cabelos brancos e a pele negra contornam a bonita pessoa que é.

“Quando eu fui internado eu vi o bicho; eu vi ‘as parede’ rachar. Todo mundo me dizia:’bêbado, gambá e maconheiro tu vai ser até morrer. Tu não tem mais salvação’. Na Pinel eu vi que ali dentro 50% era louco e os outros 50% achava que não era”, fala de maneira expansiva e bem resolvida o Abroir.

O companheiro admite que o momento mais difícil foi também o mais importante para sua recuperação: “quando a gente se dá conta que tem que mudar é ótimo, mas mudar dói mais que qualquer outra coisa”.

“Cheguei aqui chamando urubu de ‘minha loira’. Hoje tá tudo mudado graças a Deus, a vocês e a minha força interior”.

11. Procuramos através da prece e da meditação, melhorar nosso contato consciente com Deus, na forma em que o concebíamos, rogando apenas o conhecimento de Sua vontade em relação a nós e forças para realizar essa vontade.
12. Tendo experimentado um despertar espiritual, graças a estes passos, procuramos transmitir esta mensagem aos alcoólicos e praticar estes princípios em todas as nossas atividades.

Companheiro Norli
Norli é, na verdade, o ideal de recuperação de todos os presentes na sala do grupo Santana e, provavelmente, em todos os outros grupos do AA. Em processo de recuperação há 32 anos Norli está a esse mesmo tempo sem beber o primeiro gole. Está também há 32 anos freqüentando religiosamente as reuniões desse grupo que ele ajudou a fundar.

Norli é prático em seu jeito de falar e diz: “estou aqui por um compromisso moral, me sinto obrigado a contribuir para a recuperação dos meus companheiros uma vez que eu já tive toda a ajuda que precisei”.

Mas o senhor de oitenta anos diz que está ali principalmente para exercitar a cabeça. “Tenho mania de me atualizar em tudo: no AA e nos jornais. Esses dias eu disse pra Preta que a gente é o casal mais bem informado de Porto Alegre – a gente sabe de tudo! Estou aqui por uma questão racional; nada de sentimentalismos baratos”.

O idoso pensante também se mostra bem humorado: “vou terminar com uma anedota para que as pessoas não pensem que a gente só sofre por aqui. A gente chega triste, mas sai feliz por nossas vitórias”.

Leia na íntegra

CPC: novo ambiente de trabalho gera insatisfação

Leila García

O Centro Popular de Compras (CPC) é o endereço de 800 ex-camelôs, agora caracterizados como vendedores populares. Fora das ruas demonstram descontentamento, já autoridades e sindicato destacam qualidades.


Desde os dez anos de idade Raimundo Debem (48) é vendedor. Na década de 90, em frente ao Mercado Público, na Praça XV, já tinha ponto fixo licenciado pela Secretaria Municipal da Produção, Indústria e Comércio (Smic) e profissão definida: camelô.Já Vicente Rocha trocou a profissão de representante comercial pela informalidade, há 20 anos, quando o aumento da pirataria enfraqueceu as vendas. Desde então passou a ofertar seus produtos na rua. “Fui o primeiro a colocar as camisas de times esportivos nas ruas”, orgulha-se. Há um ano estava na Rua dos Andradas e, também, alugava banca de um portador de deficiência da Praça XV.

Em 2007, por decreto Municipal ficou determinado e normalizado o funcionamento do CPC. Nesse ano, foi anunciada a transferência dos camelôs que concentravam suas atividades nas principais ruas e praças de Porto Alegre.

Desde o princípio, prevaleceu a divergência entre os camelôs e as autoridades, em relação a escolha dos contemplados e o modo de alocação. Assegurada a preferência aos portadores de deficiência visual, o tempo de propriedade de banca nas ruas foi determinante para aos demais. Conforme o fiscal da Smic Valter Souza Correa, “a ideia era que os ambulantes ocupassem o CPC por antiguidade. Mas os da Andradas queriam sorteio entre todos, seria injusto, pois, a feira era em tempo parcial”. Cerca de 30 comerciantes, ainda estão na lista de espera e aguardam espaço no CPC, já que está proibida a atividade dos camelôs nas vias públicas.

Tanto Debem, como Rocha apontam queda de 50% nas vendas. Os 10 mil metros de extensão do CPC são divididos, por duas passarelas, em dois blocos e placas indicam a existência de mais lojas ao fundo. A banca de Rocha está situada no chamado “lado B”, em direção a Avenida Mauá, após a passarela, com apenas uma entrada lateral e considerado o ponto de menor fluxo e vendas.

Contudo, essa divisão não estava prevista no projeto original. Estavam previstos, porém, acessos a todas as ruas do entorno. Antes os camelôs estavam espalhados e os produtos ficavam a mostra para todos que passavam no centro, hoje, “os vendedores estão concentrados em um único ponto, com mercadorias semelhantes, então as pessoas entram, olham a primeira banca e saem“, relata Rocha. “Jesus não agradou a todos, tem muitos camelôs que não querem ficar ali e criam mil obstáculos” é o que afirma Moacir Gutierres de Souza, presidente do Sindicato dos ambulantes.

Souza, garante que a maioria dos ambulantes está satisfeita com o novo ambiente, localizado numa área central, com fácil acesso e infra-estrutura. A Smic considera ilegítimas as reclamações, pois tem observado o aumento da disponibilidade de mercadorias e aquisições por parte dos ambulantes.

Por ficarem em torno de 12 horas por dia nas bancas, os comerciantes revelam que o custo da alimentação é alto, já que é o mesmo cobrado aos clientes. Por isso recorrem a clandestinidade, ou seja, comidas fornecidas as escondidas por alguém de fora. Quanto a utilização dos sanitários, obrigam-se a deixar as bancas fechadas, porque têm de esperar a fila formada por clientes que querem utilizar o serviço gratuito destinado somente aos vendedores.

A necessidade de investimento dentro do CPC é maior do que nas ruas. Além de manter a banca sortida é necessário pagar o aluguel cobrado de acordo com o espaço disponibilizado e condomínio. Nas ruas, Rocha tinha despesas com o aluguel do espaço na Praça XV, local para guardar o carrinho e transporte dos produtos, cerca de 250 reais. Agora paga em torno de 470 reais pela infra-estrutura e espaço de 3,33 metros, ao qual se refere como “gaiola”.

“O camelô sempre vai dar uma chorada, por causa do tamanho da loja, ou de onde está”, afirma Correa. Se, é este o caso, Debem afirma que já comeu o próprio carro e até agora só teve prejuízo. Já Rocha, olha com ansiedade para a rua quando está chovendo, “antes a gente corria até o atacado e comprava guarda-chuva, pegava as pessoas desprevenidas e já ganhava alguma coisa, agora fico sentado esperando o cliente aparecer”. O fluxo de pessoas é grande nos corredores do camelódromo e como as compras não acompanham o mesmo ritmo, no quarto mês de funcionamento o CPC ainda vive de expectativa.

Leia na íntegra

O filho de Brasil e Angola

Caroline Berbick

Qual a relação entre Brasil e Angola? Ambos foram colonizados pelos portugueses, têm grande diversidade cultural e religiosa, apresentam alto índice de desigualdade social e, desde 2006, compartilham um jovem determinado, chamado Segunda Eduardo Tomás Tavares.

Segunda Tavares é um angolano de 26 anos que veio ao Brasil em 2006 para realizar o sonho de cursar o Ensino Superior. A oportunidade surgiu de um convênio entre a Igreja Metodista de Angola e a do Brasil, que oferecia 12 vagas concorridas entre quatro mil estudantes. Durante três meses, Segunda participou do processo de seleção e foi aprovado para receber a bolsa. A partir de então, sua perspectiva de vida mudou.

Angola possui apenas uma universidade pública e dispõe de faculdades particulares que cobram dez vezes mais que o valor do salário mínimo angolano. Diante de tais condições, o acesso ao ensino superior se faz quase impossível à grande parcela da população que vive na pobreza. Segunda morava na periferia da capital de Angola, Luanda. Sua família migrou do interior para a cidade em função da guerra civil que castigou o país entre 1975 e 2002. Apesar de algumas divergências, ele milita no Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), um dos partidos responsáveis pela independência do país. “A política de lá é complicada assim como a do Brasil. Mas eu ainda acredito. É impossível não participar da vida política do país”.

Segunda tem um irmão e duas irmãs. Todos estudam ou trabalham graças ao incentivo do pai, professor do ensino primário. Ele lembra que a condição das escolas que freqüentavam eram precárias, mas o pai sempre os encorajou a seguir em frente. Ele terminou o Ensino Médio e trabalhou como professor de química por três anos. A mãe é camponesa e cuida de um pequeno sítio, que em Angola, chama-se “lavra”.

No Brasil, Segunda tem moradia e alimentação garantidas na casa do estudante do Instituto Porto Alegre da Igreja Metodista (IPA). Apesar da paixão pela Enfermagem, ele estuda Administração e Ciências Contábeis, cursos com grande demanda de profissionais em Angola. Seus dias baseiam-se em freqüentar a faculdade de manhã e de noite, e estudar na parte da tarde. Além disso, faz um curso técnico para locutor de rádio e, nos fins de semana, joga futebol com africanos e brasileiros, vai à Igreja, e ao cinema quando sobram algumas economias.

Uma das coisas que o angolano mais estranhou no Brasil é a relação entre as pessoas. Para ele, os brasileiros são muito resguardados. Segunda conta que em Angola, a vida comunitária é bem mais forte. “A pessoa que mora ao teu lado é a primeira que vai te ajudar quando estiver em dificuldade. Fazemos isso com a maior naturalidade. Talvez pela extrema pobreza em que vivemos, aprendemos a conviver assim”.

Em terras brasileiras, seus maiores amigos são os colegas intercambistas e os membros da Associação dos Missionários da América do Sul. Ele passou a freqüentar esta Associação porque encontrou mais jovens do que na Igreja Metodista. “No Brasil as igrejas são vazias e têm poucos jovens. Em Angola existe mais irmandade, mais intensidade e alegria no louvor”.

A liberdade dos brasileiros surpreendeu Segunda. A relação entre pais e filhos e a relação entre professores e alunos chocou pela falta de hierarquia. “Em Angola temos o respeito baseado no medo. Escolhemos as palavras quando falamos com os pais”. O estilo de namoro brasileiro também surpreendeu pela falta de compromisso. Apesar disso, Segunda confessa que teve alguns relacionamentos no Brasil, mas não agüentou. “Os namorados angolanos costumam se ver somente nos fins de semana e aqui no Brasil ficam muito em cima! Tem que se ver o tempo inteiro e eu não tinha tempo”. Segunda está à procura de uma namorada. Diz que, se encontrar, vai levá-la para Angola por um período de dois meses de teste, para ver se ela se acostuma com a cultura diferente.

Durante os primeiros semestres, ele estagiou em agências bancárias e se apaixonou pela profissão. Quando voltar para seu país, um dos planos é seguir esta carreira. Seu trabalho de conclusão, inclusive, tem como tema o papel do crédito bancário na distribuição de renda. A ideia é baixar os juros e estimular a ascensão das camadas pobres da sociedade.

Esta noção de responsabilidade social, Segunda conta que só conheceu no Brasil. Na faculdade, ele mudou sua visão de sociedade e de futuro. “Em Angola, o pessoal luta para ser rico e depois abandona a comunidade em que nasceu. Negligencia o bairro e os amigos que tinha”. Ele admite que pensava em estudar no Brasil somente para construir uma boa carreira profissional, mas hoje as ambições são diferentes: “Não importa ter um bom emprego e ganhar rios de dinheiro, se ao teu lado tem gente que morre de fome”.

Segunda visitou a família em dezembro de 2007 e percebeu que Angola teve alguns avanços. Abriram novas faculdades particulares com preço mais acessível e o investimento de empresas estrangeiras está gerando mais empregos. No entanto, questões como saneamento básico continuam precárias e a marginalidade entre os jovens da periferia continua aumentando.

Frente a esta realidade, Segunda resolveu não ficar parado. Quando voltar para seu país, planeja montar um projeto social que recupere estes jovens: “Eles não têm previsão de melhora. Precisam de um modelo de pessoa em quem possam se inspirar. Alguém que sente com eles, converse, mostre que a vida não se baseia só no que eles vivem”.

O convênio com a Igreja Metodista cobre somente a graduação, e Segunda quer mais. Ele procura apoio para fazer doutorado e mestrado. O jovem que “tinha tudo para não dar certo”, como ele mesmo diz, está se formando em duas faculdades e tem sonhos do tamanho do mundo. Quer ser radialista, talvez professor, talvez montar uma Universidade, talvez trabalhar em um banco, talvez mudar um país.






Leia na íntegra

Editorial junho

Em uma conjuntura de descrédito político, delegação das decisões aos que nos representam em Brasília e na Assembléia Legislativa, estar acompanhando o re-surgimento de um movimento de organização popular é estupendo. Estamos cansados de ouvir que não temos como mudar a situação em que vivemos que ninguém participa e que é assim desde que meu avozinho era criança.

Pois bem, há o que mudar sim, e é isso que vários movimentos vem fazendo cotidianamente nas ruas, trazendo suas indignações, mostrando sua insatisfação com governos corruptos, com a precarização do trabalho e com a negação dos direitos sociais. Noticiar que a classe trabalhadora está se organizando não é somente trazer a notícia à tona, como também é dizer que se pode lutar e não somente delegar cargos e decisões a outros.

No entanto, a grande mídia não noticia, ou quando o faz, traz somente o lado negativo de uma greve ou paralisação, e assim querem que se continue a levar a vida, na mesmice, sem nenhuma perspectiva de transformação. Contudo, quando chegam aos olhos e ouvidos noticias como a reconstrução de um movimento social como o do Movimento Aquarela da População de Rua, entende-se o real significado de participação e de controle social, que todos têm o direito de se manifestar e de se organizar coletivamente, e que é o povo organizado que tem o real poder de decisão.

E ao participar, ao ler ou se informar sobre movimentos, como esse, que estão realmente lutando, começamos a nos dar conta que podemos sair da mesmice. Recebemos oxigênio para continuarmos na nossa caminhada conjunta de noticiar como também construir uma sociedade mais justa para a população deste país tão injusto e desigual.

Leia na íntegra

Municipários fazem paralisação geral

Caroline Berbick
O Sindicato dos Municipários de Porto Alegre (Simpa) realizou no dia 09 de junho, uma paralisação geral dos funcionários públicos municipais. Cerca de 200 trabalhadores de variados setores, como Saúde, Educação, Limpeza Urbana e Assistência Social, se reuniram em frente à Prefeitura para reivindicar reajuste salarial e melhores condições de trabalho.

O dia de mobilização começou com um manifesto em frente ao Hospital de Pronto Socorro (HPS), por volta das 9h30 da manhã. Em caminhada, os trabalhadores da Saúde seguiram até o Paço Municipal para unirem-se ao restante dos municipários que, apesar da chuva fina, lotavam a frente da Prefeitura.

Segundo a presidente do Simpa, Carmem Padilha, “o objetivo da paralisação é pressionar o governo para que venha para as negociações com o sindicato de uma maneira mais concreta, apresentando uma proposta que atenda minimamente às reivindicações”. Os municipários querem reajuste salarial de 17%, porém, na última negociação, a prefeitura concedeu apenas 1%. Além disso, exigem assistência de saúde, cumprimento da lei de bimensalidade, aumento do vale alimentação, permanência da insalubridade na Saúde, e o recuo da crescente terceirização do serviço público.

A manifestação contou com um almoço coletivo e, na parte da tarde, seguiu em caminhada para a Secretaria Municipal de Educação, que é classificada como autoritária pelos municipários. No dia 17 de junho está agendada uma assembleia do Simpa para avaliar propostas e planejar os próximos passos.

Leia na íntegra

Encontro reúne 5 Estados em Canoas

Felipe Baierle
Pra que(m) serve a comunicação? Responder a essa e a outras questões foi o objetivo dos mais de 50 estudantes dos cinco Estados reunidos em Canoas de 11 a 14 de junho. Além do Rio Grande do Sul, participaram do Encontro Regional dos Estudantes de Comunicação Social (Erecom), representantes de Santa Catarina, Paraná, Rio de Janeiro e São Paulo.

O Erecom é o encontro anual dos estudantes de três cursos do ensino superior: Jornalismo, Relações Públicas e Publicidade & Propaganda. Cada região do país tem seu próprio Encontro, que é normalmente realizado em grandes cidades e capitais. A comissão organizadora do Erecom Sul quis inovar, trazendo o evento para a periferia de Canoas. O lugar escolhido foi a Escola Municipal Tiago Wurth, no bairro Mathias Velho.

– A proposta de realização do encontro na periferia foi para descentralizar os debates e integrar os estudantes universitários com a vivência de grande parte da população brasileira: a pobreza – contou Fernanda Nascimento, estudante de Jornalismo e uma das organizadoras do evento.

Durante os quatro dias de duração do Encontro, foram realizados painéis, palestras e oficinas para trabalhar a organização política dos estudantes de comunicação. Um dos debates que mais avançou foi o da regulamentação profissional para jornalista. Ao contrário da recente decisão dos ministros do STF, de acabar com a regulamentação profissional dos jornalistas no último dia 17 de junho; os estudantes posicionaram-se a favor da exigência do diploma universitário para o exercício da profissão.

Outro tema do Encontro foi a criminalização dos movimentos sociais. O ataque recebido pelas organizações dos trabalhadores brasileiros foi detalhado pela fala de um representante do Movimento dos Sem Terra no evento.

Édson Borba, da Secretaria de Direitos Humanos do MST, comparou os Atos Institucionais (AI) criados no período da ditadura militar brasileira às Instruções Operacionais (IO) utilizadas atualmente pela Brigada Militar. Estas Instruções Operacionais são basicamente ordens militares com força prática de lei: o supra-sumo da antidemocracia.

À noite, serenatas e discos-voadores
Segundo Fernanda Nascimento, uma das maiores preocupações da comissão organizadora do Erecom foi a segurança dos participantes. Era perigoso sair à noite, por isso as festas de integração aconteceram todas dentro da Escola.

– Na sexta-feira tivemos um show solo do músico Tiago, dos Horácios. Nas outras duas noites, os estudantes encontraram lazer nos violões e serenatas ao luar, com direito a fogueira no pátio da escola, quentão e uma bebida do Rio de Janeiro que fez a festa da gurizada: o disco-voador (cachaça, limão, açúcar e canela) – contou.

Leia na íntegra

sexta-feira, 19 de junho de 2009

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Compare a "notícia" do JN com o vídeo abaixo: quem tem razão?

Leia na íntegra

Polícia agride universitários em manifestação pacífica na USP

Vídeo produzido por um grupo de estudantes independentes da USP.

Leia na íntegra

terça-feira, 2 de junho de 2009

Encontro regional dos estudantes de comunicação

O Erecom será realizado de 11 à 14 de junho, em Canoas. Esta edição do encontro tem como objeto de debate: para que(m) serve a comunicação? São esperados cerca de 200 estudantes dos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e São Paulo. Nomes como Oswaldo Biz, especialista em democratização da comunicação; Rafael Guimarães, autor do livro abaixo a ditadura, sobre o movimento estudantil na época durante o golpe militar; e Celso Schroder, ex-presidente do sindicato dos jornalistas, estão confirmados para o evento.

O evento contará, durante os quatro dias, com a exposição “Direito a Memória e a Verdade”. Exposição fotográfica sobre os 21 anos de ditadura militar no Brasil (1964 a 1985) percorreu 25 cidades do cone sul e esteve presente no Fórum Social Mundial em Belém – PA. O incêndio da sede da União Nacional dos Estudantes no Rio de Janeiro, a invasão da Universidade de Brasília por 400 policiais militares, a criação do Serviço Nacional de Informação e o anúncio do Ato Institucional número 5 estão entre os fatos lembrados pela mostra fotográfica.

ENCONTRO REGIONAL DOS ESTUDANTES DE COMUNICAÇÃO SOCIAL (Sul/Sudeste)

ERECOM 2009
Para que(m) serve a comunicação?
Canoas/RS - de 11 a 14 de Junho de 2009
Categorias
A - Inscrição + Alimentação + Alojamento: R$ 65,00
B - Inscrição + Alimento: R$ 50,00
C - Inscrição+ Alojamento: R$ 30,00
D - Somente inscrição: R$ 10,00

Sede: Escola Municipal Tiago Wurth, Av. Rio Grande do Sul 4240 - Mathias Velho , Canoas /RS

PROGRAMAÇÃO
11/06 (quinta)
Manhã - Credenciamento
Tarde - Abertura
Noite - Painel Sociedade

12/06 (sexta)
Manhã - Painel Democom
Tarde - Grupos de Discussão Sociedade e Democom
Noite - Painel Regulamentação Profissional

13/06 (sábado)
Manhã - Vivência
Tarde - Painel Qualidade de Formação (QFC)
Noite - Grupos de Discussão Opressões e QFC

14/06 (domingo)
Manhã - Livre
Tarde - Reunião Regionais
Noite - Encerramento
Contato e dúvidas: erecomsul@hotmail.com Este endereço de e-mail está protegido contra spambots. Você deve habilitar o JavaScript para visualizá-lo. http://erecom.wordpress.com
APOIO ENECOS - Executiva Nacional dos Estudantes de Comunicação Social

Inscrições Erecom 2009 – Informações Completas!
Então pessoal,
Segue agora informe detalhado sobre as inscrições para o Erecom. É tudo bem simples. São instruções diferentes para os participantes e para os mobilizadores locais. Vamos começar, passo a passo, pelos participantes:

Participantes
1 – Faça o download da ficha de inscrição aqui, preencha a mesma completamente e repasse para o responsável pelas inscrições em sua cidade/faculdade. Se a essa altura do campeonato você não conhece ninguém que esteja responsável pelas inscrições na cidade que você mora, entre em contato diretamente conosco pelo e-mail: erecomsul@hotmail.com;

2 – Efetue o pagamento diretamente para o mobilizador local. Ele ficará encarregado de repassar todo o dinheiro das inscrições de uma só vez, para a comissão organizadora local até o dia 09/06 (terça-feira).

3 – Cuidado para não esquecer de indicar se sua preferência é por alimentação vegetariana, ou não, ok?;

4 – Por conta da natureza do prédio que será sede do Erecom, não será disponibilizado espaço para camping;

5 – Pronto, agora é só fazer as malas e se preparar para participar do Erecom Sul/SE1 2009;


Fernando Rotta Weigert
(51) 91058160

Leia na íntegra