sexta-feira, 31 de julho de 2009

Parcial entrevista: conversamos com um Trotskista/Internacionalista em Honduras

Carolina S. Marquis
O estudante de teologia e ativista político de El Salvador, Martín Diaz, conversa com O Parcial. Ele esteve em Honduras nos primeiros dias de golpe de Estado e participou das manifestações da população em defesa da volta do presidente deposto Manuel Zelaya.

Parcial - Qual é a tua opinião sobre o governo de Zelaya antes do golpe?

Martín - O presidente Zelaya e sua administração começavam a sair das mãos da polarização política hondurenha, uma vez que em Honduras não há um partido político de esquerda. Zelaya, um homem de direita, compreendeu a importância de uma movimentação social e do bem estar da população em geral.
Que um presidente vindo de um partido liberal que é, junto com o nacional, os partidos tradicionais de Honduras, estabeleça um diálogo, uma comunicação, um debate permanente com as organizações sociais, é, para a oligarquia, um pecado mortal.
Em resumo, o presidente Zelaya deixou de gato amansado pelo poder oligárquico a um leão que caminha junto ao povo.

Parcial - Tu estavas de acordo com a mudança da constituição para que o presidente pudesse ser reeleito?

Martín - Com a consulta popular não se decidia nada. Somente se consultava o povo para saber se eles estavam de acordo ou não a ter uma quarta urna nas próximas eleições, no final deste ano na qual se definiria a convocatória para uma assembléia constituinte.
O presidente Zelaya, de nenhuma maneira explícita propunha uma reforma constitucional para poder se reeleger como candidato a presidência, senão propôs a convocatória para uma assembléia constituinte para, então, criar uma nova constituição. Isso é em todos os aspectos legítimo e democrático.

Parcial - Qual é a tua opinião sobre o papel da Igreja no golpe?

Martín - As igrejas têm um importante papel neste golpe de estado. Em primeiro lugar a igreja católica é indispensável para os golpistas. O cardeal Maradiaga, realizou declarações a favor do governo de fato. Em El Salvador as máximas autoridades hierárquicas da igreja católica também respaldam aos golpistas.
Por outro lado estão as igrejas históricas, encabeçadas pela igreja Luterana, que tem levado uma luta junto ao povo e a qual assimilou a uma delegação da igreja Luterana de El Salvador a Honduras para apoiar a Igreja e o povo na luta pela recuperação da ordem constitucional.

Parcial - Como é a tua militância política em El Salvador?

Martín - Eu me considero um Internacionalista e um Trotskista de coração. Em El Salvador eu faço parte de diversas organizações sociais. Sou membro do Comitê Coordenador do Movimento Popular pela Paz e Justiça (PMJS), no qual represento o setor de jovens. Também sou Coordenador Geral da Juventude em prol das Artes Contemporâneas (JAC). Diretor do meio de difusão da organização “Observador Juvenil” e membro da Tendência Revolucionária. (TR).

Parcial - Por que fostes a Honduras no momento do golpe?

Martín - É um dever de todo internacionalista e revolucionário amante de toda a Justiça e Paz Social, lutar contra semelhante hostilidade junto aos povos oprimidos. Nesta ocasião “fui hondurenho” e viajei a Honduras para reunir-me com pessoas de organizações locais que colaboramos em El Salvador. Minha missão foi apoiar maneira logística e apoiar ao povo hondurenho na luta contra os golpistas.
Isso é tudo que posso dizer, por motivos óbvios.

Parcial - Quais são os benefícios que o governo Zelaya trazia à população hondurenha?

Martín - O maior feito deste governo foi administrar e advogar pelas maiorias mediante a integração dos povos.
Há que se levar em consideração que todo presidente se torna suspeito quando dialoga e trabalha junto às organizações populares. Isso é visto como uma ameaça à oligarquia.
Além disso, o presidente Zelaya estava se aproximando politicamente da Venezuela e começou a trabalhar com a PetroCaribe no projeto ALBA, fortalecendo assim a relação com Cuba. Todos esses fatores fizeram com que o governo Zelaya fosse suspeito às classes dominantes de Honduras.
Qual era, em geral, a opinião do povo, sobre a “mudança” do tipo de governo de Zelaya desde o início de seu mandado?
Positivo. Prova disso é que o povo está marchando desde o dia 28 de Junho exigindo o retorno de seu presidente.

Parcial - Qual foi a impressão que ficaste dos dias em que estivestes em Honduras?

Martín - Triste, porque enquando o povo era oprimido por forças militares, as classes média e alta da sociedade desfrutavam em bares, restaurantes e luxuosos centros comerciais. É muito triste ver isso e só me faz reafirmar que o que está acontecendo em Honduras é uma luta do povo contra a burguesia.

Parcial - O que diziam as pessoas na rua. Como eram as manifestações?

Martín - As mobilizações do povo hondurenho são, além de persistentes, realmente disciplinadas.As pessoas gritam, cantam, choram, dançam, saltam, pintam. Enfim, fazem o que sua imaginação permita para mostrar que são contra os golpistas.
Nas marchas em que estive, em meio às pinturas recitavam “Fora Goriletti”, “Cardenal Satânico, o povo não acredita em ti”, etc. Uma mulher que participava do movimento feminista escrevia “Viva as camisinhas com sabor”. O que quero dizer é que as pessoas mantêm o espírito sarcástico. Pessoalmente eu acho que foi genial que essa mulher tenha escrito isso na parede.

Parcial - Como é viver no país vizinho ao golpe. O que fazem para ajudar os hondurenhos?

Martín - Nós colaboramos com os aspectos logísticos mediante sinais de rádio de nosso país que escutam em Honduras. Ajudamos com dinheiro para transportar as pessoas que se manifestam, com mobilizações em nosso país, corte de ruas. Em duas ocasiões nossa organização fechou a fronteira com Honduras com mais de duas mil pessoas.

Parcial - Como a população de El Salvador a respeito do golpe de Honduras?

Martín - Preocupação e medo. O nosso pode ser o próximo país a sofrer um ataque como o de Honduras. A igreja Católica e o partido de ultra direita ARENA expressam abertamente que, caso o novo governo de El Salvador seja um governo voltado para o povo, acontecerá o mesmo que em Honduras.

Leia na íntegra

Novo movimento gera polêmica

Caroline Berbick
Descontentes com o comportamento da União Nacional dos Estudantes (UNE), componentes da esquerda do movimento criaram a Assembleia Nacional dos Estudantes – Livre (ANEL) para lutar pelos interesses estudantis de forma independente.

O novo movimento estudantil surgiu no Congresso Nacional de Estudantes (CNE), que ocorreu entre os dias 11 e 14 de junho, na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O evento organizado principalmente pela Juventude do PSTU reuniu cerca de 1.800 estudantes de todo o país. O principal objetivo do congresso foi criar uma entidade nacional combativa que aja de forma independente da UNE, instituição que, para muitos estudantes, já não defende mais os interesses da classe.

A proposta da ANEL é de uma assembleia desprovida de diretoria, composta por estudantes eleitos em universidades e em organizações gerais como o Diretório Central dos Estudantes (DCE). O movimento pretende reunir-se a cada dois meses e agir de maneira menos burocrática e governista que a UNE. A ANEL tem apoio de algumas correntes do PSOL, da Liga Estratégia Revolucionária, do Coletivo Marxista, da Liga Bolchevique Internacionalista e de alguns DCEs como o da Universidade de São Paulo (USP) e o da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Oposição à UNE
A UNE é dirigida pela União da Juventude Socialista (UJS – PCdoB) há duas décadas. Tamanha hegemonia desperta revolta e desconfiança por parte de outros setores da entidade. Apesar de reconhecerem o importante papel que ela desempenhou na história do movimento estudantil brasileiro, afirmam que, atualmente, a UNE não é mais um movimento combativo, mas um instrumento do governo.

O apoio oferecido às reformas universitárias do governo federal intensifica as acusações: “É inegável que a UNE, há 20 anos, não representa mais todos os estudantes de luta. A UNE que ‘panfleteia’ o ‘fim do vestibular’, elogia o ProUni e recebe milhões do governo Lula não representa grande parte dos estudantes do Brasil”, afirma Tiago da Silveira, membro do DCE da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Outros movimentos já foram criados para agir de forma paralela à UNE, mas nunca conseguiram alcançar a projeção da entidade que já tem 70 anos. O Fórum Nacional de Executivas e Federações de Curso (FENEX) e a Coordenação Nacional de Luta dos Estudantes (Conlute), que foi proposta pelo PSTU, assim como a ANEL, são exemplos destas organizações.

Resistência
A ANEL promete ocupar reitorias em prol da democratização universitária, lutar por eleições diretas para reitor e fazer oposição às medidas do governo. Mesmo apresentando propostas como essas, que agradam grande parte da oposição da UNE, o projeto não convenceu várias grupos. Um dos motivos foi o fato da ANEL ter sido concebida por iniciativa de um partido político.

O Congresso Nacional dos Estudantes, onde a entidade foi criada, foi promovido principalmente pelo PSTU, que constituía a maioria dos participantes. Esta grande influência político-partidária representa um empecilho para aqueles que desejam um movimento estudantil independente de questões eleitoreiras. “A ANEL nasce com o vício de ter uma hegemonia controlando-a, nasce em um congresso onde não se tinha vontade política de se discutir os problemas do movimento estudantil, nasce vinculada a dispositivos que permitem apoiar e fazer campanhas para partidos”, declara Tiago da Silveira, membro do DCE da UFRGS.

A UNE desaprova a nova instituição. Daniel Damiani, 1º Diretor de Assistência Estudantil da UNE, critica as organizações que buscam fragmentar o movimento: “Particularmente acredito que é um equívoco sem tamanho, que não resolve nenhum dos problemas do movimento estudantil e cria mais um: a divisão”. Ele destaca o histórico de lutas da UNE e a grande representatividade que ela tem entre os movimentos sociais brasileiros. Depois afirma: “Já esta ANEL, parte da insistência de um partido político em criar a sua própria entidade, reunindo a simpatia de setores minoritários, fragmentados, e inexpressivos, da periferia do movimento”.

Outra luta
Grupos que não aprovam a UNE e nem a ANEL defendem a libertação política e estrutural dos movimentos estudantis. Acreditam que a institucionalização deve ser rompida para que erros antigos não sejam cometidos novamente. O processo de organização concreta, segundo este ideal, somente se daria a partir de um novo ciclo de lutas. Enquanto esta proposta não sai do âmbito ideológico, UNE e ANEL lutam por espaço e pelos interesses da classe estudantil.

Leia na íntegra

Celso Schröder fala sobre o diploma

Felipe Baierle
Nesse mês, O Parcial inaugura sua mais nova editoria de opinião e conversa com o petista, jornalista e professor universitário Celso Augusto Schröder. Sem papas na língua, o vice-presidente da Fenaj esclarece várias dúvidas sobre a questão da recente queda da obrigatoriedade do diploma de Jornalismo para o exercício da profissão.

Parcial - O que significou para o movimento dos trabalhadores em jornalismo e estudantes do curso essa alteração na regulamentação da profissão?

Schröder - É uma decisão que atende aos interesses mais conservadores do país. Atende de um lado, um vetor político absolutamente mesquinho, que é o de simplesmente baixar custos dos jornais. Agora, por exemplo, quando tu pega os classificados já há uma mudança no edital de convocatória. Num concurso para vaga de jornalista, que saiu semana retrasada, que era da FINEP (Financiadora de Estudos e Projetos) agora já pede jornalista sem diploma.

Parcial - Depois da queda da obrigatoriedade do diploma, há possibilidades de que os jornalistas percam seus direitos como piso salarial e jornada diária de cinco horas?

Schröder - Sim, a tendência é essa. Mas existe uma regulamentação. Os pisos estão valendo. Os acordos estão valendo. As cinco horas (de jornada diária) nos jornais estão valendo. O que eu estou dizendo é que a queda da obrigatoriedade do diploma vai tender... E, esse caso do concurso é uma prova de que tenderemos todos nós a ser enquadrados não mais como
trabalhadores de terceiro grau, mas de segundo grau e obviamente, com uma remuneração menor.

Parcial – Não estaria na hora de rever o processo pelo qual se indicam os ministros do STF?

Schröder - Esse é um bom debate. Eu há alguns anos dizia que tinham dois espaços da sociedade brasileira que não haviam sido redemocratizados suficientemente. Um era a comunicação, que está sem nenhum tipo de incidência pública sobre ela.
O judiciário é muito mais cristalizado. A forma que nós montamos o judiciário no Brasil é quase como se fosse uma capitania hereditária onde a incidência do público é muito pequena.

Parcial - E a PEC que está sendo produzida em Brasília para que volte a obrigatoriedade do diploma de Jornalismo no exercício da profissão, pode ser uma solução?

Schröder - Sim, nós não temos outra solução. Nós temos que formatar no congresso nacional um grupo de parlamentares alinhados com essa causa.
Para o nosso otimismo, configurou-se muito rapidamente um movimento coeso e meio que espontaneamente articulado onde no primeiro dia já havia 40 senadores. Agora já são mais de 60, somando quase 200 parlamentares nessa comissão mista que tenderá a apresentar uma emenda constitucional.

Leia na íntegra

Utopia e luta contra o capitalismo

Caroline Berbick
Nas escadarias da Avenida Borges de Medeiros, em pleno centro de Porto Alegre, existe uma comunidade que desafia o sistema capitalista ao adotar um estilo de vida baseado na ideologia libertária e na autogestão. Instalada no antigo prédio do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), a Comunidade Autônoma Utopia e Luta é o primeiro movimento social a apropriar-se de um imóvel público em estado de abandono.

A história da Comunidade Autônoma Utopia e Luta começa em 2005, durante o 5º Fórum Social Mundial, quando o Movimento Nacional de Luta pela Moradia (MNLM), junto a ativistas de diferentes países como França e Japão, ocupou o prédio do INSS que estava em situação de abandono há mais de 10 anos. Cerca de 160 famílias permaneceram no local por 20 dias, exigindo solidariedade na distribuição e no aproveitamento dos espaços urbanos.

A ação estimulou negociações com o governo e, em 2007, foi aprovada a Lei de Conversão que autoriza a transferência de imóveis desocupados da União para projetos habitacionais de interesse social. Nesta ocasião, o INSS liberou 1.600 prédios em todo o país. O edifício da Borges de Medeiros era um deles.

Garantida a posse do imóvel, iniciou-se o processo de seleção das pessoas que habitariam os apartamentos de 30 e 25m². Pelo menos 300 famílias passaram pelas comissões. Elas deveriam ter entre um e dois filhos, renda de até três salários mínimos, estar dispostas a viver em comunidade e não ter interesses eleitoreiros. Foram quatro anos de reuniões para hoje estarem definidas as 42 famílias que fazem parte da comunidade, totalizando quase 100 membros.

Inicialmente, o projeto de ocupação tinha apenas o objetivo de criar moradia popular, mas a Comunidade Utopia e Luta foi além. Instaurou-se ali um ambiente de cultura e coletividade, onde se aplica e se discute questões como educação, ecologia e políticas públicas. Segundo Marcelo Nunes Machado, coordenador de finanças e saúde do prédio, este sistema evita o mau uso do espaço conquistado: “Não adianta dar uma casa ao cidadão e não ter um projeto social que o envolva. Se a pessoa não tem emprego e nem estrutura, acaba vendendo a casa ou alugando”.

O novo planejamento arquitetônico do edifício foi feito para favorecer a convivência entre os moradores. Além dos sete andares residenciais, que são estampados por painéis com temas como biodiversidade, revolução e juventude, existe o terraço, que dá lugar à horta comunitária, o refeitório no qual acontecem os almoços coletivos, a lavanderia, que atende a todos os apartamentos, e o teatro Quilombo das Artes, centro cultural aberto ao público. Planos de ter uma padaria própria, uma creche, espaços para inclusão digital, reciclagem e serigrafia, também estão sendo encaminhados.

A meta da comunidade é atingir a autogestão e, desta maneira, confrontar o sistema capitalista de consumo. Organizados pela Cooperativa Solidária Utopia e Luta (Coopsul), buscam chegar ao ponto de produzir e administrar seus próprios recursos. Para Eduardo Solari, coordenador geral do movimento, a autonomia política é tão importante quanto a econômica: “Procuramos, também, a autogestão políticoideológica. Não estamos vinculados a partido nenhum. O governo é produto do sistema e nós combatemos esse sistema”.

Para concluir os projetos de engenharia, a cooperativa espera a certidão de habite-se da Prefeitura. Enquanto isso, os moradores aprendem a conviver em coletividade e constroem um ambiente de clima revolucionário que se fortalece cada vez que um deles passa pelo hall de entrada e lê a frase pintada que os recepciona: “Estás entrando em território de autodeterminação popular”.

Leia na íntegra

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Editorial julho

Quando ideais em comum mobilizam pessoas, que passam da intenção à ação, do discurso ao ato está iniciado um movimento. Um deslocamento, uma agitação, uma alteração da posição existente, enfim, uma evolução. Em interação é inerente aos seres humanos a busca pela harmonia na organização da sociedade como organismo vivo, ativo e não passivo, crente na possibilidade de justiça, igualdade, liberdade e paz. Durante esse processo de construção surgem organizações estruturadas, em que pessoas associam-se para fomentar ou garantir seus objetivos, cria-se um movimento no âmbito social. Uma revolta, que pode ser relacionada, entre outros motivos, aos direitos humanos, à liberdade de informação, ao direito à educação.

Jovens que participam de uma revolta organizada baseada na luta, realizaram o 1º Congresso Nacional de Estudantes, um espaço para o debate que deu origem a uma nova entidade a Associação Nacional dos Estudantes – Livre (ANEL). Inovadora em sua estrutura coloca lado a lado acadêmicos e secundaristas, veteranos e novatos. A união e envolvimento dos estudantes é essencial para garantir o direito à educação de qualidade, a não precarização do ensino, em todos os níveis, o investimenrto em estrutura e profissionais. Para tal, os atos e lutas em conjunto com a classe trabalhadora indicam a pluralidade e intenção de mudança, pensando a educação como fundamento do bem coletivo. Desde que isentos de interesses político-partidários.

Os debates, os encontros e as ações partem do amadurecimento da consciência política. Pois, é o mesmo princípio do jornal O Parcial, que ao falar em democratização da informação, quer lutar junto pela educação e não repressão. Um movimento, que também se manifesta pela liberdade, assim como a ANEL, livres, mas responsáveis, que devem manter a independência política e econômica. São ativistas que já iniciaram a mudança e têm expectativa que aqueles ainda entregues ao comodismo, desejem também serem atores das melhorias sociais.

Leia na íntegra

Carta ao destino

Ai, ai, o destino... Quem somos? Para onde vamos? De onde surgimos?

Talvez estivesse pensando nessas perguntas universais, olhando pela janela do ônibus, “sentindo o futuro no ar”, quando uma sacola de supermercado contendo 75 Parciais tenha sido perdida/furtada.

Ok, gente. Todos querem O Parcial, mas se por acaso alguém encontrou a fatídica sacola, pedimos que, por favor, faça bom uso deles. Leia-os, ajude-nos a vender assinaturas, divulgue no seu bairro, na sua comunidade. Se quiser começar a se corresponder com a gente, ótimo! Adoraríamos!

Porque, querido premiado, O Parcial é um jornal de esquerda. Pensamos seriamente no futuro da humanidade. Por isso não tenha medos, ou receios: é leitura para a família inteira!

Caso não esteja interessado em ficar com os nossos 75 jornais encontrados por força do acaso, pedimos que nos devolva.

Nosso sincero agradecimento.

O Parcial

Leia na íntegra

Erramos (edição impressa junho)

O Parcial é um jornal comprometido com seus leitores. Esta é a 15ª edição e nos propomos a oferecer informação completa e de qualidade. As dificuldades por que passamos são muitas. Desde a clássica falta de verba pra rodar o jornal que nos preocupa a cada edição; o tempo, que é sempre apertado para completar todo o processo da notícia; a autocrítica a que nos sujeitamos etc.

Foi justamente pela nossa autocrítica que resolvemos, nesta edição, publicar uma errata. Não vamos citar erro por erro, deslize por deslize, porque não há boas razões para tal. Simplesmente gostaríamos de nos desculpar com nossos leitores por eventuais erros que podem ter encontrado na edição passada. Estamos sempre trabalhando para que eles se minimizem ao máximo.

Outro item a ser destacado na errata é a presença não citada no editorial da 13ª edição da estudante de serviço social. Ela é essencial para aprofundar os fundamentos do jornal movimento que nos propomos a ser.

O Parcial agradece! Esperamos que gostem da 15ª edição!
Hasta La Vitória!

Leia na íntegra

Bibliotecas à venda

Carolina Marquis
Não há na língua espanhola nenhuma palavra que sirva para descrever e abrigar dentro de seu significado o lugar de aroma inconfundível que fica preso nas narinas, na alma e na memória das pessoas. O lugar que, ainda que passemos anos dentro, não terminaremos de descobrir sua mágica e mistérios.

Como diz a música de Caetano Veloso, os livros são os únicos objetos – os amantes dos livros, por favor, perdoem a frivolidade da palavra - capazes de “lançar mundos no mundo”. Ainda que em Buenos Aires, AR, haja uma a cada duas quadras, os portenhos não inventaram uma palavra em que caiba o significado do que nós, brasileiros, chamamos de sebos. Mas as “livrarias-que-vendem-livros-usados” têm muito mais mundos do que os locais que vendem livros diretamente das editoras. Encontrar uma assinatura antiga, um marcados de páginas, ou um parágrafo sublinhado, são coisas capazes de emocionar a qualquer leitor convicto.

Em uma das tantas livrarias localizadas entre a avenida ‘Callao’ e ‘9 de Julho’, sobre a avenida ‘Corrientes’, com a voz de Bob Marley estourando nas caixas de som e as estantes recheadas de Brecht, Miguel de Cervantes, Kafka, Shakespeare, García Marques, entre milhares de outros autores clássicos, contemporâneos e “de moda”, Sérgio Alvarez passa a semana.

O homem se dedica a vender livros que já tiveram outros donos e já fizeram parte de outras casas. Esse é apenas um dos muitos lugares dedicados a esse negócio. O local não tem nome na frente. Somente uma placa negra com letras brancas que garrafais gritam: “COMPRO LIVROS”. Best Seller, literatura, auto-ajuda, história, filosofia, psicologia, arte e teatro são alguns dos tipos que Mariano Brosky, o dono da “livraria-que-vende-livros-usados” que contém mais de 20 mil exemplares, requer.

“Os livros chegam aqui das formas mais variadas: uma avó que morre, pessoas que se mudam para lugares menores, outras se separam e decidem se desfazer. Também há os que precisam de dinheiro. As pessoas que chegam à livraria com caixas imensas e as que vêm com apenas um livro para trocar por outro”, diz Sergio enquanto vende a um jovem a novela em que os animais tomam o poder e tratam com tirania aos humanos, “ Revolução dos Bichos”, de George Orwell.
Descendo a avenida ‘Corrientes’, pela avenida ‘Talcahuano’, damos de cara com a feira de livros ‘General Lavalle’, entre o Palácio da Justiça e o Teatro Colón, uma instituição Nacional do país dos bons ares. Na feira Juan Fronza passa os dias entre segunda e sexta-feira juntamente com Diana Fronza, sua esposa. “Essa foi a primeira feira de livros de Buenos Aires. Antes estava atrás de Cabildo, faz alguns anos viemos para cá”, diz Diana.

O casal comparte duas cadeiras listradas de praia e se dizem muito contentes de haverem passado a vida entre histórias e romances. “Antes as pessoas liam muito mais neste país. Vinham no início da tarde e olhavam livro por livro. Hoje em dia elas vêm atrás de um título”, reclama entre sorrisos simpáticos que lhe caracterizam, Juan.

“O público é, em geral muito quadrado. Vão no seguro: Borges, García Marquez, etc. Já não arriscam como antigamente”, reflete Sergio Alvarez.

Saindo do centro de Buenos Aires com a linha B de metrôs e depois de fazer conexão com a D, chegamos à praça Itália, no coração do bairro Palermo. Lá está Raúl Rodriguez, presidente de Associação de Livreiros de Buenos Aires. Ele diz que não é que as pessoas sejam propriamente quadradas quando o assunto é literatura. “Em épocas difíceis as pessoas compra somente o conhecido e pré-aprovado. Os livros estão muito caros hoje em dia. Quando as pessoas têm alguns pesos a mais nos bolsos elas arriscam no novo”.

Raúl é um personagem. Além das obrigações que cumpre com os livros há mais de vinte anos, é torneiro mecânico. Deixou a profissão há duas décadas e, desde então, dedica-se a comprar e vender livros, revistas e partituras musicais. Tudo isso dentro de uma das bancas verdes localizadas entre as duas mãos da ruidosa avenida Santa Fé.

Entretanto para Raúl, o homem dos dentes e poucos cabelos brancos, os livros são um trabalho, não uma paixão, como na maioria dos outros casos de vendedores de livros. “Não me interesso muito por livros quando estou em casa. Leio para poder orientar o público”, diz Raúl do alto de seu banco alto como o de um bar e com os braços apoiados sobre uma biografia de Woody Allen.

As “livrarias-que-vendem-livros-usados” são cor sépia. Como se fosse uma fotografia antiga esquecida em uma caixa em baixo da cama do avô. Os livros destes lugares têm encanto próprio e, ainda que muitas vezes as letras que os recheiam estejam quase apagadas pelo tempo, elas transmitem poesia. Dão a impressão de uma antiga biblioteca, em que os livros podem ser levados para casa sem prazo de devolução.

E como disse Jorge Luis Borges: “Eu sempre imaginei o paraíso, como uma espécie de Biblioteca”.

Leia na íntegra

terça-feira, 28 de julho de 2009

Pontal tem rumo certo

Gustavo Nunes

A construção de prédios comerciais no Pontal do estaleiro é irreversível. Porém, a possibilidade de instalar prédios residenciais na área conhecida como antigo Estaleiro Só, dependerá da escolha da sociedade, por meio da consulta popular. No entanto, a empresa responsável pelo espaço indica outra realidade.

A BM Par Empreendimentos proprietária da área do Pontal do Estaleiro, já garatiu ao prefeito José Fogaça que não há intenção de permirtir a construção de moradias no espaço. De acordo com o diretor da empresa, Rui Pizzato, “independente da consulta popular, as construções naquele local serão apenas comerciais”.

Mesmo diante da posição revelada pela empresa, a cidade de Porto Alegre se prepara para ir às urnas em 23 de agosto e opinar sobre a questão. Serão 330 urnas distribuídas em 90 locais da capital. O vice-prefeito José Fortunati, responsável pela comissão organizadora da consulta popular argumenta: a consulta popular é a melhor forma para continuar a participação da sociedade na decisão do destino da capital.

O Pontal do Estaleiro faz parte do Plano Diretor da cidade e integra o projeto de revitalização da orla do Guaíba. São obras de interesse imediato devido a proximidade da Copa do Mundo de 2014. Interesses de empresários e políticos vão de encontro a sociedade e ambientalistas, pois não há evidências de um estudo de impacto ambiental e nem garantia de que a área permaneça com livre circulação, como é até o momento. Conforme o professor de Arquitetura e Urbanismo, do IPA, Marcos Miethicki, “é a privatização da praia de uma maneira diferente de outros países. É a criação de uma área particular”.

Não existe um projeto arquitetônico para o local, apenas maquetes virtuais. Os Estudos de Viabilidade Urbanísticas (EVU) datam de 2002, ou seja, mesmo definido como projeto de revitalização, o Pontal do Estaleiro não pode de antemão apresentar à população os impactos ambientais gerados com as obras. Para o secretário da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (SMAM), Carlos Alberto Oliveira Garcia, toda a questão na orla do Guaíba é voltada para onde serão colocados os resíduos sólidos. “Os dejetos e o esgoto como vão ser tratados?”, questiona. O vice-prefeito José Fortunati garante que a pesquisa de impacto ambiental será feita quando o projeto for protocolado.

Os porto alegrenses irão às urnas responder a seguinte pergunta: deve ser permitida, além da atividade comercial, edificação destinada à atividade residencial na área da orla do Guaíba onde se localiza o antigo Estaleiro Só?

Os gastos com a realização da consulta popular deve movimentar cifras de R$ 300 mil e de acordo com o resultado a proposta será encaminhada para votação na Câmara dos vereadores e abertura de licitações. Entretanto, a população não pode ter certeza do valor da sua participação.

Leia na íntegra

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Vereadora denuncia violência da BM

Felipe Baierle
Machucada durante a manifestação em frente a casa de Yeda (16), Fernanda Melchionna mostra para O Parcial a prova da agressão sofrida. Segundo a vereadora que fez no mesmo dia um Boletim de Ocorrência e exame de corpo de delito, há a possibilidade de que se abra um processo contra a Brigada Militar.




Leia na íntegra

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Melchionna fala sobre o ato em frente a casinha de Yeda

Leia na íntegra

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Núcleo de Estudantes de Jornalismo convoca reunião estraordinária

Fernando Rotta

O Núcleo de Estudantes de Jornalismo, do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul, convoca estudantes, profissionais, coordenadores de cursos, professores do Estado para reunião extraordinária a ser realizada no dia 11 de julho, às 14h, no auditório do Sindicato dos Bancários, localizado na rua General Câmara, 424, centro de Porto Alegre.

O encontro servirá para formação de comissão pró-diploma, no sentido de nortear a luta pela exigência da formação acadêmica para o exercício do jornalismo. Também estará presente o setor jurídico do sindicato para esclarecer dúvidas sobre a decisão do STF.

O evento é importante para tirar propostas e sugestões a serem apresentadas na reunião da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), marcada para o dia 17 de julho em São Paulo.

Leia na íntegra

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Em Honduras, nada acontece

Em desacordo com a cobertura da mídia local de Honduras - que insiste em dizer que nada está acontecendo por lá -, manifestantes se organizam para produzir imagens captadas por celular e trazer a tona a realidade atual do país.

Leia na íntegra