Caroline Berbick
Nas escadarias da Avenida Borges de Medeiros, em pleno centro de Porto Alegre, existe uma comunidade que desafia o sistema capitalista ao adotar um estilo de vida baseado na ideologia libertária e na autogestão. Instalada no antigo prédio do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), a Comunidade Autônoma Utopia e Luta é o primeiro movimento social a apropriar-se de um imóvel público em estado de abandono.
A história da Comunidade Autônoma Utopia e Luta começa em 2005, durante o 5º Fórum Social Mundial, quando o Movimento Nacional de Luta pela Moradia (MNLM), junto a ativistas de diferentes países como França e Japão, ocupou o prédio do INSS que estava em situação de abandono há mais de 10 anos. Cerca de 160 famílias permaneceram no local por 20 dias, exigindo solidariedade na distribuição e no aproveitamento dos espaços urbanos.
A ação estimulou negociações com o governo e, em 2007, foi aprovada a Lei de Conversão que autoriza a transferência de imóveis desocupados da União para projetos habitacionais de interesse social. Nesta ocasião, o INSS liberou 1.600 prédios em todo o país. O edifício da Borges de Medeiros era um deles.
Garantida a posse do imóvel, iniciou-se o processo de seleção das pessoas que habitariam os apartamentos de 30 e 25m². Pelo menos 300 famílias passaram pelas comissões. Elas deveriam ter entre um e dois filhos, renda de até três salários mínimos, estar dispostas a viver em comunidade e não ter interesses eleitoreiros. Foram quatro anos de reuniões para hoje estarem definidas as 42 famílias que fazem parte da comunidade, totalizando quase 100 membros.
Inicialmente, o projeto de ocupação tinha apenas o objetivo de criar moradia popular, mas a Comunidade Utopia e Luta foi além. Instaurou-se ali um ambiente de cultura e coletividade, onde se aplica e se discute questões como educação, ecologia e políticas públicas. Segundo Marcelo Nunes Machado, coordenador de finanças e saúde do prédio, este sistema evita o mau uso do espaço conquistado: “Não adianta dar uma casa ao cidadão e não ter um projeto social que o envolva. Se a pessoa não tem emprego e nem estrutura, acaba vendendo a casa ou alugando”.
O novo planejamento arquitetônico do edifício foi feito para favorecer a convivência entre os moradores. Além dos sete andares residenciais, que são estampados por painéis com temas como biodiversidade, revolução e juventude, existe o terraço, que dá lugar à horta comunitária, o refeitório no qual acontecem os almoços coletivos, a lavanderia, que atende a todos os apartamentos, e o teatro Quilombo das Artes, centro cultural aberto ao público. Planos de ter uma padaria própria, uma creche, espaços para inclusão digital, reciclagem e serigrafia, também estão sendo encaminhados.
A meta da comunidade é atingir a autogestão e, desta maneira, confrontar o sistema capitalista de consumo. Organizados pela Cooperativa Solidária Utopia e Luta (Coopsul), buscam chegar ao ponto de produzir e administrar seus próprios recursos. Para Eduardo Solari, coordenador geral do movimento, a autonomia política é tão importante quanto a econômica: “Procuramos, também, a autogestão políticoideológica. Não estamos vinculados a partido nenhum. O governo é produto do sistema e nós combatemos esse sistema”.
Para concluir os projetos de engenharia, a cooperativa espera a certidão de habite-se da Prefeitura. Enquanto isso, os moradores aprendem a conviver em coletividade e constroem um ambiente de clima revolucionário que se fortalece cada vez que um deles passa pelo hall de entrada e lê a frase pintada que os recepciona: “Estás entrando em território de autodeterminação popular”.
Nas escadarias da Avenida Borges de Medeiros, em pleno centro de Porto Alegre, existe uma comunidade que desafia o sistema capitalista ao adotar um estilo de vida baseado na ideologia libertária e na autogestão. Instalada no antigo prédio do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), a Comunidade Autônoma Utopia e Luta é o primeiro movimento social a apropriar-se de um imóvel público em estado de abandono.
A história da Comunidade Autônoma Utopia e Luta começa em 2005, durante o 5º Fórum Social Mundial, quando o Movimento Nacional de Luta pela Moradia (MNLM), junto a ativistas de diferentes países como França e Japão, ocupou o prédio do INSS que estava em situação de abandono há mais de 10 anos. Cerca de 160 famílias permaneceram no local por 20 dias, exigindo solidariedade na distribuição e no aproveitamento dos espaços urbanos.
A ação estimulou negociações com o governo e, em 2007, foi aprovada a Lei de Conversão que autoriza a transferência de imóveis desocupados da União para projetos habitacionais de interesse social. Nesta ocasião, o INSS liberou 1.600 prédios em todo o país. O edifício da Borges de Medeiros era um deles.
Garantida a posse do imóvel, iniciou-se o processo de seleção das pessoas que habitariam os apartamentos de 30 e 25m². Pelo menos 300 famílias passaram pelas comissões. Elas deveriam ter entre um e dois filhos, renda de até três salários mínimos, estar dispostas a viver em comunidade e não ter interesses eleitoreiros. Foram quatro anos de reuniões para hoje estarem definidas as 42 famílias que fazem parte da comunidade, totalizando quase 100 membros.
Inicialmente, o projeto de ocupação tinha apenas o objetivo de criar moradia popular, mas a Comunidade Utopia e Luta foi além. Instaurou-se ali um ambiente de cultura e coletividade, onde se aplica e se discute questões como educação, ecologia e políticas públicas. Segundo Marcelo Nunes Machado, coordenador de finanças e saúde do prédio, este sistema evita o mau uso do espaço conquistado: “Não adianta dar uma casa ao cidadão e não ter um projeto social que o envolva. Se a pessoa não tem emprego e nem estrutura, acaba vendendo a casa ou alugando”.
O novo planejamento arquitetônico do edifício foi feito para favorecer a convivência entre os moradores. Além dos sete andares residenciais, que são estampados por painéis com temas como biodiversidade, revolução e juventude, existe o terraço, que dá lugar à horta comunitária, o refeitório no qual acontecem os almoços coletivos, a lavanderia, que atende a todos os apartamentos, e o teatro Quilombo das Artes, centro cultural aberto ao público. Planos de ter uma padaria própria, uma creche, espaços para inclusão digital, reciclagem e serigrafia, também estão sendo encaminhados.
A meta da comunidade é atingir a autogestão e, desta maneira, confrontar o sistema capitalista de consumo. Organizados pela Cooperativa Solidária Utopia e Luta (Coopsul), buscam chegar ao ponto de produzir e administrar seus próprios recursos. Para Eduardo Solari, coordenador geral do movimento, a autonomia política é tão importante quanto a econômica: “Procuramos, também, a autogestão políticoideológica. Não estamos vinculados a partido nenhum. O governo é produto do sistema e nós combatemos esse sistema”.
Para concluir os projetos de engenharia, a cooperativa espera a certidão de habite-se da Prefeitura. Enquanto isso, os moradores aprendem a conviver em coletividade e constroem um ambiente de clima revolucionário que se fortalece cada vez que um deles passa pelo hall de entrada e lê a frase pintada que os recepciona: “Estás entrando em território de autodeterminação popular”.
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