Carolina S. Marquis
O estudante de teologia e ativista político de El Salvador, Martín Diaz, conversa com O Parcial. Ele esteve em Honduras nos primeiros dias de golpe de Estado e participou das manifestações da população em defesa da volta do presidente deposto Manuel Zelaya.
Parcial - Qual é a tua opinião sobre o governo de Zelaya antes do golpe?
Martín - O presidente Zelaya e sua administração começavam a sair das mãos da polarização política hondurenha, uma vez que em Honduras não há um partido político de esquerda. Zelaya, um homem de direita, compreendeu a importância de uma movimentação social e do bem estar da população em geral.
Que um presidente vindo de um partido liberal que é, junto com o nacional, os partidos tradicionais de Honduras, estabeleça um diálogo, uma comunicação, um debate permanente com as organizações sociais, é, para a oligarquia, um pecado mortal.
Em resumo, o presidente Zelaya deixou de gato amansado pelo poder oligárquico a um leão que caminha junto ao povo.
Parcial - Tu estavas de acordo com a mudança da constituição para que o presidente pudesse ser reeleito?
Martín - Com a consulta popular não se decidia nada. Somente se consultava o povo para saber se eles estavam de acordo ou não a ter uma quarta urna nas próximas eleições, no final deste ano na qual se definiria a convocatória para uma assembléia constituinte.
O presidente Zelaya, de nenhuma maneira explícita propunha uma reforma constitucional para poder se reeleger como candidato a presidência, senão propôs a convocatória para uma assembléia constituinte para, então, criar uma nova constituição. Isso é em todos os aspectos legítimo e democrático.
Parcial - Qual é a tua opinião sobre o papel da Igreja no golpe?
Martín - As igrejas têm um importante papel neste golpe de estado. Em primeiro lugar a igreja católica é indispensável para os golpistas. O cardeal Maradiaga, realizou declarações a favor do governo de fato. Em El Salvador as máximas autoridades hierárquicas da igreja católica também respaldam aos golpistas.
Por outro lado estão as igrejas históricas, encabeçadas pela igreja Luterana, que tem levado uma luta junto ao povo e a qual assimilou a uma delegação da igreja Luterana de El Salvador a Honduras para apoiar a Igreja e o povo na luta pela recuperação da ordem constitucional.
Parcial - Como é a tua militância política em El Salvador?
Martín - Eu me considero um Internacionalista e um Trotskista de coração. Em El Salvador eu faço parte de diversas organizações sociais. Sou membro do Comitê Coordenador do Movimento Popular pela Paz e Justiça (PMJS), no qual represento o setor de jovens. Também sou Coordenador Geral da Juventude em prol das Artes Contemporâneas (JAC). Diretor do meio de difusão da organização “Observador Juvenil” e membro da Tendência Revolucionária. (TR).
Parcial - Por que fostes a Honduras no momento do golpe?
Martín - É um dever de todo internacionalista e revolucionário amante de toda a Justiça e Paz Social, lutar contra semelhante hostilidade junto aos povos oprimidos. Nesta ocasião “fui hondurenho” e viajei a Honduras para reunir-me com pessoas de organizações locais que colaboramos em El Salvador. Minha missão foi apoiar maneira logística e apoiar ao povo hondurenho na luta contra os golpistas.
Isso é tudo que posso dizer, por motivos óbvios.
Parcial - Quais são os benefícios que o governo Zelaya trazia à população hondurenha?
Martín - O maior feito deste governo foi administrar e advogar pelas maiorias mediante a integração dos povos.
Há que se levar em consideração que todo presidente se torna suspeito quando dialoga e trabalha junto às organizações populares. Isso é visto como uma ameaça à oligarquia.
Além disso, o presidente Zelaya estava se aproximando politicamente da Venezuela e começou a trabalhar com a PetroCaribe no projeto ALBA, fortalecendo assim a relação com Cuba. Todos esses fatores fizeram com que o governo Zelaya fosse suspeito às classes dominantes de Honduras.
Qual era, em geral, a opinião do povo, sobre a “mudança” do tipo de governo de Zelaya desde o início de seu mandado?
Positivo. Prova disso é que o povo está marchando desde o dia 28 de Junho exigindo o retorno de seu presidente.
Parcial - Qual foi a impressão que ficaste dos dias em que estivestes em Honduras?
Martín - Triste, porque enquando o povo era oprimido por forças militares, as classes média e alta da sociedade desfrutavam em bares, restaurantes e luxuosos centros comerciais. É muito triste ver isso e só me faz reafirmar que o que está acontecendo em Honduras é uma luta do povo contra a burguesia.
Parcial - O que diziam as pessoas na rua. Como eram as manifestações?
Martín - As mobilizações do povo hondurenho são, além de persistentes, realmente disciplinadas.As pessoas gritam, cantam, choram, dançam, saltam, pintam. Enfim, fazem o que sua imaginação permita para mostrar que são contra os golpistas.
Nas marchas em que estive, em meio às pinturas recitavam “Fora Goriletti”, “Cardenal Satânico, o povo não acredita em ti”, etc. Uma mulher que participava do movimento feminista escrevia “Viva as camisinhas com sabor”. O que quero dizer é que as pessoas mantêm o espírito sarcástico. Pessoalmente eu acho que foi genial que essa mulher tenha escrito isso na parede.
Parcial - Como é viver no país vizinho ao golpe. O que fazem para ajudar os hondurenhos?
Martín - Nós colaboramos com os aspectos logísticos mediante sinais de rádio de nosso país que escutam em Honduras. Ajudamos com dinheiro para transportar as pessoas que se manifestam, com mobilizações em nosso país, corte de ruas. Em duas ocasiões nossa organização fechou a fronteira com Honduras com mais de duas mil pessoas.
Parcial - Como a população de El Salvador a respeito do golpe de Honduras?
Martín - Preocupação e medo. O nosso pode ser o próximo país a sofrer um ataque como o de Honduras. A igreja Católica e o partido de ultra direita ARENA expressam abertamente que, caso o novo governo de El Salvador seja um governo voltado para o povo, acontecerá o mesmo que em Honduras.
O estudante de teologia e ativista político de El Salvador, Martín Diaz, conversa com O Parcial. Ele esteve em Honduras nos primeiros dias de golpe de Estado e participou das manifestações da população em defesa da volta do presidente deposto Manuel Zelaya.
Parcial - Qual é a tua opinião sobre o governo de Zelaya antes do golpe?
Martín - O presidente Zelaya e sua administração começavam a sair das mãos da polarização política hondurenha, uma vez que em Honduras não há um partido político de esquerda. Zelaya, um homem de direita, compreendeu a importância de uma movimentação social e do bem estar da população em geral.
Que um presidente vindo de um partido liberal que é, junto com o nacional, os partidos tradicionais de Honduras, estabeleça um diálogo, uma comunicação, um debate permanente com as organizações sociais, é, para a oligarquia, um pecado mortal.
Em resumo, o presidente Zelaya deixou de gato amansado pelo poder oligárquico a um leão que caminha junto ao povo.
Parcial - Tu estavas de acordo com a mudança da constituição para que o presidente pudesse ser reeleito?
Martín - Com a consulta popular não se decidia nada. Somente se consultava o povo para saber se eles estavam de acordo ou não a ter uma quarta urna nas próximas eleições, no final deste ano na qual se definiria a convocatória para uma assembléia constituinte.
O presidente Zelaya, de nenhuma maneira explícita propunha uma reforma constitucional para poder se reeleger como candidato a presidência, senão propôs a convocatória para uma assembléia constituinte para, então, criar uma nova constituição. Isso é em todos os aspectos legítimo e democrático.
Parcial - Qual é a tua opinião sobre o papel da Igreja no golpe?
Martín - As igrejas têm um importante papel neste golpe de estado. Em primeiro lugar a igreja católica é indispensável para os golpistas. O cardeal Maradiaga, realizou declarações a favor do governo de fato. Em El Salvador as máximas autoridades hierárquicas da igreja católica também respaldam aos golpistas.
Por outro lado estão as igrejas históricas, encabeçadas pela igreja Luterana, que tem levado uma luta junto ao povo e a qual assimilou a uma delegação da igreja Luterana de El Salvador a Honduras para apoiar a Igreja e o povo na luta pela recuperação da ordem constitucional.
Parcial - Como é a tua militância política em El Salvador?
Martín - Eu me considero um Internacionalista e um Trotskista de coração. Em El Salvador eu faço parte de diversas organizações sociais. Sou membro do Comitê Coordenador do Movimento Popular pela Paz e Justiça (PMJS), no qual represento o setor de jovens. Também sou Coordenador Geral da Juventude em prol das Artes Contemporâneas (JAC). Diretor do meio de difusão da organização “Observador Juvenil” e membro da Tendência Revolucionária. (TR).
Parcial - Por que fostes a Honduras no momento do golpe?
Martín - É um dever de todo internacionalista e revolucionário amante de toda a Justiça e Paz Social, lutar contra semelhante hostilidade junto aos povos oprimidos. Nesta ocasião “fui hondurenho” e viajei a Honduras para reunir-me com pessoas de organizações locais que colaboramos em El Salvador. Minha missão foi apoiar maneira logística e apoiar ao povo hondurenho na luta contra os golpistas.
Isso é tudo que posso dizer, por motivos óbvios.
Parcial - Quais são os benefícios que o governo Zelaya trazia à população hondurenha?
Martín - O maior feito deste governo foi administrar e advogar pelas maiorias mediante a integração dos povos.
Há que se levar em consideração que todo presidente se torna suspeito quando dialoga e trabalha junto às organizações populares. Isso é visto como uma ameaça à oligarquia.
Além disso, o presidente Zelaya estava se aproximando politicamente da Venezuela e começou a trabalhar com a PetroCaribe no projeto ALBA, fortalecendo assim a relação com Cuba. Todos esses fatores fizeram com que o governo Zelaya fosse suspeito às classes dominantes de Honduras.
Qual era, em geral, a opinião do povo, sobre a “mudança” do tipo de governo de Zelaya desde o início de seu mandado?
Positivo. Prova disso é que o povo está marchando desde o dia 28 de Junho exigindo o retorno de seu presidente.
Parcial - Qual foi a impressão que ficaste dos dias em que estivestes em Honduras?
Martín - Triste, porque enquando o povo era oprimido por forças militares, as classes média e alta da sociedade desfrutavam em bares, restaurantes e luxuosos centros comerciais. É muito triste ver isso e só me faz reafirmar que o que está acontecendo em Honduras é uma luta do povo contra a burguesia.
Parcial - O que diziam as pessoas na rua. Como eram as manifestações?
Martín - As mobilizações do povo hondurenho são, além de persistentes, realmente disciplinadas.As pessoas gritam, cantam, choram, dançam, saltam, pintam. Enfim, fazem o que sua imaginação permita para mostrar que são contra os golpistas.
Nas marchas em que estive, em meio às pinturas recitavam “Fora Goriletti”, “Cardenal Satânico, o povo não acredita em ti”, etc. Uma mulher que participava do movimento feminista escrevia “Viva as camisinhas com sabor”. O que quero dizer é que as pessoas mantêm o espírito sarcástico. Pessoalmente eu acho que foi genial que essa mulher tenha escrito isso na parede.
Parcial - Como é viver no país vizinho ao golpe. O que fazem para ajudar os hondurenhos?
Martín - Nós colaboramos com os aspectos logísticos mediante sinais de rádio de nosso país que escutam em Honduras. Ajudamos com dinheiro para transportar as pessoas que se manifestam, com mobilizações em nosso país, corte de ruas. Em duas ocasiões nossa organização fechou a fronteira com Honduras com mais de duas mil pessoas.
Parcial - Como a população de El Salvador a respeito do golpe de Honduras?
Martín - Preocupação e medo. O nosso pode ser o próximo país a sofrer um ataque como o de Honduras. A igreja Católica e o partido de ultra direita ARENA expressam abertamente que, caso o novo governo de El Salvador seja um governo voltado para o povo, acontecerá o mesmo que em Honduras.
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