Caroline Berbick
Descontentes com o comportamento da União Nacional dos Estudantes (UNE), componentes da esquerda do movimento criaram a Assembleia Nacional dos Estudantes – Livre (ANEL) para lutar pelos interesses estudantis de forma independente.
O novo movimento estudantil surgiu no Congresso Nacional de Estudantes (CNE), que ocorreu entre os dias 11 e 14 de junho, na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O evento organizado principalmente pela Juventude do PSTU reuniu cerca de 1.800 estudantes de todo o país. O principal objetivo do congresso foi criar uma entidade nacional combativa que aja de forma independente da UNE, instituição que, para muitos estudantes, já não defende mais os interesses da classe.
A proposta da ANEL é de uma assembleia desprovida de diretoria, composta por estudantes eleitos em universidades e em organizações gerais como o Diretório Central dos Estudantes (DCE). O movimento pretende reunir-se a cada dois meses e agir de maneira menos burocrática e governista que a UNE. A ANEL tem apoio de algumas correntes do PSOL, da Liga Estratégia Revolucionária, do Coletivo Marxista, da Liga Bolchevique Internacionalista e de alguns DCEs como o da Universidade de São Paulo (USP) e o da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Oposição à UNE
A UNE é dirigida pela União da Juventude Socialista (UJS – PCdoB) há duas décadas. Tamanha hegemonia desperta revolta e desconfiança por parte de outros setores da entidade. Apesar de reconhecerem o importante papel que ela desempenhou na história do movimento estudantil brasileiro, afirmam que, atualmente, a UNE não é mais um movimento combativo, mas um instrumento do governo.
O apoio oferecido às reformas universitárias do governo federal intensifica as acusações: “É inegável que a UNE, há 20 anos, não representa mais todos os estudantes de luta. A UNE que ‘panfleteia’ o ‘fim do vestibular’, elogia o ProUni e recebe milhões do governo Lula não representa grande parte dos estudantes do Brasil”, afirma Tiago da Silveira, membro do DCE da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Outros movimentos já foram criados para agir de forma paralela à UNE, mas nunca conseguiram alcançar a projeção da entidade que já tem 70 anos. O Fórum Nacional de Executivas e Federações de Curso (FENEX) e a Coordenação Nacional de Luta dos Estudantes (Conlute), que foi proposta pelo PSTU, assim como a ANEL, são exemplos destas organizações.
Resistência
A ANEL promete ocupar reitorias em prol da democratização universitária, lutar por eleições diretas para reitor e fazer oposição às medidas do governo. Mesmo apresentando propostas como essas, que agradam grande parte da oposição da UNE, o projeto não convenceu várias grupos. Um dos motivos foi o fato da ANEL ter sido concebida por iniciativa de um partido político.
O Congresso Nacional dos Estudantes, onde a entidade foi criada, foi promovido principalmente pelo PSTU, que constituía a maioria dos participantes. Esta grande influência político-partidária representa um empecilho para aqueles que desejam um movimento estudantil independente de questões eleitoreiras. “A ANEL nasce com o vício de ter uma hegemonia controlando-a, nasce em um congresso onde não se tinha vontade política de se discutir os problemas do movimento estudantil, nasce vinculada a dispositivos que permitem apoiar e fazer campanhas para partidos”, declara Tiago da Silveira, membro do DCE da UFRGS.
A UNE desaprova a nova instituição. Daniel Damiani, 1º Diretor de Assistência Estudantil da UNE, critica as organizações que buscam fragmentar o movimento: “Particularmente acredito que é um equívoco sem tamanho, que não resolve nenhum dos problemas do movimento estudantil e cria mais um: a divisão”. Ele destaca o histórico de lutas da UNE e a grande representatividade que ela tem entre os movimentos sociais brasileiros. Depois afirma: “Já esta ANEL, parte da insistência de um partido político em criar a sua própria entidade, reunindo a simpatia de setores minoritários, fragmentados, e inexpressivos, da periferia do movimento”.
Outra luta
Grupos que não aprovam a UNE e nem a ANEL defendem a libertação política e estrutural dos movimentos estudantis. Acreditam que a institucionalização deve ser rompida para que erros antigos não sejam cometidos novamente. O processo de organização concreta, segundo este ideal, somente se daria a partir de um novo ciclo de lutas. Enquanto esta proposta não sai do âmbito ideológico, UNE e ANEL lutam por espaço e pelos interesses da classe estudantil.
Descontentes com o comportamento da União Nacional dos Estudantes (UNE), componentes da esquerda do movimento criaram a Assembleia Nacional dos Estudantes – Livre (ANEL) para lutar pelos interesses estudantis de forma independente.
O novo movimento estudantil surgiu no Congresso Nacional de Estudantes (CNE), que ocorreu entre os dias 11 e 14 de junho, na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O evento organizado principalmente pela Juventude do PSTU reuniu cerca de 1.800 estudantes de todo o país. O principal objetivo do congresso foi criar uma entidade nacional combativa que aja de forma independente da UNE, instituição que, para muitos estudantes, já não defende mais os interesses da classe.
A proposta da ANEL é de uma assembleia desprovida de diretoria, composta por estudantes eleitos em universidades e em organizações gerais como o Diretório Central dos Estudantes (DCE). O movimento pretende reunir-se a cada dois meses e agir de maneira menos burocrática e governista que a UNE. A ANEL tem apoio de algumas correntes do PSOL, da Liga Estratégia Revolucionária, do Coletivo Marxista, da Liga Bolchevique Internacionalista e de alguns DCEs como o da Universidade de São Paulo (USP) e o da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Oposição à UNE
A UNE é dirigida pela União da Juventude Socialista (UJS – PCdoB) há duas décadas. Tamanha hegemonia desperta revolta e desconfiança por parte de outros setores da entidade. Apesar de reconhecerem o importante papel que ela desempenhou na história do movimento estudantil brasileiro, afirmam que, atualmente, a UNE não é mais um movimento combativo, mas um instrumento do governo.
O apoio oferecido às reformas universitárias do governo federal intensifica as acusações: “É inegável que a UNE, há 20 anos, não representa mais todos os estudantes de luta. A UNE que ‘panfleteia’ o ‘fim do vestibular’, elogia o ProUni e recebe milhões do governo Lula não representa grande parte dos estudantes do Brasil”, afirma Tiago da Silveira, membro do DCE da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Outros movimentos já foram criados para agir de forma paralela à UNE, mas nunca conseguiram alcançar a projeção da entidade que já tem 70 anos. O Fórum Nacional de Executivas e Federações de Curso (FENEX) e a Coordenação Nacional de Luta dos Estudantes (Conlute), que foi proposta pelo PSTU, assim como a ANEL, são exemplos destas organizações.
Resistência
A ANEL promete ocupar reitorias em prol da democratização universitária, lutar por eleições diretas para reitor e fazer oposição às medidas do governo. Mesmo apresentando propostas como essas, que agradam grande parte da oposição da UNE, o projeto não convenceu várias grupos. Um dos motivos foi o fato da ANEL ter sido concebida por iniciativa de um partido político.
O Congresso Nacional dos Estudantes, onde a entidade foi criada, foi promovido principalmente pelo PSTU, que constituía a maioria dos participantes. Esta grande influência político-partidária representa um empecilho para aqueles que desejam um movimento estudantil independente de questões eleitoreiras. “A ANEL nasce com o vício de ter uma hegemonia controlando-a, nasce em um congresso onde não se tinha vontade política de se discutir os problemas do movimento estudantil, nasce vinculada a dispositivos que permitem apoiar e fazer campanhas para partidos”, declara Tiago da Silveira, membro do DCE da UFRGS.
A UNE desaprova a nova instituição. Daniel Damiani, 1º Diretor de Assistência Estudantil da UNE, critica as organizações que buscam fragmentar o movimento: “Particularmente acredito que é um equívoco sem tamanho, que não resolve nenhum dos problemas do movimento estudantil e cria mais um: a divisão”. Ele destaca o histórico de lutas da UNE e a grande representatividade que ela tem entre os movimentos sociais brasileiros. Depois afirma: “Já esta ANEL, parte da insistência de um partido político em criar a sua própria entidade, reunindo a simpatia de setores minoritários, fragmentados, e inexpressivos, da periferia do movimento”.
Outra luta
Grupos que não aprovam a UNE e nem a ANEL defendem a libertação política e estrutural dos movimentos estudantis. Acreditam que a institucionalização deve ser rompida para que erros antigos não sejam cometidos novamente. O processo de organização concreta, segundo este ideal, somente se daria a partir de um novo ciclo de lutas. Enquanto esta proposta não sai do âmbito ideológico, UNE e ANEL lutam por espaço e pelos interesses da classe estudantil.
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