Leila García
O Centro Popular de Compras (CPC) é o endereço de 800 ex-camelôs, agora caracterizados como vendedores populares. Fora das ruas demonstram descontentamento, já autoridades e sindicato destacam qualidades.
Desde os dez anos de idade Raimundo Debem (48) é vendedor. Na década de 90, em frente ao Mercado Público, na Praça XV, já tinha ponto fixo licenciado pela Secretaria Municipal da Produção, Indústria e Comércio (Smic) e profissão definida: camelô.Já Vicente Rocha trocou a profissão de representante comercial pela informalidade, há 20 anos, quando o aumento da pirataria enfraqueceu as vendas. Desde então passou a ofertar seus produtos na rua. “Fui o primeiro a colocar as camisas de times esportivos nas ruas”, orgulha-se. Há um ano estava na Rua dos Andradas e, também, alugava banca de um portador de deficiência da Praça XV.
Em 2007, por decreto Municipal ficou determinado e normalizado o funcionamento do CPC. Nesse ano, foi anunciada a transferência dos camelôs que concentravam suas atividades nas principais ruas e praças de Porto Alegre.
Desde o princípio, prevaleceu a divergência entre os camelôs e as autoridades, em relação a escolha dos contemplados e o modo de alocação. Assegurada a preferência aos portadores de deficiência visual, o tempo de propriedade de banca nas ruas foi determinante para aos demais. Conforme o fiscal da Smic Valter Souza Correa, “a ideia era que os ambulantes ocupassem o CPC por antiguidade. Mas os da Andradas queriam sorteio entre todos, seria injusto, pois, a feira era em tempo parcial”. Cerca de 30 comerciantes, ainda estão na lista de espera e aguardam espaço no CPC, já que está proibida a atividade dos camelôs nas vias públicas.
Tanto Debem, como Rocha apontam queda de 50% nas vendas. Os 10 mil metros de extensão do CPC são divididos, por duas passarelas, em dois blocos e placas indicam a existência de mais lojas ao fundo. A banca de Rocha está situada no chamado “lado B”, em direção a Avenida Mauá, após a passarela, com apenas uma entrada lateral e considerado o ponto de menor fluxo e vendas.
Contudo, essa divisão não estava prevista no projeto original. Estavam previstos, porém, acessos a todas as ruas do entorno. Antes os camelôs estavam espalhados e os produtos ficavam a mostra para todos que passavam no centro, hoje, “os vendedores estão concentrados em um único ponto, com mercadorias semelhantes, então as pessoas entram, olham a primeira banca e saem“, relata Rocha. “Jesus não agradou a todos, tem muitos camelôs que não querem ficar ali e criam mil obstáculos” é o que afirma Moacir Gutierres de Souza, presidente do Sindicato dos ambulantes.
Souza, garante que a maioria dos ambulantes está satisfeita com o novo ambiente, localizado numa área central, com fácil acesso e infra-estrutura. A Smic considera ilegítimas as reclamações, pois tem observado o aumento da disponibilidade de mercadorias e aquisições por parte dos ambulantes.
Por ficarem em torno de 12 horas por dia nas bancas, os comerciantes revelam que o custo da alimentação é alto, já que é o mesmo cobrado aos clientes. Por isso recorrem a clandestinidade, ou seja, comidas fornecidas as escondidas por alguém de fora. Quanto a utilização dos sanitários, obrigam-se a deixar as bancas fechadas, porque têm de esperar a fila formada por clientes que querem utilizar o serviço gratuito destinado somente aos vendedores.
A necessidade de investimento dentro do CPC é maior do que nas ruas. Além de manter a banca sortida é necessário pagar o aluguel cobrado de acordo com o espaço disponibilizado e condomínio. Nas ruas, Rocha tinha despesas com o aluguel do espaço na Praça XV, local para guardar o carrinho e transporte dos produtos, cerca de 250 reais. Agora paga em torno de 470 reais pela infra-estrutura e espaço de 3,33 metros, ao qual se refere como “gaiola”.
“O camelô sempre vai dar uma chorada, por causa do tamanho da loja, ou de onde está”, afirma Correa. Se, é este o caso, Debem afirma que já comeu o próprio carro e até agora só teve prejuízo. Já Rocha, olha com ansiedade para a rua quando está chovendo, “antes a gente corria até o atacado e comprava guarda-chuva, pegava as pessoas desprevenidas e já ganhava alguma coisa, agora fico sentado esperando o cliente aparecer”. O fluxo de pessoas é grande nos corredores do camelódromo e como as compras não acompanham o mesmo ritmo, no quarto mês de funcionamento o CPC ainda vive de expectativa.
Desde os dez anos de idade Raimundo Debem (48) é vendedor. Na década de 90, em frente ao Mercado Público, na Praça XV, já tinha ponto fixo licenciado pela Secretaria Municipal da Produção, Indústria e Comércio (Smic) e profissão definida: camelô.Já Vicente Rocha trocou a profissão de representante comercial pela informalidade, há 20 anos, quando o aumento da pirataria enfraqueceu as vendas. Desde então passou a ofertar seus produtos na rua. “Fui o primeiro a colocar as camisas de times esportivos nas ruas”, orgulha-se. Há um ano estava na Rua dos Andradas e, também, alugava banca de um portador de deficiência da Praça XV.
Em 2007, por decreto Municipal ficou determinado e normalizado o funcionamento do CPC. Nesse ano, foi anunciada a transferência dos camelôs que concentravam suas atividades nas principais ruas e praças de Porto Alegre.
Desde o princípio, prevaleceu a divergência entre os camelôs e as autoridades, em relação a escolha dos contemplados e o modo de alocação. Assegurada a preferência aos portadores de deficiência visual, o tempo de propriedade de banca nas ruas foi determinante para aos demais. Conforme o fiscal da Smic Valter Souza Correa, “a ideia era que os ambulantes ocupassem o CPC por antiguidade. Mas os da Andradas queriam sorteio entre todos, seria injusto, pois, a feira era em tempo parcial”. Cerca de 30 comerciantes, ainda estão na lista de espera e aguardam espaço no CPC, já que está proibida a atividade dos camelôs nas vias públicas.
Tanto Debem, como Rocha apontam queda de 50% nas vendas. Os 10 mil metros de extensão do CPC são divididos, por duas passarelas, em dois blocos e placas indicam a existência de mais lojas ao fundo. A banca de Rocha está situada no chamado “lado B”, em direção a Avenida Mauá, após a passarela, com apenas uma entrada lateral e considerado o ponto de menor fluxo e vendas.
Contudo, essa divisão não estava prevista no projeto original. Estavam previstos, porém, acessos a todas as ruas do entorno. Antes os camelôs estavam espalhados e os produtos ficavam a mostra para todos que passavam no centro, hoje, “os vendedores estão concentrados em um único ponto, com mercadorias semelhantes, então as pessoas entram, olham a primeira banca e saem“, relata Rocha. “Jesus não agradou a todos, tem muitos camelôs que não querem ficar ali e criam mil obstáculos” é o que afirma Moacir Gutierres de Souza, presidente do Sindicato dos ambulantes.
Souza, garante que a maioria dos ambulantes está satisfeita com o novo ambiente, localizado numa área central, com fácil acesso e infra-estrutura. A Smic considera ilegítimas as reclamações, pois tem observado o aumento da disponibilidade de mercadorias e aquisições por parte dos ambulantes.
Por ficarem em torno de 12 horas por dia nas bancas, os comerciantes revelam que o custo da alimentação é alto, já que é o mesmo cobrado aos clientes. Por isso recorrem a clandestinidade, ou seja, comidas fornecidas as escondidas por alguém de fora. Quanto a utilização dos sanitários, obrigam-se a deixar as bancas fechadas, porque têm de esperar a fila formada por clientes que querem utilizar o serviço gratuito destinado somente aos vendedores.
A necessidade de investimento dentro do CPC é maior do que nas ruas. Além de manter a banca sortida é necessário pagar o aluguel cobrado de acordo com o espaço disponibilizado e condomínio. Nas ruas, Rocha tinha despesas com o aluguel do espaço na Praça XV, local para guardar o carrinho e transporte dos produtos, cerca de 250 reais. Agora paga em torno de 470 reais pela infra-estrutura e espaço de 3,33 metros, ao qual se refere como “gaiola”.
“O camelô sempre vai dar uma chorada, por causa do tamanho da loja, ou de onde está”, afirma Correa. Se, é este o caso, Debem afirma que já comeu o próprio carro e até agora só teve prejuízo. Já Rocha, olha com ansiedade para a rua quando está chovendo, “antes a gente corria até o atacado e comprava guarda-chuva, pegava as pessoas desprevenidas e já ganhava alguma coisa, agora fico sentado esperando o cliente aparecer”. O fluxo de pessoas é grande nos corredores do camelódromo e como as compras não acompanham o mesmo ritmo, no quarto mês de funcionamento o CPC ainda vive de expectativa.
Um comentário:
Olá, tudo bem ? Estamos convidando os estudantes africanos que residem em Porto Alegre para a Festa da Reparação que será realizada pelo Movimento Negro Unificado em 22/06, 21hs, no Simpa, Sindicato dos Municipários, Rua João Alfredo, 61 Cidade Baixa, Porto Alegre. Valor rs 15R$, será servida Feijoada. O som será de múdica Afro Brasileira. Contato Emir 93237866
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