Carolina Marquis
As neuroses de cada um não são geridas somente pelo indivíduo de forma isolada. O entorno, os processos das relações de poder e os micro-circuitos de autoritarismo são também geradores de processos psicológicos enfermos. Desenvolver no homem a capacidade de ser o senhor de sua própria vida, autor de seus desejos e poder assumir de forma plena as decisões que toma é o princípio básico da Soma, uma terapia que ativa as “políticas do cotidiano” e pretende fazer com que o ser seja capaz de viver momentos em que não se permita dominar, nem coaja ninguém a uma situação de inferioridade. Ou seja, momentos de liberdade.
A Soma foi criada pelo médico, psicanalista, autor, diretor de teatro e letrista Roberto Freire. Nasceu de uma pesquisa sobre o desbloqueio da criatividade, realizada no Centro de Estudos Macunaíma, no Rio de Janeiro, com as contribuições de Miriam Muniz e Sylvio Zilber. Durante a Ditadura Militar Roberto achava que as fórmulas tradicionais de psicologia e psiquiatria não eram efetivas no tratamento de companheiros de militância. Roberto buscou abordagens bioenergéticas, no teatro e na dança - atualmente se utiliza a capoeira de angola como forma de expressão e trabalho corporal.
Freire encontrou nos trabalhos do austríaco Wilhelm Reich, discípulo e depois grande crítico de Sigmund Freud, pontos que sentira falta na psicologia e psiquiatria: a tese de que a neurose é também produto de uma situação política social e de que a repressão e as liberdades usurpadas do indivíduo se manifestam através do corpo. “Parte-se do princípio de que o funcionamento da pessoa é integrativo.
Tanto no sentido do indivíduo: não existe divisão mente e corpo, tampouco existe a divisão entre indivíduo e sociedade”, diz Stéfanis Caiaffo, Doutor em Psicologia Social com especialização em Somaterapia através do Instituto Brasileiro de Estudos de Soma. Em cima desse princípio reichiano quase 60 vivências foram criadas por Roberto e pelos pesquisadores do IBES.
As sessões têm a duração de aproximadamente três horas, reúnem entre 10 e 20 pessoas, ocupa um ano e meio da vida dos participantes e são dividas em três partes. Na primeira delas o somaterapeuta – que não tem necessariamente a psicologia como formação inicial – propõe e coordena uma vivência ao grupo. Na segunda parte – chamada de leitura - os integrantes se reúnem e falam sobre as memórias que foram ativadas a partir do exercício vivenciado, as sensações despertadas em cada pessoa.
O somaterapeuta faz uma análise dos resultados da vivência: “através da catarse corporal tu liberas várias emoções e limiares de pensamento”, diz Stéfanis. A terceira parte do encontro é o momento “pedagógico”, em que o somaterapeuta divide com os componentes do grupo a teoria da vivência. Explica quais teorias embasam o conhecimento que o permite realizar a análise da relação e das reações que o grupo desenvolveu a partir da vivência experimentada. Essa última é essencial para a compreensão do que é somaterapia: ela pretende dar aos indivíduos a capacidade de autogestão.
“Roberto achava que os processos psicanalíticos eram muito longos, muito caros e, portanto, elitistas”, afirma Caiaffo “a somaterapia é interessante porque ‘abre a fonte’. Dá ao grupo o suporte teórico que permite com que cada um faça uma auto-análise”. E completa: “nós partimos do princípio de que todo ser é agressivo por natureza. Há que se ser agressivo para correr atrás dos objetivos de vida”. Segundo as teorias somaterapeuticas, a violência é gerada pela agressividade reprimida. A soma pretende fazer com que o indivíduo perceba a sociedade como um “laboratório”, e que ele seja capaz de viver o anarquismo em suas micro-relações.
Roberto Freire
“O amor, e não a vida, é o contrário da morte”. Freire nasceu no ano de 1927, no dia 18 de janeiro e amou até 2008, com 81 anos completos. Formou-se em Medicina, na Universidade do Brasil/RJ em 1952. Em 1953 foi trabalhar no Collège de France, em Paris, desenvolvendo trabalhos de endocrinologia experimental e, anos mais tarde fez sua formação psicanalítica na Sociedade Brasileira de Psicanálise/SP. A partir desse período Freire começou a pesquisa em bioenergética com discípulos de Wilhelm Reich, que gerou o início do estudo da Somaterapia.
Desenvolveu também atividades no campo cultural: sobretudo em teatro e poesia. Dirigiu peças de teatro, trabalhou com televisão e é autor dos livros “Sem tesão não há solução”, “Utopia e Paixão”, entre outros títulos.
Considerou a somaterapia a sua maior contribuição à humanidade.
As neuroses de cada um não são geridas somente pelo indivíduo de forma isolada. O entorno, os processos das relações de poder e os micro-circuitos de autoritarismo são também geradores de processos psicológicos enfermos. Desenvolver no homem a capacidade de ser o senhor de sua própria vida, autor de seus desejos e poder assumir de forma plena as decisões que toma é o princípio básico da Soma, uma terapia que ativa as “políticas do cotidiano” e pretende fazer com que o ser seja capaz de viver momentos em que não se permita dominar, nem coaja ninguém a uma situação de inferioridade. Ou seja, momentos de liberdade.
A Soma foi criada pelo médico, psicanalista, autor, diretor de teatro e letrista Roberto Freire. Nasceu de uma pesquisa sobre o desbloqueio da criatividade, realizada no Centro de Estudos Macunaíma, no Rio de Janeiro, com as contribuições de Miriam Muniz e Sylvio Zilber. Durante a Ditadura Militar Roberto achava que as fórmulas tradicionais de psicologia e psiquiatria não eram efetivas no tratamento de companheiros de militância. Roberto buscou abordagens bioenergéticas, no teatro e na dança - atualmente se utiliza a capoeira de angola como forma de expressão e trabalho corporal.
Freire encontrou nos trabalhos do austríaco Wilhelm Reich, discípulo e depois grande crítico de Sigmund Freud, pontos que sentira falta na psicologia e psiquiatria: a tese de que a neurose é também produto de uma situação política social e de que a repressão e as liberdades usurpadas do indivíduo se manifestam através do corpo. “Parte-se do princípio de que o funcionamento da pessoa é integrativo.
Tanto no sentido do indivíduo: não existe divisão mente e corpo, tampouco existe a divisão entre indivíduo e sociedade”, diz Stéfanis Caiaffo, Doutor em Psicologia Social com especialização em Somaterapia através do Instituto Brasileiro de Estudos de Soma. Em cima desse princípio reichiano quase 60 vivências foram criadas por Roberto e pelos pesquisadores do IBES.
As sessões têm a duração de aproximadamente três horas, reúnem entre 10 e 20 pessoas, ocupa um ano e meio da vida dos participantes e são dividas em três partes. Na primeira delas o somaterapeuta – que não tem necessariamente a psicologia como formação inicial – propõe e coordena uma vivência ao grupo. Na segunda parte – chamada de leitura - os integrantes se reúnem e falam sobre as memórias que foram ativadas a partir do exercício vivenciado, as sensações despertadas em cada pessoa.
O somaterapeuta faz uma análise dos resultados da vivência: “através da catarse corporal tu liberas várias emoções e limiares de pensamento”, diz Stéfanis. A terceira parte do encontro é o momento “pedagógico”, em que o somaterapeuta divide com os componentes do grupo a teoria da vivência. Explica quais teorias embasam o conhecimento que o permite realizar a análise da relação e das reações que o grupo desenvolveu a partir da vivência experimentada. Essa última é essencial para a compreensão do que é somaterapia: ela pretende dar aos indivíduos a capacidade de autogestão.
“Roberto achava que os processos psicanalíticos eram muito longos, muito caros e, portanto, elitistas”, afirma Caiaffo “a somaterapia é interessante porque ‘abre a fonte’. Dá ao grupo o suporte teórico que permite com que cada um faça uma auto-análise”. E completa: “nós partimos do princípio de que todo ser é agressivo por natureza. Há que se ser agressivo para correr atrás dos objetivos de vida”. Segundo as teorias somaterapeuticas, a violência é gerada pela agressividade reprimida. A soma pretende fazer com que o indivíduo perceba a sociedade como um “laboratório”, e que ele seja capaz de viver o anarquismo em suas micro-relações.
Roberto Freire
“O amor, e não a vida, é o contrário da morte”. Freire nasceu no ano de 1927, no dia 18 de janeiro e amou até 2008, com 81 anos completos. Formou-se em Medicina, na Universidade do Brasil/RJ em 1952. Em 1953 foi trabalhar no Collège de France, em Paris, desenvolvendo trabalhos de endocrinologia experimental e, anos mais tarde fez sua formação psicanalítica na Sociedade Brasileira de Psicanálise/SP. A partir desse período Freire começou a pesquisa em bioenergética com discípulos de Wilhelm Reich, que gerou o início do estudo da Somaterapia.
Desenvolveu também atividades no campo cultural: sobretudo em teatro e poesia. Dirigiu peças de teatro, trabalhou com televisão e é autor dos livros “Sem tesão não há solução”, “Utopia e Paixão”, entre outros títulos.
Considerou a somaterapia a sua maior contribuição à humanidade.
Um comentário:
Já está na prioridade, próximo livro Utopia e paixão e começar a praticar a capoeira angola. Um dia surge a possibilidade de fazer a somaterapia como tenho vontade.
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