terça-feira, 26 de agosto de 2008

A voz do morro

Briani Tones

O movimento de rádios comunitárias no Brasil é um fenômeno do país a partir dos anos de 1980. Mas, ao contrário de outros setores do movimento popular, a confusão entre identidades afetou diretamente a constituição da forma organizada destes ativistas. Em rádios comunitárias, cabemos todos, com distintas motivações e projetos. A heterogeneidade é positiva, mas a falta de objetivo estratégico gera a profusão de posições mescladas.

Somos mais de 15.000 rádios, trabalhando com os dados do Ministério das Comunicações, somando a estimativa dos próprios ativistas de rádios. Neste montante, incluímos emissoras com outorga, com pedido de outorga, àquelas lacradas e apreendidas e também as rádios funcionando sem nenhuma garantia legal. Na média, uma emissora comunitária movimenta de 20 a 50 pessoas.


O problema termina sendo conceitual. As rádios comunitárias no projeto e na motivação é uma minoria dentro do contexto geral. A base das rádios é composta por radioamantes e não por militantes. Boa parte dos animadores de rádios tem compromissos e participação social em vários níveis. Daí a ser uma participação política no sentido do antagonismo de classe, vai um largo trecho.

Ainda assim, na estimativa mais modesta, o conjunto das rádios comunitárias movimenta a mais de 300.000 ativistas-comunicadores diretos. Estão na ponta da luta pela democracia na comunicação brasileira. Muitas vezes nem sabem onde se posicionam, e ganham maior consciência quando ocorre repressão da Anatel/Polícia Federal. Tipificando as emissoras de uma forma mais geral, temos:

- Rádios Comunitárias, mesmo não funcionando conforme o projeto, têm a intenção de funcionamento democrático
- Rádios Livres, emissoras que não estão em busca do amparo legal nem de recompor o tecido social. Ainda assim, tem importante papel ao confrontar o coronelismo eletrônico.
- “Picaretárias”, é a gíria empregada pela militância das rádios comunitárias para quando uma emissora de intenção comercial entra na brecha da lei, briga pela outorga, mas de fato funciona com todas as práticas das comerciais, e geralmente tem representantes políticos como seus padrinhos.

Aqui na radio A Voz do Morro acreditamos em um modelo de rádio comunitária voltado para a militância social e a comunidade, fortalecendo as iniciativas locais e a participação nas questões que digam respeito a comunidade.


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