Muito questionado, o cenário de bandas independentes da capital mostra boa formação musical e pouco espaço para divulgação e reconhecimento
Por Juliana Baldi e Isabella Sander
Observando a cena musical independente de Porto Alegre, percebe-se a diversidade de estilos, objetivos e percepções. Não há uma idéia definida sobre como este cenário se apresenta. Entre altos e baixos, as bandas não perdem a esperança: seguem sempre buscando seu espaço e reconhecimento.
Nesta edição, O Parcial conversou com as bandas de rock Outona, Estive Raivoso e o saxofonista de jazz Cláudio Sander, sobre suas visões e experiências.
Começando na estrada em abril de 2003, os integrantes da banda Outona: Bruno/baixo, Fagui/bateria, Dadau/guitarra base e Diza/vocal e guitarra solo, vivem uma nova fase. Mudando sua concepção musical, agora eles têm menos influência do punk rock e mais do hardcore e emocore. Atualmente o grupo gravou três canções de autoria própria e mais material está por vir. Sobre o cenário independente de Porto Alegre, a Outona encontra dificuldade para divulgar suas composições. “A cidade não ajuda muito. A gente vê que tem um pessoal que gosta, mas na hora do show as pessoas não vão. As bandas, entre si, também não têm uma amizade”, comenta Fagui. Segundo o grupo, quem busca reconhecimento precisa ir para outros lugares do Brasil, pois aqui não há uma cena bem desenvolvida.
Sobre os problemas enfrentados com a divulgação aqui na capital, o experiente jazzista Cláudio Sander fala sobre o cenário em relação ao seu estilo. “Encontram-se excelentes instrumentistas gaúchos no centro do país e nos principais países do mundo. Dá pra dizer que somos um pólo exportador de músicos, mas o mercado local não acompanhou essa evolução. Fora de Porto Alegre, praticamente inexiste circuito, e na capital gaúcha é ainda pequeno”.
O instrumentista de 49 anos, que tem influência da Jovem Guarda, bossa-nova, choro entre outros, começou sua história na música mais “formalmente” aos 20 anos, quando conseguiu um clarinete emprestado e aulas de graça no Instituto de Artes da UFRGS. Sander faz uma pequena crítica à forma que a imprensa trata a cena musical. “A grande mídia trata a música como um produto qualquer, como um sabonete que deve ter sua imagem atraente e o nome fácil de guardar. É um negócio que anda casado com a gravadora/distribuidora de CDs. Um produz e distribui, o outro divulga, e nesse meio-de-campo surge o famigerado jabá”.
Tocando um rock’n’roll misturando punk rock e rockabilly, a banda Estive Raivoso conta com os integrantes Xota/guitarra base, Bode/baterista/ Cabra/baixista, Judeu/guitarra solo e Marco/vocal. Eles têm músicas próprias, mas mantêm alguns covers de AC/DC, Jimi Hendrix, entre outros. “É difícil arranjar lugares com estrutura para tocar”, fala Judeu, quando perguntado sobre lugares de show em Porto Alegre. Eles reclamam da dificuldade de se arranjar uma gravadora, devido ao custo de se ensaiar e conseguir bons aparelhos.
domingo, 23 de setembro de 2007
O cenário que não se conhece
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