domingo, 23 de setembro de 2007

RBS: 50 anos

Osvaldo Biz – Jornalista. Professor da PUCRS.

O cinqüentenário da Rede Brasil Sul de Comunicações representa uma oportunidade ímpar para refletir sobre a mídia, em especial a eletrônica.


Dois são os instrumentos que regulam a exploração da mídia eletrônica: O primeiro, datado de 27 de agosto de 1962, quando o Congresso Nacional aprova a Lei Nº 4.117, institui o Código Nacional de Telecomunicações. Naquela oportunidade, o presidente João Goulart vetou 52 artigos inseridos no texto. Os representantes do povo derrubaram todos os vetos. Nunca na história do Brasil tal número de vetos foi rejeitado. Em seguida, já no período da ditadura, o Decreto-Lei Nº 236 de 1967 introduz mais algumas modificações, de acordo com os interesses do grupo militar que tomou o poder.

Estamos, então, obedecendo a um Código que tem 45 anos de existência e que precisa, urgentemente, ser modificado, uma vez que, na prática, contribuiu para termos hoje uma mídia monopolizada e oligopolizada, ferindo a democracia, já que a participação dos cidadãos na comunicação é um dos elementos constitutivos da liberdade, além de não cumprir o Artigo 220 §5º da Constituição que proíbe tal formação. Afinal, não só é perigoso um poder irrestrito do Estado como também um crescimento desenfreado das organizações da mídia no campo privado. A RBS atua no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina com 21 emissoras de TV, 26 emissoras de rádio, oito jornais e dois portais da Internet.

A interrogação de Roger Silverstone, ex-professor da London School of Economics and Political Science, a respeito da mídia é crucial: Não é suficiente perguntar o que ela faz por nós, mas o que nós fazemos com a nossa mídia? Esta pergunta é válida para o momento do cinqüentenário da RBS. Ainda cremos na neutralidade da mídia, sua imparcialidade e objetividade? Para Umberto Eco, a única neutralidade que ele conhece é o boletim metereológico. A comunicação é um bem público e universal. Enquanto as mudanças na legislação da mídia não chegam, urge denunciar os monopólios existentes, posicionar-se criticamente, uma vez que diante da Mídia não há lugar para a consciência ingênua.



Fonte: quemseatreveamedizer.blogger.com.br

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O cenário que não se conhece

Muito questionado, o cenário de bandas independentes da capital mostra boa formação musical e pouco espaço para divulgação e reconhecimento

Por Juliana Baldi e Isabella Sander

Observando a cena musical independente de Porto Alegre, percebe-se a diversidade de estilos, objetivos e percepções. Não há uma idéia definida sobre como este cenário se apresenta. Entre altos e baixos, as bandas não perdem a esperança: seguem sempre buscando seu espaço e reconhecimento.

Nesta edição, O Parcial conversou com as bandas de rock Outona, Estive Raivoso e o saxofonista de jazz Cláudio Sander, sobre suas visões e experiências.

Começando na estrada em abril de 2003, os integrantes da banda Outona: Bruno/baixo, Fagui/bateria, Dadau/guitarra base e Diza/vocal e guitarra solo, vivem uma nova fase. Mudando sua concepção musical, agora eles têm menos influência do punk rock e mais do hardcore e emocore. Atualmente o grupo gravou três canções de autoria própria e mais material está por vir. Sobre o cenário independente de Porto Alegre, a Outona encontra dificuldade para divulgar suas composições. “A cidade não ajuda muito. A gente vê que tem um pessoal que gosta, mas na hora do show as pessoas não vão. As bandas, entre si, também não têm uma amizade”, comenta Fagui. Segundo o grupo, quem busca reconhecimento precisa ir para outros lugares do Brasil, pois aqui não há uma cena bem desenvolvida.

Sobre os problemas enfrentados com a divulgação aqui na capital, o experiente jazzista Cláudio Sander fala sobre o cenário em relação ao seu estilo. “Encontram-se excelentes instrumentistas gaúchos no centro do país e nos principais países do mundo. Dá pra dizer que somos um pólo exportador de músicos, mas o mercado local não acompanhou essa evolução. Fora de Porto Alegre, praticamente inexiste circuito, e na capital gaúcha é ainda pequeno”.

O instrumentista de 49 anos, que tem influência da Jovem Guarda, bossa-nova, choro entre outros, começou sua história na música mais “formalmente” aos 20 anos, quando conseguiu um clarinete emprestado e aulas de graça no Instituto de Artes da UFRGS. Sander faz uma pequena crítica à forma que a imprensa trata a cena musical. “A grande mídia trata a música como um produto qualquer, como um sabonete que deve ter sua imagem atraente e o nome fácil de guardar. É um negócio que anda casado com a gravadora/distribuidora de CDs. Um produz e distribui, o outro divulga, e nesse meio-de-campo surge o famigerado jabá”.

Tocando um rock’n’roll misturando punk rock e rockabilly, a banda Estive Raivoso conta com os integrantes Xota/guitarra base, Bode/baterista/ Cabra/baixista, Judeu/guitarra solo e Marco/vocal. Eles têm músicas próprias, mas mantêm alguns covers de AC/DC, Jimi Hendrix, entre outros. “É difícil arranjar lugares com estrutura para tocar”, fala Judeu, quando perguntado sobre lugares de show em Porto Alegre. Eles reclamam da dificuldade de se arranjar uma gravadora, devido ao custo de se ensaiar e conseguir bons aparelhos.

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Homofobia no Judiciário?

A homofobia é perceptível no dia-dia em gestos considerados perfeitamente normais, em uma sociedade que tem em sua base a discriminação. No âmbito dos esportes, o futebol, modalidade tida como símbolo de virilidade entre os homens, o preconceito torna-se ainda mais evidente. Em agosto, um caso de preconceito ganhou espaço no cenário nacional: o jogador Richarlyson do São Paulo teve sua sexualidade exposta, após declarações ofensivas de José Cyrillo, um dirigente do Palmeiras.

A mídia sensacionalista exaustivamente tratou o caso, como se a expressão sexual de qualquer pessoa fosse de interesse público. Mas o que realmente impressionou foi a decisão do juiz Manoel Maximiano Junqueira Filho que arquivou a queixa-crime encaminhada pelo advogado do jogador contra o dirigente palmeirense, o juiz utilizou de argumentos homofóbicos para justificar sua sentença. Segundo ele se Richarlyson realmente fosse gay, deveria abandonar o esporte, que somente poderia ser praticado por heterossexuais. O magistrado será investigado pelo Tribunal de Justiça de São Paulo. Junqueira Filho está licenciado e foi afastado do cargo. A queixa-crime será julgada pelo Juizado Especial Criminal.

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